A Agricultura Biológica como alternativa para o modêlo Orgânico fracassado
A organização suiça FiBL, uma das mais antigas e sérias intituições de pesquisa sobre a agricultura orgânica, publicou em suas estatisticas de 2017, portanto atualizadas, que a Agricultura Orgânica ocupa hoje apenas 1,1 % das terras agricultáveis mundiais ( 4 ).
Esse dado, aliado ao fato de estarmos a apenas 6 anos de celebrarmos 100 anos da fundação desse movimento, quando Dr Rudolf Steiner ministrou o famoso Curso Agrícola em Koberwitz ( 9 ), demonstra um tremendo atestado de incompetência por parte do chamado Movimento Orgânico.
Quantos séculos mais teremos que esperar para que um sistema mais limpo de se fazer agricultura atinja numeros expressivos ?
Já tive a oportunidade de escrever sobre a verdadeira razão que motivou o surgimento do Movimento Orgânico, qual seja, a insatisfação de algumas pessoas, à época, com a progressiva diminuição do conteúdo nutricional dos alimentos ( 1 ).
Steiner, em 1924, já chamava atenção para o fato de que “durante as ultimas décadas, os produtos agrícolas, nos quais a nossa vida depende, degeneraram extremamente rápido” e conclui “ quantas décadas mais serão necessárias para que esses produtos se degenerem a tal ponto que não mais sirvam como nutrição humana “ ( 9 ). Essa foi a principal razão para que o Movimento Orgânico fosse criado.
Justus Von Liebig, em 1840, demonstrava de forma “científica” que as plantas requeriam apenas minerais para se nutrir e desenvolver e logo após, a engenhosidade alemã por meio de Haber, Premio Nobel de Quimica em 1918, e Bosch, Prêmio Nobel de Química de 1931, permitiram o homem acessar a Amonia/Uréia do Nitrogênio atmosférico, muito embora o interêsse principal fosse obter matéria prima para explosivos pouco antes da Primeira Guerra Mundial, já que os aliados interfiriam cada vez mais na importação de Salitre do Chile ( Nitrato de Potássio e Sódio ou Saltpeter ) pela Alemanha.
Também já escrevi sobre as tres ondas de sequestro que totalmente descaracterizaram o movimento original, que clamava por maior densidade nutricional dos alimentos ao invés de uma simples e suposta isenção de contaminantes químicos, que foram feitas pelas certificadoras, depois pelos govêrnos e por ultimo pela Academia, que se arvoraram a ser donas, gestoras e legisladoras desse movimento, de uma forma, até certo ponto, ditatorial, desvirtuando totalmente a principal razão que motivou a criação daquele movimento, qual seja o aumento da densidade nutricional dos alimentos ( 2 ).
Os moldes aos quais o movimento orgânico foi reduzido, devido ao constante e incessante acúmulo de regras absurdas e totalmente divorciadas da realidade, e no caso brasileiro, muitas das vezes até eivadas de preconceitos politico-ideológicos, fez com que ele não consiga mais progredir além dos ridículos 1,1% à nível mundial, apesar de exemplos louváveis como 22,69% das terras agricultáveis na Australia ( 4 ). O Brasil está abaixo da média mundial com cerca de, quando muito, 900 mil hectares agricultáveis convertidos ao sistema orgânico, que representariam de 0,8 a 0,9 % das terras agricultáveis brasileiras ( 5 ).
Estamos a 6 anos de completar 100 anos do nascimento do Movimento Orgânico e, convenhamos, os números apresentados até o momento não são muito encorajadores. O planêta não resistirá a toda essa incompetência por muito mais tempo. O nível de CO2 continua a subir exponencialmente e precisamos de medidas que tenham impacto planetário igualmente exponencial sobre todas essas Giga Tons Gás Carbônico acumulado na atmosfera.
Entretanto, está ocorrendo a nível mundial um renovado interesse na saúde do solo e na sua biologia, criando uma alternativa ao paradigma agricola reducionista e químico francamente alicerçado nos ditames acadêmicos oficiais que tem levado muitas terras a salinização, compactação, perda da matéria orgânica, perda da diversidade biológica e safras inconsistentes, numa síndrome constatada a nivel mundial. Esse novo movimento, francamente alicerçado na sustentabilidade, ultrapassa os restritos horizontes do movimento orgânico, e se oferece, com sucesso, como alternativa a agricultura ortodoxa quimicalizada, onerosa e poluente.
Grupos de agricultores sustentáveis começam a se formar expontâneamente até mesmo aqui no Brasil livres das amarras acadêmicas e oficiais e pelo mundo à fora. Chamo a atenção para um grupo americano denominado “Carbon Cowboys” liderados por Gabe Brown e inspirados pelas idéias do Dr. Ademir Calegari, ilustre conterrâneo, uma das maiores autoridades mundiais em Plantas de Cobertura anteriormente erroneamente chamadas de “adubo verde”.
O enfoque oficial acadêmico da fertilização química baseada em equações matemáticas fez com que a agricultura dependesse, cada vez mais, de fertilizantes químicos caros, que se traduzem em lucros cada vez menores aos agricultores e sempre acompanhados da sindrome acima descrita. Na verdade um estudo recente publicado na revista Nature, demonstrou que a produtividade de várias culturas na agricultura convencional atingiu um platô e, em vários casos, chegou até mesmo a declinar ( 3 ).
Alguns agricultores orgânicos mais radicais desprezam totalmente o enfoque mineral baseado na recuperação das Bases Trocáveis e outros parâmetros químicos do solo, como uma forma de recuperar a fertilidade perdida dos solos, mas talvez esse aspecto seja mesmo necessário, quase como um “mal necessário”, para que a biologia possa depois, então, prosperar e se desenvolver adequadamente.
Esse novo enfoque sustentável emergente, que interpreta o solo como um sistema auto regulável e auto estruturável no qual é a biologia quem regula o crescimento vegetal ao disponibilizar e entregar os nutrientes ao mesmo tempo que cria a sua integridade física, onde a micro vida pode se desenvolver e prosperar, não pode mais ser medido e avaliado pelas mesmas ferramentas e métodos de analise que aquilatavam o sistema oficial químico ( 6 ).
Esse novo paradigma exige novos métodos de avaliação. Testes e analises que avaliem a “saúde do solo” ou a sua biologia. Testes como Respiração Microbiana medida pelo CO2 liberado, Estabilidade de Agregados de Solo em água, Contagem de Minhocas (ou Oligoquetos para aqueles mais cientificamente inclinados), Massa fúngica e Massa Bacteriana, Contagem de Protozoários, Carbono solúvel em água e N-amino húmico solúvel em água e não os tradicionais parametros químicos usados até o momento pelos laboratórios de solo credenciados pela Embrapa, ou qualquer outra entidade oficial.
A enfase na biologia do solo representa menores gastos com fertilizantes químicos, melhorando a eficiência da nutrição por meio do aumento da relação planta-microrganismos do solo que reduz a lixiviação de nitratos, que melhora a qualidade do lençol freatico bem como o impacto no efeito estufa, diminuição de arações de solo desnecessárias, bem como a melhora da estrutura do solo, proporcionadas pelo crescente sequestro de Carbono no solo e não acima dele na visão também antiga e conservadora sobre o que vem a ser o verdadeiro “Sequestro de Carbono”.
Os agricultores sustentáveis tem usado muito a prática construtora de solos conhecida como “ Plantas de Cobertura” (antiga Adubação Verde), implementada pela comunidade orgânica dos anos 80 e 90, assim como o uso de pós de rocha e adição de microrganismos e outros aceleradores (Acidos Húmicos, Kelp, Compost Tea, EM, Bacsol, PSB, etc…) que ajudam na formação de Humus e agregados do solo. A Agricultura Orgânica Certificada proibe de forma absurda, imbecil e até certo ponto ditatorial vários desses produtos inócuos ao meio ambiente simplesmente devido a idéias e conceitos totalmente deturpados e distorcidos. Os acidos húmicos soluveis, no Brasil, seriam um bom exemplo do que acabo de dizer.
Essas práticas construtoras de solo são difíceis de serem quantificadas pelos métodos tradicionais de analises de laboratórios credenciados pelo govêrno, dentro do já conhecido paradigma “científico” coercitivo, uma vez que simplesmente não dispõe de ferramentas e parâmetros para aquilatar essas transformações dinâmicas que ocorrem no solo, mas que não obstante se valem do fato de serem eles quem determinam o que é certo e o que é errado com relação ao que eles mesmo chamam de “Ciências” do Solo.
Essa é mais uma vez em que a academia vai estar a reboque da realidade, como em tantas outras vezes. Laboratórios pioneiros como Brookside Labs ( www.blinc.com ) e Wood End Labs ( www.woodsend.org ) possuem pelo menos 5 diferentes tipos de analises que permitem aos agricultores avaliarem os seus respectivos progressos com relação a melhoria da qualidade e da saúde dos seus solos.
Digno de nota seria o kit SOLVITA (http://solvita.com) que analisa a qualidade do composto, estercos e a atividade microbiologica dos solos na sua própria fazenda sem depender de laboratórios, envios por correio, etc… e que está se tornando um padrão de analise dentro dessa comunidade de agricultores sustentáveis nos EUA.
No Brasil ele pode ser adquirido em www.damattaflorestal.com.br
Um fato interessante nesse novo enfoque de como se fazer agricultura é o reconhecimento da contribuição dos animais como fator sinergistico para a produção agrícola e para os solos, sem mencionar o grande benefício que é ter animais não estressados consumindo forragem de qualidade e dessa forma contribuindo muito para a saúde animal e para a nutrição das pessoas.
Todo um Universo escondido embaixo dos nossos pés
O papel que as raízes desempenham na construção do solo é muito mais extenso e importante do que anteriormente se imaginava. A massa das raízes espelha mais ou menos o que se vê acima da terra. Liebhardt (7 ) diz que as raízes de uma simples planta pode explorar até 5.66 m3 de solo. Entretanto, modelos matemáticos de analises de solo convencionais levam em consideração que as raízes das plantas exploram apenas 0,28 m3 de solo. Ou seja, essa visão errônea irá determinar um uso maior de fertilizantes, aumentando o custo de produção.
Vários novos esforços e estudos tem sido feitos para tentar demonstrar melhor o papel das raízes na nutrição das plantas e mostraram que uma única planta pode ter vários kilometros de extenção de raízes se emendadas ponta-a-ponta, e se calculadas em tres dimensões essas mesmas raízes podem ter uma superficie de absorção biológica de vários campos de futebol.
E se as plantas podem exercer influência sobre o solo, o oposto também é verdadeiro já que um estudo canadense demonstrou que uma única planta de cevada tinha 1,3 m3 de raízes para cada 0,028 m3 de solo pobre,mas teve 14 m3 de raízes para a mesma quantidade de solo razoável e 24 m3 de raízes para a mesma quantidade de um solo saudável. Por esse simples experimento já dá para ver que as plantas com as suas raízes tem o poder de explorar cada mm3 de solo mas só o fará se esse assim o permitir. Ainda há muita coisa por vir desses estudos de rizologia e rizometria. O futuro é bastante promissor.
No estudo da fertilidade química do solo tradicional toda a Matéria Orgânica ( M.O. ) é reduzida a cinzas e expressa na forma de % de M.O., sem levar em consideração os seus diversos componentes, mas sabe-se que a M.O. do solo divide-se em tres grandes componentes, que contém em média o seguinte : Humus 85%, Raízes das plantas em decomposição 10% e Organismos Vivos 5%. Convenhamos que a quantidade de Carbono nas cinzas, por sí só, não nos dá nenhuma informação relevante com relação aos seus multiplos componentes.
Os 5% de organismos vivos dividem-se ainda ( segundo estudos realizados em solos americanos) em 40% de algas e fungos, 40% de Bactérias e Actinomicetos e 20% de animais que habitam o solo como minhocas, colembolos, etc… ou seja a fração superior do Soil Food Web.
A Ohio State University, nos dá a seguinte distribuição em um hectare de solo que tenha 7.7 tons de M.O.
- Nematóides – 40.4 kg/ha
- Protozoários – 50 kg/ha
- Algas – 150 kg/ha
- Fungos – 2.000 kg/ha
- Actinomicetos – 2.500 kg/ha
- Bactérias – 2.750 kg/ha
Todos esses organismos estão vivendo, respirando e produzindo CO2. Embora o ar atmosférico contenha em média 400 ppm de CO2, mesmo com o efeito estufa, esse nível é ainda baixo, sob o ponto de vista de diversas culturas em desenvolvimento.
O trigo absorve até 123 kg de CO2/hectare/dia e o Milho até 450 kg de CO2/hectare/dia. Na parte superior do solo próximo a superfície ( Top Soil ) a concentração de CO2 pode atingir até 4.000 ppm. Entre o solo e a parte aérea ese nivel pode variar de 500 a 1.500 ppm de CO2.
Em solos com altas taxas de respiração, ele pode proporcionar até 100 kgs de CO2/hectare durante a fase vegetativa da cultura.
Dessa forma, testes que possam avaliar a respirometria do solo, bem como as suas frações de Nitrogênio tanto amoniacal quanto nitrico são sempre benvindos.
Do exame atento da Figura 1., podemos ter a absoluta certeza que o aumento da M.O. é o que ira tornar as colheitas estáveis e previsíveis. Essa realidade, o atual status-quo técnico-científico não pode nos garantir em hipótese alguma.
Figura 1. Relação entre a Biologia do Solo e a produtividade na ausência de qualquer fertilizante químico
O Fósforo não precisa ficar fixado indefinidamente
Uma outra grave e séria desvantagem dessa visão quimicalizada da fertilidade do solo é o fato de recomendarem a adição de fósforo todos os anos, sem levar em consideração o estoque fixado e a sua possível liberação via atividade microbiológica do solo. Embora seja verdade que o P seja rapidamente fixado, em alguns casos, especialmente quando existem Cálcio e Ferro em quantidades razoáveis, tornando-o indisponível as plantas, também é igualmente verdade que o P esteja em permanente movimentação devido as forças de equilíbrio.
Nessa dinâmica do P no solo ele é constantemente liberado do material de origem do solo, ocorrem absorção e desorção, dissolução e precipitação, mineralização e absorção pelas raízes das plantas, mineralização e imobilização no Humus e lixiviação. E a maior prova disso é que varias regiões e corpos dágua no EUA já se encontram altamente poluidos pelo excesso de Fósforo.
O que é mais surpreendente é que, alguns solos, podem conter de 1.300 a a 2.800 kg de Fósforo por hectare e os microrganismos podem mineralizar de 25 a 45 kg de P por hectare/ano e as plantas só precisam de 0.3 a 0.8 ppm de fósforo, ou até menos, na solução do solo a qualquer determinado momento ( 6 ). Então, porque continuar fertilizando com Fósforo, entra ano e sai ano.
Foi esse tipo de atitude que fez com que Albert Einstein criasse a sua própria definição de idiotice ou de idiota. Segundo ele, idiota é a pessoa que faz sempre a mesma coisa, mas espera sempre um resultado diferente.
Recente trabalho realizado por Kettering na Cornell University demonstrou que embora os solos sejam capazes de fixar o P prontamente, essa propriedade é limitada. Uma vez que todos os sitios do solo estiverem saturados devido aos valores finitos de Calcio. Aluminio e Ferro, que se ligam ao P, este começará a lixiviar para fora do solo atravez do pool de Fósforo solúvel, excedendo as previsões.
Países como os EUA estão tendo problemas de poluição por P ( Ex: crescimento excessivo de algas no Grandes Lagos) porque essa capacidade de fixar o Fósforo já está quase saturada devido a décadas de uso de Fertilizantes Fosfatados, mesmo que as analises de solo continuem a demonstrar que a adição de Fósforo seja necessária.
A Dinamarca está com uma legislação bastante restrita com relação ao uso de Fósforo, porque seus solos já passaram do ponto de saturação e a e analises de solo feitas pela Universidade do Maine por Bruce Hoskins demonstraram que os níveis de fósforo estão perigosamente elevados devido ao uso excessivo de esterco e fertilizantes fosfatados.
O laboratório Wood Ends está trabalhando em uma nova analise para medir o fósforo biologicamente disponível.
A nova e verdadeira Ciência dos Solos
Manejar os solos de forma correta em todos os sentidos, quer seja de forma orgânico ou convencional fará com que a atividade biológica do solo seja aumentada, assim como o CO2 ao nível do solo, acumulação de N-orgânico, melhor ciclagem dos minerais, bem como a saúde vegetal e animal.
Os laboratórios de solo podem integrar a biologia do solo em seus procedimentos regulares, como por exemplo a University of Maine Soil Testing Lab que oferece analises da biologia do solo. O laboratório Wood Ends já tem 25 laboratórios pelos EUA que oferecem analises de Respirometria do Solo para aumentar a conciência sobre a importancia da biologia do solo
A analise de solos do Wood Ends integra tanto os nutrientes minerais quanto as analises biológicas para chegar a um índice de Saúde do Solo. A idéia central é baseada em 5 fatôres : Respiração do Solo, Amino-N, Carbono solúvel em agua, Estabilidade dos agregados e Matéria Orgânica e chega a um indíce final para a fertilidade, que é uma combinação da Saúde Solo com valôres mínimos de N-biológico disponíveis e P e K relativos. As recomendações para a fertilização levam em consideração os valôres existentes de nutrientes do solo, as necessidades da lavoura e a probabilidade de uma resposta positiva ao N adicionado. Também sugere recomendações de Plantas de Cobertura bem como adições de calcário.
É sempre bom lembrar que todos esses niveis flutuam de acordo com a época do ano e, portanto, devemos sempre observar a amostragem sempre na mesma época do ano.
Como pratica construtora do solo, até o momento não apareceu nada melhor que as Plantas de Cobertura. Essa técnica quando usada com multiplas espécies, o chamado Coquetel, exerce um efeito quase que milagroso e bastante dificil de ser quantificado porque são diversas espécies com diversos sistemas radiculares que atingem profundidades diversas e que exibem abrangências de solo distintas, e que abrigam diferentes comunidades de microrganismos incluindo as importantíssimas micorrizas que ampliam em até 100 X a área de abrangência da rizosfera, e que, o mais importante, estão constantemente secretando exudatos radiculares para alimentar toda essa comunidade microbiana do solo. Algumas plantas chegam a exudar mais de 50% de todo o materail fotossintetizado para as raízes, como é o caso do milho.
É esse material, também chamado de Carbolo liquido que permite com que os microrganismos formem os agregados do solo, fixem carbono e produzam acidos humicos e fúlvicos, bem como moléculas altamente recalcitrantes como a Glomalina que permanecerão no solo por séculos, ajudando ainda mais na importante tarefa de fixação de carbono no solo.
Estudos de longo prazo comparando as duas fontes, esterco e composto, demonstraram que o esterco aumentou ligeiramente a microbiologia do solo em comparação ao composto, mas por outro lado o composto produziu maior quantidade de humus estável no solo. Entretanto, quando o esterco é comparado a compostos feitos com material vegetal , ele se mostrou superior na sua capacidade de formar humus estável. Alguma coisa com relação ao tipo de proteína que existe no esterco permite a formação de estruturas coloidais mais estáveis.
Com relação ao pH do solo, na medida em que o teor de M.O. aumenta ele tem uma maior tendência a se estabilizar, principalmente se a fração fungica do solo, que a é a fração que tem a capacidade de reter o Cálcio, estiver presente. Contudo, as plantas tenderão a acidificar o solo com o passar do tempo e adições periódicas de Cálcio ( e de Magnésio se for preciso) poderão ser necessárias.
Resumindo, o modêlo agrícola conhecido com Agricultura Orgânica fracassou ao levar quase um século para atingir apenas 1,1% da area agricultável do planêta. Entretanto, a idéia original que gerou o Movimento ainda pode ser resgatado se incluirmos conceitos novos da Agricultura Biológica o que irá acelerar o sequestro de carbono no solo tão necessário para se contrapor ao aquecimento global.
Para tanto, é preciso reconhecer que a Agricultura Convencional criada por Justus Von Liebig em 1840, calcada em cima de um sistema super simplificado de nutrição mineral exclusivamente, não mais atende as necessidades básicas dos agricultores, e o que é pior, é empurrado “goela abaixo” dos agricultores por força de decretos e leis que só beneficiam fábricas de fertilizantes químicos, de uma forma totalmente ditatorial e coercitiva. Essa visão míope prevaleceu na Agronomia pelos ultimos 178 anos.
A visão oficial, até certo ponto estupida, precisa ser melhorada usando-se corolários biológicos que incluam o poder auto regulatório dos microrganismos e das plantas, no qual é o solo é quem alimenta as plantas.
Os agricultores precisarão pressionar o atual status-quo acadêmico científico e exigir que os laboratórios de analise desenvolvam analises de solo de melhor qualidade. Para tanto, deverão ter a necessária coragem para abolir do seu vocabulário palavras como Embrapa e MAPA, ou qualquer outra agencia regulatória que queira exercer seus poderes ditatoriais impondo o que acham ser o certo e o que é errado. Esses senhores já tiveram 178 anos para insistir na sua insanidade e, portanto, não podemos lhes dar nem mais um dia sequer de prazo.
A nossa visão em restabelecer a fertilidade dos solos deve estar, como diz Brinton do Wood Ends, “calcada no melhoramento da vida do solo e depois, dar um passo atrás e deixar as coisas acontecerem por sí só “ ( 6 ).
José Luiz M Garcia
Janeiro de 2018
Referências
- Garcia, J.L.M.(2015) O Papel da Agricultura na Nutrição Humana, Instituto de Agricultura Biológica,
- Garcia, J.L.M.( 2003) O Sequestro da Agricultura Orgânica, Curso Teórico e Prático de Agricultura Biológica, Sitio Catavento, Itupeva- S.P.
- Seufert, V; N. Ramankutty & J.A.Foley (2012) Comparing the yields of Organic and Conventional Agriculture, NATURE 485, 229-232, 10 May 2012.
- Willer, Helga & Julia Lernoud (2017) Organic Agriculture Worldwide 2017: Current Statistics, Research Institute of Organic Agriculture (FiBL), Frick, Switzerland. http://orgprints.org/31197/1/willer-lernoud-2017-global-data-biofach.pdf
- Laurindo, Marcelo ( 2016) Comunicação Pessoal. Reunião da CPOrg.
- Brinton, Will (2017) Rebirth of a Movement, Maine Organic Farmer & Gardener, pag. 28-29, Aug. 2017.
- Liebhardt, William ( 2014) Moving beyond the soil test, Renewable Agriculture and Food Systems 29 (3): 189-191.
- Garcia, J.L.M. (2016) O Mundo Embaixo dos nossos pés, Instituto de Agricultura Biológica
- Steiner, Rudolf (1993) Spiritual Foundations for the Renewal of Agriculture ( a Course of Lectures held at Koberwitz, Silesia, June 7 to June 16, 1924) , Byo-Dynamic Farming and Gardening Association, Pennsylvania, 310 pgs.
A teoria de aquecimento global e efeito estufa realmente não faz sentido algum. O resto é muito bom e aplicável ! Estamos caminhando.
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Agora fiquei na dúvida se você está falando em nome da Agricultura Orgânica.
Qual seria o “resto bom e aplicável “?
Attn
José Luiz
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