DEZ RAZÕES PARA ABRAÇAR ESSA IDÉIA
O fracasso da Agricultura Orgânica em conseguir aumentar a área plantada no mundo acima dos ridículos 1,1% ( 1 ) em quase 100 anos de existência, fez com que os agricultores mais progressistas se cansassem de esperar por essa via e buscassem novas alternativas de modelos tecnológicos agrícolas que também respeitassem o meio ambiente.
Inconformados com o fraco desempenho do modêlo orgânico e suas outras vertentes, como agroecologia, agroflorestal, biodinâmica, sintrópica, etc… e não querendo igualmente se engajar na constante destruição do meio ambiente, via agricultura convencional suicida, buscaram esses produtores uma forma de resgatar a idéia original dos fundadores da agricultura orgânica que era a de produzir alimentos de maior valor nutritivo que realmente servissem para nutrir as pessoas, e não, e tão somente, uma suposta isenção de contaminantes químicos, numa época em que a ciência já demonstrou ser essa pretenção praticamente impossível após o advento do glifosato, que hoje está omnipresente (no solo, na agua e no ar) em praticamente todo o planeta ( 2, 3 ).
Desse inconformismo, com ambas correntes de pensamento, foi que surgiu a BioAgronomia ou Agricultura Biológica como uma terceira via que visa além da redução de custos, a sustentabilidade, o respeito ao meio ambiente, a isenção de contaminantes até aonde for possível, a melhoria da qualidade e também a densidade nutricional de frutas e grãos, garantindo dessa forma uma melhor nutrição a todos, o que deveria ser o objetivo maior da produção de alimentos.
Entretanto, existem razões de sobra para abraçarmos a idéia de uma nova agricultura biológica ou BioAgronomia, o que agora passamos a enumerar ( 4 ).
Razão Número 1. O atual modelo químico agrícola atual preenche tranquilamente a definição de insustentabilidade, ou seja, cada vez mais produtos químicos são usados por ano e mesmo assim a pressão de insetos e doenças aumenta ano a ano ( Em 2016 foram usados 1,1 milhões de toneladas de produtos químicos ).
Razão Número 2. Um índice razoável da medida do sucesso de uma sociedade seria o status da saúde das suas crianças. Em um recente estudo americano, que involveu 1.400 escolas infantis, as crianças foram monitoradas para a presença de 13 dos produtos químicos mais utilizados na agricultura. Para horror dos pesquisadores, todas as crianças tinham niveis inaceitáveis de todos aqueles 13 produtos químicos agrícolas.
Razão número 3. A recente tendência em todas as avaliações da vida do solo, revelou uma dizimação de organismos-chave presentes no solo que incluem minhocas, protozoários, digestores de celulose, fixadores de nitrogênio, solubilizadores de fósforo, e vários organismos responsáveis pela solubilização e entrega de nutrientes,
como micorrizas, devido a ação do glifosato, entre outros.
Razão Número 4. A baixa fertilidade do solo significa uma nutrição pobre para os animais e para as pessoas ( Relatório da OMS recente ). A disponibilização dos minerais do solo é uma função do equilíbrio mineral e biológico.
Razão Número 5. A Agricultura Convencional é o maior contribuidor para a produção dos gases que causam o efeito estufa, incluindo 25% da produção mundial de CO2, 60% do metano e 80% do óxido nitroso ( que é 310 vezes mais poluente que o CO2 ).
Razão Número 6. Se o mundo fosse capaz de reduzir em 100% as emissões de CO2 amanhã, então em 200 anos o nosso nível atmosférico voltaria aos níveis de 1975 (que ainda seriam muito elevados). Nós estamos acorrentados em um modo de auto destruição e a única salvação possível seria por meio da própria Agricultura.
Razão Número 7. Créditos de Carbono devido ao aumento de Humus no solo são uma necessidade urgente. O aumento do ter de Humus do solo em apenas 1% nos solos americanos, por exemplo já contribuiria para a remoção de 4,5 bilhões de toneladas dos 8 bilhões de toneladas geradas anualmente pelos EUA.
Razão Número 8. A formação de Humus no solo é um processo biológico, de modo que qualquer ação ou medida que tenha impacto prejudicial nessa formação será considerada como inaceitável a um determinado ponto, e isso incluiria o plantio convencional entre outros.
Razão Número 9. Um sistema agrícola baseado no petróleo e seus derivados (fungicidas, inseticidas, herbicidas, fertilizantes e diesel) tem um prazo de validade bem definido, na medida em que os preços do petróleo continuem a subir indefinidamente. Agricultores mais inteligentes já reconheceram a necessidade de reduzir a sua dependência da petroquímica, reduzindo dessa maneira os seus custos.
Razão Número 10. A paixão pela sua profissão e atividade escolhida, realmente não tem preço. Duvido que alguem, em sã consciência, se sinta inspirado ou gratificado pelo constante envenenamento do seu ambiente de trabalho e do alimento que está sendo produzido. Hoje em dia não existe mais espaço para nenhum tipo de paixão pelos venenos.
É preciso que govêrno e governantes sejam convencidos da necessidade de se usar a verdadeira ciência e a tecnologia para desenvolverem com urgência uma metodologia que possibilite a avaliação do aumento da quantidade de humus gerado no solo com a finalidade de monitoramento desse nível e assim fazendo, do grau de eficiência desses mesmos agricultores em fazer uma agricultura que respeite a natureza e, se for o caso, premiar aqueles que trabalham pelo seu constante incremento.
Os agricultores mais conscientes mereçem, sem sombra de dúvidas, ser remunerados por esse trabalho de auxílio a Natureza e redução dos níveis de carbono atmosférico com base na formação de Humus no solo.
Nesse aspecto ajudaria muito a leitura do artigo “O Mundo sob o nossos pés” também disponível nesse mesmo blog em : https://institutodeagriculturabiologica.org/2016/12/07/o-mundo-embaixo-dos-nossos-pes/
Hoje sabemos que é o Humus do solo quem teria essa capacidade regenerativa de fixar todo esse carbono que foi liberado pela queima desses estoques gigantescos de “ fotossíntese pré-histórica ”, como o saudoso Jerry Brunetti gostava de dizer ( 5 ), representada pelos combustíveis fósseis e dessa forma a produção de Humus, via atividade microbiológica do solo, seria a principal ferramente de que dispõe o agricultor para ajudar o planeta nesse esforço de recuperação ambiental.
Em outras palavras, a solução para o nosso maior problema ambiental, isto é, efeito estufa provocado pela liberação de CO2 , e demais gases, bem como a diminuição de nitrogênio que está acidificando o nível dos mares, reside na própria Agricultura.
A Austrália é um país muito progressista. É talvez o lugar onde exista menos restrições a qualquer tipo de pensamento e de idéias e, talvez seja por isso , que foi lá onde a agricultura orgânica tenha atingido o seu maior nível de aceitação ( 23% das áreas da Australia já são manejadas orgânicamente ).
Foi lá que a Dra. Christine Jones desenvolveu um sistema para acreditação de carbono no solo, para fins de obtenção de créditos referentes a esse sequestro de carbono ( 6 ). Já estaria mais do que na hora de conhecermos melhor esse sistema e tentar adapta-los às nossas condições.
Produzir alimentos limpos, com maior densidade nutricional, e ainda por cima aumentar o teor de Humus no solo, deveria ser o objetivo de qualquer sistema agrícola no presente e no futuro, independente do rótulo.
José Luiz M. Garcia
Maio de 2018
Referências
1. Willer, Helga & Julia Lernoud (2017) Organic Agriculture Worldwide 2017: Current Statistics, Research Institute of Organic Agriculture (FiBL), Frick, Switzerland. http://orgprints.org/31197/1/willer-lernoud-2017-global-data-biofach.pdf
2. Garcia, José L.M. ( 2017 ) GLIFOSATO. Tudo que você sempre quiz saber mas tinha receio de perguntar, https://institutodeagriculturabiologica.org/2017/01/19/glifosato/
3. Samsel, A. & S. Seneff. (2013) Glyphosate, pathways to modern diseases II: Celiac Sprue and gluten intolerance, Interdisciplinary Toxicology, Review Article.
4. Graeme, Sait (2017) Nutrition Farming, Certificate in Nutrition Farming, Saint Pete, Florida, December 2017.
5. Brunetti, Jerry ( 2014 ) The Farm Ecosystem. Tapping Nature’s Reservoir- Biology, Geology, Diversity, Acres USA, 335 pgs.
6. Christine Jones ( 2007 ) Australian Soil Carbon Accreditation Scheme, ‘Managing the Carbon Cycle’ Katanning Workshop 21-22 March 2007 http://www.amazingcarbon.com
Um artigo importante, boa linha de raciocínio. Me faz relatar que agricultores e alguns poucos profissionais vem promovendo e realizando em todas regiões do Brasil, agricultora biológica, na prática e em larga escala. A trilogia remineralização do solo com pó de rocha, aplicação de produtos biológicos (multiplicados na propriedade) e utilização de plantas de cobertura (principalmente coquetel), estão revolucionando a agricultura, adequando-a o termo sustentabilidade, pois vem promovendo aumento da rentabilidade na ordem de 15 a 40% (adequando economicamente), minimizando ou eliminando aplicação de produtos agroquímicos (adequando ambientalmente) e promovendo a geração de empregos e qualidade de vida no campo (adequando socialmente). Embora ainda ocorra a necessidade de aplicação de agrotóxicos, a mudança de paradigma para uma nova agricultura já está em curso!
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Caro Daniel Mol,
Já tinha observado essa tendência e fico satisfeito por saber desse interesse dos agricultores pela Agricultura Biológica.
Eu estimo que esse estilo de agricultura, focado nessa Trilogia como você colocou muito bem, esteja sendo praticado em
cerca de 10 milhões de hectares, atualmente no Brasil.
Dai, a primeira pergunta seria a seguinte : Quem está defendendo mais o meio ambiente com a retirada de milhares de
toneladas de veneno ? A Agricultura Biológica ou a Agricultura Orgânica com os seus 900 mil hectares no Brasil ?
Isso já nos dá uma idéia da importância desse novo segmento. Ele já superou o movimento orgânico e merece todos os créditos
de bemfeitor do meio ambiente. Ou seja, essa bandeira já não mais pertence aos orgânicos.
Entretanto, eu gostaria de ressaltar que a Agricultura Biológica, a qual eu me refiro, tem vários pontos em comum com a
Agricultura Biológica praticada no Brasil que está, como você mesmo enfatizou, calcada nessa trilogia do Pó de Rocha +
Biológicos + Cover Crops de multiespécies (Coquetel).
Essa “receita” funciona e muito bem, mas poderia funcionar ainda melhor se, como eu preconizo, inclui-se os conceitos do
que os americanos chamam de Biological Agriculture criados pelo Dr Carey Reams nos idos das décadas de 50 até 80.
Se inclui-se os conceitos, válidos até hoje , da correção do solo, não na visão míope da academia de apenas corrigir o pH,
mas sim proporcionar ao solo e as plantas todas as bases, Ca, Mg , K e Na, na proporção adequada, além é claro de dar
o devido valor ao Fósforo e ao Enxofre e demais micronutrientes, criados pelo Prof.Dr. William Albrecht.
A Biological Agriculture pretende não apenas fazer uma agricultura autosustentável e mais limpa,
mas sim resgatar o movimento que gerou a agricultura
orgânica, isto é, a produção de alimentos limpos porém com maior densidade nutricional pois alimentos foram criados para alimentar
pessoas e animais e não para virar moeda de troca, ou seja, commodities.
O que a Biological Agriculture preconiza é a produção de alimentos de elevado Brix, que irão alimentar melhor as pessoas e, de quebra,
gerar plantas naturalmente fortes que irão repelir pragas e doenças.
E isso vai um pouco mais além da já conhecida e famosa trilogia.
Esse tipo de agricultura implica na medição semanal dos teores de Brix, Nitratos, Cálcio, Potássio , Magnésio, Condutividade Elétrica
na seiva das plantas e algumas vezes até no solo. Implica em monitorar a zona aeróbica do solo e tentar aumenta-la com o auxilio,
ai sim, de alguns biológicos de preferência que seja anaeróbicos e/ou facultativos, como Rhodopseudomonas sp.
Implica em monitorar não o nível de HUMUS no solo e não de “Matéria Orgânica” do solo avaliado pelo Bicromato ou
pela calcinação, que não consegue distinguir
entre uma molécula de substancia humica ( humico, fulvico e humina) e simplesmente um sabugo de milho ou uma folha seca.
É a Agricultura que coloca os acadêmicos de saia justa. Que questiona. Que joga na cara deles todas as suas contradições e
bizarrices repetidas “ad nauseam” desde 1840 por Justus Von Liebig. Que mostra a eles que, por mais que insistam em dar
o nome dos seus departamentos de “Ciência do Solo”, a verdadeira ciência passou muito longe daqueles lugares.
Sim, é uma verdadeira revolução.
E como em todas as revoluções certamente cabeças irão rolar. Não há como contemporizar nesse caso.
A ciência está do nosso lado. A natureza também. Vamos seguir adiante.
Atenciosamente
José Luiz M Garcia
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Errata
Onde se lê : “implica em NÃO monitorar o nível de humus e não o nível de matéria orgânica…””
Leia-se: “implica em monitorar o nível de humus e não o nível de matéria orgânica …”
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Drº José Luiz, acho fantástico Vossa linha de pensamento, ao qual já se materializou e consolidou por intermédio de Vossos trabalhos. Já estou iniciando alguns manejos biológicos no meu cultivo, com expressivas melhoras, gostaria de saber quando o senhor vai disponibilizar estas matérias na prática através de cursos ou livros ou apostilas. Gostaria muito de me aprofundar, lá no fundo mesmo, tenho plena certeza deste caminho biológico, pois este grande projeto que é o planeta terra, teve um Grandioso Projetista, e Ele é um Grande Biólogo.
Grande abraço ao Srº Drº José Luiz.
Marcos Soares
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Caro Marcos
Obrigado pelas palavras incentivadoras.
Eu pretendo dar um curso ainda esse ano. Será um curso de 2 dias.
Sobre a apostila, se for bem feita, dará o mesmo trabalho que escrever um livro, portanto, eu penso mesmo em escrever
um livro também até o final desse ano.
Assim que eu tiver uma data eu posto aqui no blog para que todos possam tomar conhecimento.
Um grande abraço
Jose Luiz
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Bom dia,
Cheguei nesse site meio por acaso e estou achando os princípios bastante interessantes. Sou doutor em Ecolinguística, mas pouco entendo da terra e suas necessidades. Tenho dois alqueires “orgânicos” em Caconde/SP, que estou tentando recuperar pois era mais um abominável pasto ressecado e pisoteado por essa burrice de criar gado solto em montanha.
Meu nível de dificuldade, no entanto, é bem mais complexo. Não tenho assistência técnica de ninguém. O tal CATI que nos atende, faz tudo menos “atender”. Ninguém se interessa nem dá resposta. Conseguir um trator é uma odisseia, ninguém quer trabalhar na colheita do café, e depois “quando chove”…! Conseguir qualquer tipo de fertilizante é quase impossível. tenho de trazer de SP ou Campinas. Aqui só se interessam por Roundup como panaceia. Estou cercado por gente ignorante e desinteressada por todos os lados. Em suma: adoraria colocar em prática esses ensinamentos, pois estou tentando desenvolver um pomar de frutas exóticas para servir como laboratório produtivo, em uma terra onde a laranja que se consome vem de Campinas a 200km daqui! (+ a distância da produção). No entanto, o nível de dificuldades é muito, mas muito maior do que ter acesso aos excelentes princípios que tenho lido aqui. Quero fazer adubação verde, mas é impossível encontrar sementes. Fica então a pergunta: o que fazer em uma situação dessas? Sem algum tipo de apoio ou uma cooperativa, ou o que for, é praticamente impossível, ao menos para mim, sair do zero absoluto de resultados. De resto, excelente o trabalho de vocês!
Dr. Roberto Lestinge
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Caro Roberto,
Boa Noite.
Mesmo não sendo esse o objetivo desse blog, isto é prestar consultoria técnica, eu gostaria de lhe repassar algumas informações que creio ser pertinentes a sua presente situação.
A região no qual o município de Caconde está localizado fica próximo, geograficamente falando, a região mineira de Gonçalves onde já temos um grupo bom de produtores orgânicos trabalhando em vários projetos. Talvez fosse interessante estabelecer um contato com esse grupo que tem gente da melhor qualidade. Caso tenha interesse, por favor, me cobre e eu lhe informo algumas pessoas lá. Um deles é Agrônomo com Mestrado em Agricultura Orgânica. Excelente pessoa e excelente profissional.
Com relação a fertilizantes você teria que fazer um trabalho de garimpeiro na sua própria região e descobrir na medida do possível fontes de podas de arvores de prefeitura, para fazer composto fúngico e com material ramial ( que é considerado o melhor ), Pós de pedra basaltica ou até de outro tipo, como fonte de silício, estercos de cavalo, gado, galinha e frango, etc… Serrapilheira e/ou serragem também seria bom.
A CATI finge que dá assistência mas em contrapartida o estado finge que paga um salário decente. Não sei, até agora quem está mais errado.
Depois disso, é tentar configurar o seu sítio de 4,8 hectares ( 2 alqueires paulistas) em areas aproveitáveis para o cultivo. Isso é feito com bom senso. Você não precisa da CATI para isso. Se tem areas de baixada tente separa-las em areas mais ou menos homogêneas e com as mesmas características e medi-las. Areas em declive, da mesma forma. Depois de separar os talhões resta medi-los e analisa-los. A analise de solo será o seu ponto de partida para iniciar a sua forma de trabalhar essa terra.
Eu recomendo o IBRA que cobra cerca de R$ 45,00 por analise mas que são confiáveis. Peça “Analise Química de Macros e MIcros + Enxofre + Sódio e Fosforo Total “. As analises da CATI valem quanto custam. Não custam nada mas em compensação não valem nada. Mas pode ser qualquer outro laboratório sério como LABORSOLO no Paraná.
As amostras de solo é que precisam ser coletadas de acordo porque está se analisando uma quantidade bem pequena de um volume de solo bem grande, o que diminui a representatividade da amostra. Evitar estradas antigas, currais antigos, etc… Peça a alguém que proceda a essa tarefa para você. Colete uma amostras na profundidade de 20 cm de solo.
Essas áreas de montanha tem “personalidade” própria. Eu gosto bastante. Melhor que milhares de hectares no Brasil Central todos planos e impossíveis de serem identificados sem o auxilio de um GPS.
A lida com a terra é o que significa a palavra “Agri cultura”. A cultura é o que é passado de geração a geração e o que nos identifica como humanos.
Hoje esse processo é descaracterizado pelo chamado “Agro Negócio” e quem sofre com tudo isso, sem falar nos outros aspectos nefastos, é justamente a cultura.
Uma vez analisados os talhões, aí então, começaria o trabalho propriamente dito. As sementes das Cover Crops ( antiga Adubação Verde ) ou Culturas de cobertura, não precisam ser sementes fiscalizadas. Qualquer semente que germine estaria OK. Eu, por exemplo, compro as minhas sementes de girassol na zona cerealista em São Paulo. Para sementes de sorgo, você tem o IAC ( por intermédio do da FUNDAG) ou até mesmo a CATI em Campinas teria sementes baratas. Sementes de capim, de preferência a firmas idôneas pelo fato de terem alto Poder Germinativo e Valôr Cultural (VC) que é uma forma técnica e educada de dizer que a semente não está fraudada e chocha.
Lembre-se que a “Lei da Conservação da Matéria” ainda está valendo embora algumas pessoas queiram “revoga-la”. Me refiro ao pessoal da chamada Agricultura Sintrópica (nome bonito) e agora sua nova ramificação a Agricultura Regenerativa.
Não se pode criar nada a partir de nada. Ponto. É simplesmente contra a lei da Conservação da Matéria. Ai vai um conselho: Não caia nessa armadilha.
Essa é a maior armadilha desse sistema. A possibilidade de fazer algo partindo do nada é pra lá de boa e é por isso que atrai tantas pessoas que não conhecem a AgriCultura. Sentem-se atraídas pela possibilidade de produzir algo partindo do nada.
Existem , entretanto, algumas coisas importantes nessa proposta ( que diga-se de passagem não é uma proposta exclusiva deles). Para algumas culturas o sombreamento por arvores, que também funcionam como quebra vento, é uma boa idéia. Já a idéia de subir em arvores, tais como homens-macacos, só para cortar os galhos e obter material ramial, não é uma perspectiva muito atraente e acabará no dia em que, Deus o Livre e Guarde, alguém cair de um desses eucaliptos e se acidentar seriamente.
Na minha opinião, o elemento animal é fundamental em qualquer sistema auto-sustentável. É ele que irá acelerar todo o processo de produção de Humus do solo, que deverá ser a prioridade e o objetivo final de qualquer sistema agrícola. O boi é um fator de compactação sem dúvida mas existem outras espécies de ruminantes como a ovelha, e outros ovinos que compactam bem menos o solo e que igualmente contribuem nesse processo de transformação de recursos naturais renováveis ( capim e agua ) em carne ou leite. Além do mais os ovinos podem conviver tranquilamente com o seu projeto de frutas exóticas ( por exóticas eu entendo frutas originárias de outras regiões porém adaptadas a esse clima semi tropical de montanha como frutas chilenas, peruanas, oliveiras, atemóias, etc…)
Uma coisa é certa. É extremamente difícil tentar fazer alguma coisa de forma isolada com você está tentando fazer, dai eu ter sugerido esse contato com o grupo de Gonçalves. Eles já tem até um distribuidora de produtos orgânicos. É a ” Orgânicos da Mantiqueira ” (www.organicosdamantiqueira.com.br).
Tente identificar alguma planta com a qual você se identifique e estude ao máximo. Todas as dificuldades mencionadas na sua mensagem já são bem conhecidas de todos nós que já trabalhamos a algum tempo no campo.
Quem sabe o fato de viver nas montanhas e junto da Natureza compense todos aqueles contra tempos e aborrecimentos que você já conhece tão bem ?
Abraços
Jose Luiz
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