AGRICULTURA BIOLÓGICA

7 comentários sobre “AGRICULTURA BIOLÓGICA”

  1. Um artigo importante, boa linha de raciocínio. Me faz relatar que agricultores e alguns poucos profissionais vem promovendo e realizando em todas regiões do Brasil, agricultora biológica, na prática e em larga escala. A trilogia remineralização do solo com pó de rocha, aplicação de produtos biológicos (multiplicados na propriedade) e utilização de plantas de cobertura (principalmente coquetel), estão revolucionando a agricultura, adequando-a o termo sustentabilidade, pois vem promovendo aumento da rentabilidade na ordem de 15 a 40% (adequando economicamente), minimizando ou eliminando aplicação de produtos agroquímicos (adequando ambientalmente) e promovendo a geração de empregos e qualidade de vida no campo (adequando socialmente). Embora ainda ocorra a necessidade de aplicação de agrotóxicos, a mudança de paradigma para uma nova agricultura já está em curso!

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    1. Caro Daniel Mol,

      Já tinha observado essa tendência e fico satisfeito por saber desse interesse dos agricultores pela Agricultura Biológica.
      Eu estimo que esse estilo de agricultura, focado nessa Trilogia como você colocou muito bem, esteja sendo praticado em
      cerca de 10 milhões de hectares, atualmente no Brasil.

      Dai, a primeira pergunta seria a seguinte : Quem está defendendo mais o meio ambiente com a retirada de milhares de
      toneladas de veneno ? A Agricultura Biológica ou a Agricultura Orgânica com os seus 900 mil hectares no Brasil ?
      Isso já nos dá uma idéia da importância desse novo segmento. Ele já superou o movimento orgânico e merece todos os créditos
      de bemfeitor do meio ambiente. Ou seja, essa bandeira já não mais pertence aos orgânicos.

      Entretanto, eu gostaria de ressaltar que a Agricultura Biológica, a qual eu me refiro, tem vários pontos em comum com a
      Agricultura Biológica praticada no Brasil que está, como você mesmo enfatizou, calcada nessa trilogia do Pó de Rocha +
      Biológicos + Cover Crops de multiespécies (Coquetel).

      Essa “receita” funciona e muito bem, mas poderia funcionar ainda melhor se, como eu preconizo, inclui-se os conceitos do
      que os americanos chamam de Biological Agriculture criados pelo Dr Carey Reams nos idos das décadas de 50 até 80.
      Se inclui-se os conceitos, válidos até hoje , da correção do solo, não na visão míope da academia de apenas corrigir o pH,
      mas sim proporcionar ao solo e as plantas todas as bases, Ca, Mg , K e Na, na proporção adequada, além é claro de dar
      o devido valor ao Fósforo e ao Enxofre e demais micronutrientes, criados pelo Prof.Dr. William Albrecht.

      A Biological Agriculture pretende não apenas fazer uma agricultura autosustentável e mais limpa,
      mas sim resgatar o movimento que gerou a agricultura
      orgânica, isto é, a produção de alimentos limpos porém com maior densidade nutricional pois alimentos foram criados para alimentar
      pessoas e animais e não para virar moeda de troca, ou seja, commodities.

      O que a Biological Agriculture preconiza é a produção de alimentos de elevado Brix, que irão alimentar melhor as pessoas e, de quebra,
      gerar plantas naturalmente fortes que irão repelir pragas e doenças.

      E isso vai um pouco mais além da já conhecida e famosa trilogia.

      Esse tipo de agricultura implica na medição semanal dos teores de Brix, Nitratos, Cálcio, Potássio , Magnésio, Condutividade Elétrica
      na seiva das plantas e algumas vezes até no solo. Implica em monitorar a zona aeróbica do solo e tentar aumenta-la com o auxilio,
      ai sim, de alguns biológicos de preferência que seja anaeróbicos e/ou facultativos, como Rhodopseudomonas sp.
      Implica em monitorar não o nível de HUMUS no solo e não de “Matéria Orgânica” do solo avaliado pelo Bicromato ou
      pela calcinação, que não consegue distinguir
      entre uma molécula de substancia humica ( humico, fulvico e humina) e simplesmente um sabugo de milho ou uma folha seca.

      É a Agricultura que coloca os acadêmicos de saia justa. Que questiona. Que joga na cara deles todas as suas contradições e
      bizarrices repetidas “ad nauseam” desde 1840 por Justus Von Liebig. Que mostra a eles que, por mais que insistam em dar
      o nome dos seus departamentos de “Ciência do Solo”, a verdadeira ciência passou muito longe daqueles lugares.

      Sim, é uma verdadeira revolução.

      E como em todas as revoluções certamente cabeças irão rolar. Não há como contemporizar nesse caso.

      A ciência está do nosso lado. A natureza também. Vamos seguir adiante.

      Atenciosamente

      José Luiz M Garcia

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  2. Drº José Luiz, acho fantástico Vossa linha de pensamento, ao qual já se materializou e consolidou por intermédio de Vossos trabalhos. Já estou iniciando alguns manejos biológicos no meu cultivo, com expressivas melhoras, gostaria de saber quando o senhor vai disponibilizar estas matérias na prática através de cursos ou livros ou apostilas. Gostaria muito de me aprofundar, lá no fundo mesmo, tenho plena certeza deste caminho biológico, pois este grande projeto que é o planeta terra, teve um Grandioso Projetista, e Ele é um Grande Biólogo.

    Grande abraço ao Srº Drº José Luiz.

    Marcos Soares

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    1. Caro Marcos

      Obrigado pelas palavras incentivadoras.

      Eu pretendo dar um curso ainda esse ano. Será um curso de 2 dias.

      Sobre a apostila, se for bem feita, dará o mesmo trabalho que escrever um livro, portanto, eu penso mesmo em escrever
      um livro também até o final desse ano.

      Assim que eu tiver uma data eu posto aqui no blog para que todos possam tomar conhecimento.

      Um grande abraço

      Jose Luiz

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  3. Bom dia,
    Cheguei nesse site meio por acaso e estou achando os princípios bastante interessantes. Sou doutor em Ecolinguística, mas pouco entendo da terra e suas necessidades. Tenho dois alqueires “orgânicos” em Caconde/SP, que estou tentando recuperar pois era mais um abominável pasto ressecado e pisoteado por essa burrice de criar gado solto em montanha.
    Meu nível de dificuldade, no entanto, é bem mais complexo. Não tenho assistência técnica de ninguém. O tal CATI que nos atende, faz tudo menos “atender”. Ninguém se interessa nem dá resposta. Conseguir um trator é uma odisseia, ninguém quer trabalhar na colheita do café, e depois “quando chove”…! Conseguir qualquer tipo de fertilizante é quase impossível. tenho de trazer de SP ou Campinas. Aqui só se interessam por Roundup como panaceia. Estou cercado por gente ignorante e desinteressada por todos os lados. Em suma: adoraria colocar em prática esses ensinamentos, pois estou tentando desenvolver um pomar de frutas exóticas para servir como laboratório produtivo, em uma terra onde a laranja que se consome vem de Campinas a 200km daqui! (+ a distância da produção). No entanto, o nível de dificuldades é muito, mas muito maior do que ter acesso aos excelentes princípios que tenho lido aqui. Quero fazer adubação verde, mas é impossível encontrar sementes. Fica então a pergunta: o que fazer em uma situação dessas? Sem algum tipo de apoio ou uma cooperativa, ou o que for, é praticamente impossível, ao menos para mim, sair do zero absoluto de resultados. De resto, excelente o trabalho de vocês!

    Dr. Roberto Lestinge

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    1. Caro Roberto,

      Boa Noite.

      Mesmo não sendo esse o objetivo desse blog, isto é prestar consultoria técnica, eu gostaria de lhe repassar algumas informações que creio ser pertinentes a sua presente situação.

      A região no qual o município de Caconde está localizado fica próximo, geograficamente falando, a região mineira de Gonçalves onde já temos um grupo bom de produtores orgânicos trabalhando em vários projetos. Talvez fosse interessante estabelecer um contato com esse grupo que tem gente da melhor qualidade. Caso tenha interesse, por favor, me cobre e eu lhe informo algumas pessoas lá. Um deles é Agrônomo com Mestrado em Agricultura Orgânica. Excelente pessoa e excelente profissional.

      Com relação a fertilizantes você teria que fazer um trabalho de garimpeiro na sua própria região e descobrir na medida do possível fontes de podas de arvores de prefeitura, para fazer composto fúngico e com material ramial ( que é considerado o melhor ), Pós de pedra basaltica ou até de outro tipo, como fonte de silício, estercos de cavalo, gado, galinha e frango, etc… Serrapilheira e/ou serragem também seria bom.

      A CATI finge que dá assistência mas em contrapartida o estado finge que paga um salário decente. Não sei, até agora quem está mais errado.

      Depois disso, é tentar configurar o seu sítio de 4,8 hectares ( 2 alqueires paulistas) em areas aproveitáveis para o cultivo. Isso é feito com bom senso. Você não precisa da CATI para isso. Se tem areas de baixada tente separa-las em areas mais ou menos homogêneas e com as mesmas características e medi-las. Areas em declive, da mesma forma. Depois de separar os talhões resta medi-los e analisa-los. A analise de solo será o seu ponto de partida para iniciar a sua forma de trabalhar essa terra.

      Eu recomendo o IBRA que cobra cerca de R$ 45,00 por analise mas que são confiáveis. Peça “Analise Química de Macros e MIcros + Enxofre + Sódio e Fosforo Total “. As analises da CATI valem quanto custam. Não custam nada mas em compensação não valem nada. Mas pode ser qualquer outro laboratório sério como LABORSOLO no Paraná.

      As amostras de solo é que precisam ser coletadas de acordo porque está se analisando uma quantidade bem pequena de um volume de solo bem grande, o que diminui a representatividade da amostra. Evitar estradas antigas, currais antigos, etc… Peça a alguém que proceda a essa tarefa para você. Colete uma amostras na profundidade de 20 cm de solo.

      Essas áreas de montanha tem “personalidade” própria. Eu gosto bastante. Melhor que milhares de hectares no Brasil Central todos planos e impossíveis de serem identificados sem o auxilio de um GPS.

      A lida com a terra é o que significa a palavra “Agri cultura”. A cultura é o que é passado de geração a geração e o que nos identifica como humanos.
      Hoje esse processo é descaracterizado pelo chamado “Agro Negócio” e quem sofre com tudo isso, sem falar nos outros aspectos nefastos, é justamente a cultura.

      Uma vez analisados os talhões, aí então, começaria o trabalho propriamente dito. As sementes das Cover Crops ( antiga Adubação Verde ) ou Culturas de cobertura, não precisam ser sementes fiscalizadas. Qualquer semente que germine estaria OK. Eu, por exemplo, compro as minhas sementes de girassol na zona cerealista em São Paulo. Para sementes de sorgo, você tem o IAC ( por intermédio do da FUNDAG) ou até mesmo a CATI em Campinas teria sementes baratas. Sementes de capim, de preferência a firmas idôneas pelo fato de terem alto Poder Germinativo e Valôr Cultural (VC) que é uma forma técnica e educada de dizer que a semente não está fraudada e chocha.

      Lembre-se que a “Lei da Conservação da Matéria” ainda está valendo embora algumas pessoas queiram “revoga-la”. Me refiro ao pessoal da chamada Agricultura Sintrópica (nome bonito) e agora sua nova ramificação a Agricultura Regenerativa.
      Não se pode criar nada a partir de nada. Ponto. É simplesmente contra a lei da Conservação da Matéria. Ai vai um conselho: Não caia nessa armadilha.

      Essa é a maior armadilha desse sistema. A possibilidade de fazer algo partindo do nada é pra lá de boa e é por isso que atrai tantas pessoas que não conhecem a AgriCultura. Sentem-se atraídas pela possibilidade de produzir algo partindo do nada.
      Existem , entretanto, algumas coisas importantes nessa proposta ( que diga-se de passagem não é uma proposta exclusiva deles). Para algumas culturas o sombreamento por arvores, que também funcionam como quebra vento, é uma boa idéia. Já a idéia de subir em arvores, tais como homens-macacos, só para cortar os galhos e obter material ramial, não é uma perspectiva muito atraente e acabará no dia em que, Deus o Livre e Guarde, alguém cair de um desses eucaliptos e se acidentar seriamente.

      Na minha opinião, o elemento animal é fundamental em qualquer sistema auto-sustentável. É ele que irá acelerar todo o processo de produção de Humus do solo, que deverá ser a prioridade e o objetivo final de qualquer sistema agrícola. O boi é um fator de compactação sem dúvida mas existem outras espécies de ruminantes como a ovelha, e outros ovinos que compactam bem menos o solo e que igualmente contribuem nesse processo de transformação de recursos naturais renováveis ( capim e agua ) em carne ou leite. Além do mais os ovinos podem conviver tranquilamente com o seu projeto de frutas exóticas ( por exóticas eu entendo frutas originárias de outras regiões porém adaptadas a esse clima semi tropical de montanha como frutas chilenas, peruanas, oliveiras, atemóias, etc…)

      Uma coisa é certa. É extremamente difícil tentar fazer alguma coisa de forma isolada com você está tentando fazer, dai eu ter sugerido esse contato com o grupo de Gonçalves. Eles já tem até um distribuidora de produtos orgânicos. É a ” Orgânicos da Mantiqueira ” (www.organicosdamantiqueira.com.br).

      Tente identificar alguma planta com a qual você se identifique e estude ao máximo. Todas as dificuldades mencionadas na sua mensagem já são bem conhecidas de todos nós que já trabalhamos a algum tempo no campo.

      Quem sabe o fato de viver nas montanhas e junto da Natureza compense todos aqueles contra tempos e aborrecimentos que você já conhece tão bem ?

      Abraços

      Jose Luiz

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