O caminho da Fertilidade do Solo
Já tinham me falado sobre o aspecto sagrado do solo pelo fato de ser, essa delgada camada de 30 cm da superfície terrestre, o que possibilitou toda a manutenção da vida no nosso planeta.
Devemos nossa própria vida em primeiro lugar ao Sol. “O que mantém a vida é uma pequena corrente elétrica mantida pela luz do sol”, conforme Albert Szent Györgyi, o ganhador do Premio Nobel de Fisiologia e Medicina de 1937 bem o disse, e podemos dizer que ao solo, em segundo lugar.
O solo é, de fato, um ambiente dinâmico composto de várias frações, como por exemplo a fração física (material) composta de areia, silte e argila, engenhosamente constituídas em micro agregados formando o que Walter Jehne (cientista pioneiro no estudo da glomalina, fungos micorrizicos e ecologia da raiz da CSIRO na Australia), chamou de “catedrais” ( 1 ).
Essas mini catedrais são realmente estruturas admiráveis e inspiradoras, no sentido de que o mais impressionante é justamente o espaço vazio que elas possuem, ou o seu aspecto etéreo, mais do que os materiais que as compõe, ou seja os “tijolos”( minerais ) e o cimento ( substâncias húmicas ). Um solo bem agregado é como uma catedral. As partículas minerais do solo são como as pedras e os tijolos de uma catedral enquanto que a matéria orgânica seria um análogo do cimento que mantém essas pedras e esses tijolos juntos.
Adicionar apenas pequenas frações de matéria orgânica ao solo, 1, 2 ou 3% por peso, já muda fundamentalmente a estrutura física do solo. É a matéria orgânica, por meio das substâncias húmicas, que permite a construção dessas estruturas gigantescas e maravilhosas – as catedrais do solo.
Um solo saudável, tem a densidade aparente de cerca de 1,2 g / cm3 ou até menos. Cerca de 66% de um solo saudável é composto apenas de espaço vazio, ou seja ar ou nada, e isso cria uma capacidade sem precedentes dessa “esponja” em absorver e reter a água. Permite que a água se infiltre, seja retira e torne-se disponível ao longo do tempo.
É exatamente o vazio, ou seja esse “nada”, que adicionamos ao solo que permite a sua saúde, viabilidade e (outra palavra muito em moda ultimamente) a sua sustentabilidade, assim como numa catedral. O grande arquiteto da Natureza assim o projetou de forma maravilhosa.
Ainda dentro desse conceito de Catedral do Solo existe outro aspecto que é extremamente profundo . A disponibilidade dos nutrientes é relacionada ao tamanho da área de superfície aonde as particulas minerais estarão expostas.
Em um solo saudável, com seus espaços e estruturas amplas e abertas, existe um aumento maciço da area de exposição dos minerais para a sua utilização e a sua reciclagem. A grande maioria dos minerais essenciais as plantas são cátions (ions carregados positivamente) que estão adsorvidos a essas estruturas e superfícies e mantidos alí como “imãs de geladeira”.
Mais de 80% da biofertilidade do solo depende dessa superficie de exposição, mais do que da quantidade de nutrientes que são adicionados sob a forma de fertilizantes sintéticos.
A criação desses espaços vazios e dessas superficies de exposição, ou catedrais, é fundamental tanto para a biofertilidade quanto para a hidrologia do solo e nós podemos fazer isso por meio da adição de pequenas quantidades de matéria orgânica ao solo.
Há 420 milhões de anos atrás, o planeta tinha apenas superfícies rochosas sólidas e nuas, incapazes de reter água. Ao colonizar a Terra, no sentido de adquirir nutrientes, os fungos em companhia das inseparáveis bactérias, foram quem começou a quebrar as rochas deixando para trás os detritos orgânicos que permitiram a criação das primeiras catedrais do solo.
Figura 1. Conceito Esquemático de como o consórcio bacteria-fungo consegue dissolver rochas e em consequência extrair o seu sustento dando início a toda a cadeia de vida sobre a Terra.
Foram os fungos que tornaram todos aqueles nutrientes disponíveis ao governar a sua solubilização, acesso, ciclagem e absorção em companhia das bactérias.
A Natureza tornou possível a criação de eco sistemas mais produtivos do planeta em cima de areia, que não passa de Dióxido de Sílício, como por exemplo a Floresta Amazônica. Essa tarefa não seria possível sem o concurso dessa classe de eucariontes, ou seja, os fungos. A eficiência dessa bio reciclagem de nutrientes permite que as florestas tropicais funcionem. Também permitem que modêlos agrícolas alternativos inspirados na floresta, como Agro Floresta, Agricultura Sintrópica, Sustentável, etc.. também funcionem até mesmo em solos pobres, desde que esses nutrientes sejam reciclados a uma taxa razoável.
E, é a taxa de reciclagem desses elementos que, em última analise, irá determinar o sucesso ou o fracasso de projetos baseados nesses novos modêlos agrícolas e não o modêlo em sí.
Da mesma forma, nós também podemos tirar proveito desse aspecto da biofertilidade se soubermos trabalhar adequadamente com esses ciclos de bio-nutrientes para produzir alimentos de forma sustentável. A prática da Rochagem, por exemplo, seguida da ativação dos solos com Culturas de Cobertura e de preparados ricos em fungos e bactérias produzidos “On Farm “ é um exemplo vivo do que acabo de dizer.
O nosso papel, como agricultores, é sempre melhorar essa eficiência natural de reciclagem, solubilização, disponibilização e minimizar a fixação dos nutrientes. Esse deve ser o nosso objetivo primordial e devemos resistir sempre a tentação de adicionar mais nutrientes sob a crença de que, assim o fazendo, estaremos maximizando a produção vegetal.
Esse é o principal ponto de divergência entre os autores que escrevem sobre agricultura. Em um extremo estariam os “nihilistas”, que acham que podem contrariar a Lei de Lavoisier criando algo a partir do nada e no outro extremo estariam os “crentes” que acreditam piamente que não se pode produzir nada em agricultura sem o raciocínio linear, cartesiano, contábil, de que, quanto mais fertilizante melhor ( em inglês, esse tipo de raciocínio, o More On, deu origem a um trocadilho já que a palavra Moron significa Retardado Mental naquele idioma).
Eu, pelos meus longos anos de exposição a cultura oriental, prefiro o chamado “caminho do meio” ou o caminho da fertilidade do solo ou, se ainda preferirem, o “ Hiyokuna Dô” que visa restabelecer essa fertilidade via restabelecimento da sua microbiologia, teores de matéria orgânica, intensificação de mecanismos antioxidantes no solo e nas plantas e pela formação das catedrais do solo..
Ao meu modo de ver, para atingirmos esse caminho da fertilidade do solo via biofertilização, algumas correções minerais do solo precisarão ser feitas por que, afinal de contas, já estamos a mais de 10.000 anos do último período glacial e os solos do planeta já se encontram bastante intemperizados e depauperados até mesmo pelas práticas agrícolas predatórias.
Por outro lado, não podemos simplesmente “jogar no lixo” séculos de conhecimentos angariados sobre o funcionamento do solo e de seus componentes tanto sob o ponto de vista químico quanto sob o ponto de vista físico ou eletro químico, mas depois de satisfeitos esses aspectos seria apenas dar a oportunidade aos microrganismos para que se manifestem e possibilitem a criação e o restabelecimento do projeto divino.
Mas, olhando toda a fertilidade do solo sob um ponto de vista estritamente científico podemos ver quanta ciência ainda está faltando na agricultura.
Por exemplo, se já foi determinado cientificamente que o pH do solo chega a apresentar variação de 1 até 2 unidades de pH (diferenças de 10 a 100 vezes) entre as medições de pH feitas no laboratório e as medições de pH feitas no solo diretamente ( In Situ ) ( 2 ) e que essas medições In Situ eram sempre menores do que as feitas em laboratório, porque então ainda se dá um valor quase que mítico ao pH medido pelos métodos padrões de laboratório ?
Esses erros grosseiros, hoje sabemos estarem relacionados com a forma de preparação das amostras em laboratório que involvem a destruição justamente dos agregados de solo ( catedrais ) e da expulsão da fase gasosa das amostras que inclui o gás carbônico, bem como a oxidação de espécies reduzidas, o que no final prodizirá resultados que não refletem o verdadeiro pH no local ou In Situ ( 2 ).
Porque ainda se utiliza esses dados laboratoriais que sabemos estarem equivocados por fatôres de 10 a 100 vezes , para se calcular adição de corretivos como calcários ? Por que ainda chamamos a isso de “Ciência do Solo“ e se dá o título de “Engenheiros” aqueles profissionais que se utilizam de fórmulas ginasianas e pueris para “corrigir a acidez do solo” como se a acidez não fosse justamente o reflexo da falta de bases trocáveis do solo e que, se quisermos restabelece-las, deveríamos fazê-lo sempre levando em consideração as suas melhores proporções estabelecidas por William A. Albrecht há mais de 80 anos atrás, que por sinal, são quase as mesmas que as encontradas em alguns dos solos mais férteis de que se tem notícia, como por exemplo nas famosas Terras Pretas de Índio ? ( 6 )
Esses erros grosseiros na avaliação da atividade protônica de um solo que, de ante mão, já sabemos que também variam naturalmente de acordo com o grau de umidade do solo, temperatura, época do ano, etc, hoje sabe-se ser devido justamente a destruição das condições originais e estruturais do solo. Essa visão cartesiana não mais se aplica ao estudo de estruturas e seres vivos e precisa ser urgentemente descartada se quisermos progredir rumo a produção de alimentos de forma limpa e sustentável, como Stephen Buhner tão bem explicou e detalhou em seu livro “The Secret Teachings of Plants “( 5 ).
Como bem colocou Albert Szent Györgyi, “o que mantém a vida é uma pequena corrente elétrica mantida pela luz do sol”. De fato, eletrons são os reagentes essenciais em reações inorgânicas, orgânicas e bioquímicas. A química dos organismos vivos é mais dependente das reações de oxi-redução, ou seja, da transferência de elétrons do que das reações de acido-bases, que estão mais centradas na transferência de prótons ( 4 ).
Entretanto, o potencial redox ( Eh ), que nos dá uma idéia da atividade eletrônica de um solo, recebeu pouca ou quase nenhuma importância em Agronomia, ao contrário do pH, que é considerado como uma variável importante ao ponto de Oliver Husson, ir mais além e declarar que “os agrônomos estão provavelmente se privando de um fator-chave para a ciência do solo e das plantas que poderia ser uma importante ferramenta integrativa” ( 4 ).
De fato, existe uma grande quantidade de trabalhos científicos que oferecem evidências de que o Eh e o pH isoladamente ou conjuntamente são os principais operadores do sistema solo/planta/microrganismos e que as plantas funcionam fisiologicamente dentro de uma faixa específica e interna de Eh e pH, e que junto com os microrganismos alteram o Eh e o pH da rizosfera para assegurar a homeostase a nivel celular. Essa nova perspectiva poderá ajudar a diminuir a distância que existe hoje entre as várias disciplinas relacionadas com a Agronomia. Esse conhecimento poderá ajudar a modelar e a gerenciar futuros sistemas agrícolas tanto convencionais, como orgânicos, sustentáveis ou até mesmo conservacionistas (agro-ecológicos) ( 4 ).
Consultores agrícolas biológicos e progressistas, como John Kempf, com o qual eu tive a honra e o prazer de ter estado em Dezembro de 2018 por 2 dias, me alertaram para o fato que o nosso esforço deve estar sempre voltado para criar condições que possibilitem que o solo se mantenha na faixa mais adequada de Eh que permitam que o solo fique no “modo “ redutor e não no “modo” oxidativo. É justamente o modo redutor que irá propiciar que microrganismos produzam mais CO2 que será usado pelas plantas para a fotossíntese e demais funções fisiológicas ( 7 ).
Interessante salientar que ambientes anaeróbicos fermentativos são francamente redutores como por exemplo o Bokashi e essa é uma das razões desse insumo funcionar tão bem em agricultura. Da mesma forma são ambientes redutores a Silagem de Milho, o Yogurt, Vinagre de Maçã, Chucrute ( Sauerkraut ), campos de arroz inundado, etc…
Talvez esse aspecto sirva também para explicar o sucesso tão grande do consórcio de microrganismos criados pelo Dr Teruo Higa, na década de 80, o “E.M.-1 “. Esse consórcio microbiológico encontrado no E.M.-1 da Ambien e em outros produtos comerciais, como o Accelerate Efficient da Total Biotecnologia, empresa do Paraná, é conhecido por tornar anti-oxidante o ambiente em que atuam, isto é, redutores ou doadores de elétrons.
Os minerais Manganês, Ferro, Cobre e Cobalto são mais absorvidos e ativos quando na forma reduzida. O ambiente redutor aumenta também a disponibilidade de Fósforo. Aliás, todos os macronutrientes aniônicos (carregados eletronegativamente) como por exemplo o Nitrogênio ( na sua forma reduzida -> Amônia ) o Enxôfre e o já mencionado Fósforo, teriam a sua disponibilidade aumentada se o solo apresentasse essa característica redutora propiciada pela flora microbiana.
Segundo Kempf ( 7 ) , possuem efeitos :
OXIDANTES REDUTORES
Aração Solo Saturado ( Inundado )
Nitratos Amônia
Seca ( Solo descoberto ) Biologia do Solo
Calcário
Aplicação de Fertilizantes
Aplicação de Pesticidas
Bem como, são plantas cujas raízes propiciam ambientes oxidantes ou redutores :
Raízes com efeito Oxidantes Raízes com efeito Redutor
Plantas OGM Milho ( não OGM)
Trigo Aveia
Trigo Sarraceno
Soja Alfafa
Leguminosas Forrageiras
Brassicas
Ainda, segundo Kempf, as plantas transgênicas possuem um exudato radicular com um perfil de amino ácidos e carbohidratos diferente das plantas normais, o que contribue para que elas se tornem ainda mais oxidantes para o solo, como é o caso da soja transgênica.
Os efeitos Oxidantes e/ou Redutores do microbioma são determinados pela integridade dos exudatos radiculares.
A Agricultura atual está em plena transição e cabe a nós como estudantes da Natureza nos mantermos constantemente atualizados e utilizar esses dados a nosso favor sempre que for possível, independentemente do modelo agrícola escolhido.
“A descoberta consiste em ver o que todos viram e em pensar no que ninguém pensou.” Albert Szent Györgyi
José Luiz Moreira Garcia
Junho de 2019
Referências
- Jehne, Walter (2019) Interview – Supporting the Soil Carbon Sponge, ACRES USA Magazine, pages 66 – 76, April 2019.
- Mathiessen, Henning (2004) In Situ measurement of soil pH, Journal of Archaeological Science, vol. 31(10): 1373-1381.
- Nielsen, K.E. (2018) Is all soil more acidic than we thought ? Science Nordic, http://sciencenordic.com/all-soil-more-acidic-we-though
- Husson, Olivier (2013) Redox Potential ( Eh ) and pH as drivers of soil/plant/microorganisms systems: a transdisciplinar overview pointing to integrative opportunities for agronomy, Plant and Soil, vol.362( 1-2 ): 389-417.
- Buhner, Stephen H. (2004) The Secret Teachings of Plants, Bear & Company, Rochester, Vermont, 315 pgs.
- Falcão, Newton et all. (2009) A Fertilidade dos Solos de Terra Preta de Índio da Amazônia Central, In: As Terras Pretas de Índio da Amazônia: Sua Caracterização e Uso deste Conhecimento na Criação de Novas Áreas, Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM, pgs. 189- 200.
- Kempf, John (2018) ACRES USA 2018 Eco Ag University, Louisville, KY, December 4 to 5, 2018.
parabens pelo artigo , ótimo
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Muito Obrigado
São algumas coisas que certamente vocês jamais irão ver na academia míope.
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Conhecimento e sabedoria caminhando juntos
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Boa tarde, professor.
Belo artigo. A questão sobre a relação oxidação/redução é algo interessante de se pensar. Ao mesmo tempo que precisamos construir um solo altamente estruturado e aerado, precisamos de dar condições para a criação de microssítios altamente redutores. Isso me lembra um conceito que o Pinheiro Machado expõe em alguns de seus livros sobre o que chama de ciclo etileno do solo. Seria algo nesse sentido, correto? Segue uma passagem:
“O gás etileno é largamente conhecido na agronomia convencional por sua ação catalisadora na maturação de frutos e na sua posterior conservação. Como um importante produto da biologia do solo, entretanto, passou a ser conhecido a partir da década de 1970, com os trabalhos de Smith, e na década seguinte, com a publicação do trabalho de Widdowson. Posteriormente (1997) vários pesquisadores – Cook, Penmetsa, Kluson e outros – se interessaram pela ação do gás etileno na renovação da MO do solo, na mineralização do N, na sua potencialidade alelopática e na sua ação no mecanismo aeróbio/anaeróbio, que controla a liberação de íons de macro e microelementos para a nutrição das plantas, em solos com boas estruturas e densidade e que não tenham sido roturados e/ou agredidos recentemente. A principal produção de etileno, que é um regulador crítico da atividade biológica do solo, ocorre nos microssítios anaeróbios, em condições de alta redução.
Em geral, o crescimento vegetal está limitado pelo aporte insuficiente de nutrientes disponíveis. Muitos nutrientes, como P e o S, se mantêm imobilizados como sais complexos de Fe3+ férrico, isto é, Fe oxidado. Esses sais férricos têm uma carga elétrica muito alta e fixam fortemente nutrientes como P e sulfato que, assim, não são nem lixiviados, nem absorvidos pelas planta (Widdowson 1993)1.
Em solos bem estruturados e com a conveniente porosidade, as plantas em crescimento têm uma intensa atividade nas raízes e há uma grande proliferação de microrganismos, que são alimentados pelos exsudatos vegetais. Essa alta atividade produz uma redução do nível de O2, e microrganismos anaeróbios iniciam sua atividade, produzindo o gás etileno em microssítios. O etileno inativa, mas não mata os aeróbios, com a consequente limitação da anaerobiose. É um ciclo que se repete constantemente, quando as condições do solo são favoráveis.
À medida que aumenta o nível de etileno, os sais férricos (Fe3+) insolúveis são reduzidos a ferrosos (Fe2+). Neste estado, os sais férricos até então insolúveis, são solubilizados, e o P e S passam a ser disponíveis nas plantas. Igualmente, o Fe ferroso se fixa aos domínios orgânicos da argila, liberando na solução do solo nutrientes vegetais catiônicos – NH4, Ca, K e outros. Como esse mecanismo aeróbio-anaeróbio ocorre próximo aos pelos absorventes, onde a atividade biológica é máxima, os nutrientes encontram-se em lugar exato para serem absorvidos pela planta. Eis porque as plantas das florestas, com diversidade botânica e das pastagens bem manejadas, sempre são viçosas e sadias.”
Obrigado pelos textos, precisos como sempre. Necessário frente a chuva torrencial de conceitos e teorias inúteis e antiquadas que recebemos da academia.
Abraços!
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Prezado Rodrigo Barroso,
Agradeço as vossas amáveis palavras de incentivo ao nosso trabalho.
Uma das principais razões de eu manter esse site é justamente para popularizar o conhecimento. O fato de tê-lo como leitor e de ver o seu interesse em conhecer a verdade dos fatos muito me conforta e tenho certeza absoluta que uma nova geração de Agrônomos, como você, está sendo formada, gerada e forjada até mesmo dentro das atuais universidades brasileiras nesse exato momento, algumas das quais, inclusive, super bem conceituadas e ranqueadas no rol das universidades agrícolas ao redor do mundo, como é o caso da ESALQ.
Uma nova categoria de Agrônomos cujos diplomas não mais serão equivalentes a um “cheque sem fundo”, por não possuírem nenhuma cobertura científica e técnica por terem sido ensinados e doutrinados em cima de premissas falsas, baseadas em meias verdades e em “meia-ciência” . Da minha parte, fico muito satisfeito em poder contribuir para tudo isso de forma totalmente abnegada.
O fato de eu ter trazido à baila essa questão do Potencial Redox ( Eh) é devido a sua importância em todos os organismos vivos. No homem, nos animais, nas plantas e nos micro-organismos, assim como no sistema solo/planta/microrganismos. Como conceito.
Entendo a sua colocação com relação ao efeito redutor do etileno nos microagregados do solo, mas não foi com esse intuito somente que eu levantei a questão do potencial redox. Foi pela famosa e maniqueísta luta do “bem contra o mal “. Do Rejuvenescimento contra o Envelhecimento. Da doação de elétrons versus o consumo de elétrons. Foi com esse intuito. Eu quiz mais dar ênfase a Oxidação como um Stress Biotico ou Abiótico mas sempre como um stress oxidativo que prejudica qualquer organismo vivo.
Coincidentemente, no meu mestrado na MSU, eu fui orientado por um professor emérito, Dr David R. Dilley, que era também um dos revisores da revista Plant Physiology, e portanto um dos maiores fisiologistas vegetais da época, especializado em etileno. No nosso laboratório nós tinhamos um Cromatrógrafo à Gas que funcionava sempre dia e noite, sábados e domingos ininterruptamente e todos os outros departamentos daquela universidade se utilizavam dele. E sim, o etileno era primordialmente estudado pela sua importância na fisiologia pós-colheita.
Mas sim, ele está envolvido em muitos dos mecanismos que ocorrem nos micro agregados do solo bem como de importantes mecanismos na fisiologia da raiz sinalizando condições de alagamento, formação de aerênquimas, no crescimento e desenvolvimento das raízes, na exocitose, e em vários outros mecanismos ainda por serem descritos.
Se você imaginar uma cruz formada por um eixo horizontal representando o pH com o 7.0 exatamente no meio dessa reta e outra reta vertical cruzando essa reta horizontal do pH bem no meio ( pH 7.0), representando o Potencial Redox ( Eh) onde abaixo da reta horizontal estaria a faixa redutora e acima dessa reta, a faixa oxidante, o melhor lugar para se estar seria ligeiramente a esquerda da reta do Potencial Redox ( isto é com pH ligeiramente abaixo de 7.0) e ligeiramente abaixo da reta horizontal, ou seja ligeiramente na faixa redutora. Quadrante inferior esquerdo próximo a intersecção das duas retas..
Da mesma forma como ocorre com o pH, ou seja, onde não queremos nenhum dos dois extremos e o ideal seria um pouco abaixo da neutralidade ( ph 7.0 ), assim também ocorreria com o Eh , quando o ideal seria um pouco abaixo da neutralidade já então no quadrante redutor e isso seria válido para qualquer coisa seja homem, animal, planta, microrganismo ou solo.
Espero ter contribuído para esclarecer algumas das suas dúvidas.
Um grande abraço
Jose Luiz
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Ãtima matéria…. riqueza de informações.
Grato,
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Era só o que faltava. O WordPress agora está com algumas teclas corrompidas e não está reproduzindo os comentários corretamente.
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Bom dia Professor, muito obrigado pelo texto, fez bastante sentido com o restante do material encontrado nesse blog. Essa visão eletroquímica dos processos biológicos clareou bastante as coisas pra mim, muito obrigado.
Tem um ponto que não é essencial no texto, mas me despertou a curiosidade: qual o efeito das eras glaciais no solo?
E o que o senhor acha do uso do xisto pirobetuminoso como remineralizador do solo?
Muito obrigado
Abraço
Fábio Ribeiro
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Boa Tarde Fábio,
Fico satisfeito em poder preencher as lacunas deixadas pela academia.
Sim, a vida é um processo que depende dessa energia que vem do sol e no final das contas se manifesta
por meio de reações químicas onde o potencial redox é de suma importância.
As eras glaciais, que ocorrem a cada 10.000 anos, tem o poder que “rejuvenescer” os solos do planeta pela
pressão que as geleiras exercem sobre a rochas situadas abaixo do solo terrestre.
Como já se passaram mais de 10 mil anos da ultima era glacial, os solos atuais estão por assim dizer “pedindo””
uma renovação
que lhes pode ser fornecida pela adição dos Pós de Rocha, entre os quais, o Xisto poderia estar incluído.
Não tenho experiência com o material que você mencionou, que seria o Xisto Pirobetuminoso, mas se não tiver nenhum
componente que o desabone como por exemplo metais pesados, produtos próximos ao petróleo com o próprio betume
que o denomina, poderia ser usado. Você teria que ter certeza que esse material não é fitotóxico, em primeiro lugar.
Temos usado a Mica Xisto com relativo sucesso, também pós de ardósia, pós de basalto, pós de Sienito Nefelinico,
pós de Glauconita, etc…
Attn
Jose Luiz
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Obrigada Sr. Jose Luiz, por mais esse texto enriquecedor!
Pesquisando por insumos usados na agricultura biológica, constantemente descubro que seus benefícios vão além e contemplam também a nutrição humana e animal.
Aplicamos Serenade nos morangueiros, bebemos Yakult e um dos ingredientes da ração que compramos para nossa cadela é o probiótico Bacillus subtilis, por exemplo.
No artigo o Sr. cita alguns alimentos fermentados como ambientes redutores e lembrei do kombucha e de uma dúvida que sempre tive: alguma forma de aproveitar o Scoby (Symbiotic Culture of Bacteria and Yeast) na agricultura?
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Bom Dia Ione,
O Bacillus subtilis é também usado para fazer a soja fermentada, conhecida por “Nattô”, uma iguaria japonesa, e é um grande produtor de Kitamina K2 ( também conhecida por MK7). Eu já vi essa bactéria também sendo usada em probióticos humanos como o “Garden of Life”. Eu inclusive já usei e tenho certeza que ela também faz parte do meu microbioma intestinal que eu preservo e alimento periodicamente com acido fúlvico, carvão vegetal, levedura de cervejaria, fibras solúveis, etc…
O Kombucha também é francamente redutor. O que sobra, que é aquela geleia que fica flutuando, você pode simplesmente jogar na pilha de composto ou ainda bater no liquidificador, coar e dar para as plantas. O Kombucha produz bastante ácidos orgânicos voláteis porque eu consegui corroer todas as dobradiças de um armário de cozinha lá de casa, onde eu fabricava por um tempo.
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Olá!
Quando li sobre os benefícios do consumo de B. subtilis pesquisei fontes e descobri o “Nattô”, mas a descrição não me apeteceu: “aroma semelhante a um queijo cheiroso ou meias antigas e com uma textura desagradável e fibrosa que é pegajosa e viscosa ao mesmo tempo”.
Bom saber como aproveitar o Scoby e descobrir que preciso ter cuidado com os ácidos orgânicos voláteis. Obrigada!
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Realmente Nattô é para quem tem estômago forte.
Algumas bactérias desenvolvem o cheiro conhecido como cheiro de chulé, que também
é resultado do trabalho de bactérias. Alguns queijos tem esse cheiro também.
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Dr Vinagre,
Seu trabalho de levar informação científica sobre temas incutidos e cascudos é brilhante.
Agradecemos seu olhar, didatismo e sabedoria.
Abs
Eduardo
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Estimado Eduardo,
São palavras como as suas que me estimulam a continuar escrevendo.
Quem sabe um dia seremos mainstream ao invés de alternativos.
Um grande abraço
José Luiz
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Obrigado Dr. José Luiz
sou leitor assíduo dos seus artigos, ao ler esse, fico imaginando já pensou se todos nós da cidade e do campo, fizéssemos a reciclagem de sei lá 50% de todos nossos materiais orgânicos produzido, através de processo de compostagem bem feita, adição de microrganismos, sub-produto tipo pó de rocha e muito outros, acredito que devolveríamos grande parte de tudo que o solo já nos deu e muitas fabricas de adubos químicos iriam repensar seus conceitos, não dá pra pensar diferente, é nos que usa tudo que o solo tem de bom, portanto nós temos a obrigação e condições de devolver tudo a ele, se nós não começar agora não vai haver futuro.
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Boa Noite,
É isso mesmo.
Hoje em dia os habitantes das cidades vivem totalmente dissociados na Natureza e consequentemente do solo,
das plantas e dos animais.
Um grande abraço
Jose Luiz
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Dr. José Luiz
Como geólogo e produtor de agrominerais para a agricultura, como fosfato natural reativo e sienito potássico, em MS e GO, gostaria de receber vossas publicações e comentários.
Grato.
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Caro Lindomar,
Esse blog lhe envia automaticamente os links todas as vezes em que houver material novo para ser lido.
Gostaria de conhecer melhor os seus produtos. Como faço para entrar em contato ?
Abs
José Luiz
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Sr. Lincoln, seu agromineral potássico é disponível para o MS? Tenho interesse
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Obrigado Dr pelo texto. Você tem algum “pó de rocha” para indicar? Pelo que entendi, pó de rocha pode ser uma variedade de rochas. Alguma em especial para eu procurar? E quando você diz “matéria orgânica” posso pensar em húmus de minhoca … condicionador de solo … ?
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Bom dia Professor!
Parabéns pelo excepcional trabalho! O senhor está trazendo a luz informações e reflexões preciosas, não me canso de ler e reler seus textos e comentários, fonte raríssima!
No ultimo ano, eu substituí o Calcario Dolomitico pelo Silicato de Calcio e Magnesio. Fiquei muito satisfeito com a ultima lavoura de Milho.
Sei que o Silício e o Cálcio são ótimos para o Microbioma, mas e no caso do Silicato de Calcio, ele teria efeito redutor ou oxidativo?
Desde já,
Muito obrigado!
Deus o abençoe!
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*Esqueci de mencionar, o Silicato em questão é beneficiado para agricultura, livre de contaminantes.
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A maioria dos fertilizantes químicos tem efeito oxidante sobre o solo. Assim como os calcários que também seriam oxidantes eu aposto
que os silicatos, que também tem reação alcalina, também vão estar nessa categoria.
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como sempre ótimo artigo, professor!
tenho duas perguntas:
Existe a possibilidade do senhor fazer um artigo sobre biochar? eu digo isso pelo motivo que nao existe muitas informação bacana sobre o assunto e nem como fazer o em casa, e depois que li seu artigo sobre compost tea eu perdi confiança nessas receitas que encontro na internet, todas ensinavam errado.
Ainda esta nos seus planos fazer um curso online? se sim eu gostaria de participar.
Muito obrigado pelas informações valiosas!
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Boa Noite Silvio,
Você pretende fazer Biochar “em casa “. Infelizmente,eu creio que isso não vai ser possível.
Mas mesmo assim fazer Biochar não está ainda entre as minhas prioridades enquanto eu puder comprar
um Big Bag cheio até a boca com 700 kg por R<$ 80,00.
Sobre o curso On Line um dia ele vai sair mas eu preciso me inteirar melhor sobre esse assunto.
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Boa noite!
Então aqueles metodos de “carregar” o carvão na compostagem ou no compost tea não funcionam?
Você pode me indicar um lugar para comprar?
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Bom Dia
Entenda bem a questão. Na internet aparece todo tipo de idéias e sugestões. Cabe a nós filtra-las e analisa-las.
O carvão ( Biochar ) não é compostável, ou seja ele não é humificável e portanto, assim como o pó de pedra,
calcário, e qualquer outro tipo de material não compostável, não deve ser agregado a pilha de composto além
de um determinado limite. Máximo 10% porque além desse limite começa a interferir no processo de compostagem.
Calcário eu não colocaria absolutamente nada porque irá segurar o pH da pilha gerando o desenvolvimento de bactérias
que vivem em pH ao redor de 6,0 e que produzem mal cheiro e promovem a perda de nitrogênio.
Não é uma atitude inteligente, embora seja preconizada pelas redes estaduais de extensão tipo EMATER, etc…
Mas, quem disse que existe vida inteligente nessas instituições ?
Essa “carga” que eles falam e as vezes chamam de “ativação” seria introduzir microrganismos ao Biochar.
Isso pode ser feito de outras maneiras, por exemplo regando com extrato de composto ou até mesmo com o EM de mata.
No compost tea também não vejo lugar para ele a não ser usar o compost tea para inoculá-lo.
Eu compro o meu no Carvão São Manoel próximo a Atibaia.
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Olá, Sr Garcia. Esse biochar que o Sr compra é como? Ele já vem em partículas ou oSr tem que moê-lo pra utilizar?
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O que eu uso é o rejeito da carvoaria. É chamada de “moinha” ou simplesmente ‘munha”. É a “Munha de Carvão “.
As vezes quando me interessa eu transformo parte desse material em pó.
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