Por HUGH LOVEL
Traduzido por José Luiz M Garcia com a permissão do autor
Capitulo de um livro sobre Agricultura Biodinâmica a ser publicado.
Nesse capítulo eu descrevo o desenvolvimento de um sítio biodinâmico com uma Rede Alimentícia do Solo robusta capaz de manter uma horta comercial auto-suficiente. Eu explico como cuidar, alimentar e cultivar uma rede alimentícia do solo de um sítio com vitalidade suficiente, sem nenhum composto ou fertilizantes, para fornecer a uma lavoura de milho varietal ( polinização aberta ) alta, toda a sua necessidade de nutrientes para produzir duas espigas bem enchidas por planta.
A rede alimentícia do solo é o resultado vivo do céu e da terra interagindo com a vida. A rede alimentícia do solo é sufocada sem ar da mesma forma que o céu e terra precisam interagir para que a vida floresça. Nós não podemos reviver o solo sem vivificar a atmosfera e nós não podemos fazer isso sem despertar o solo. Para sorte nossa a Agricultura Biodinâmica pode fazer ambas.
Para vivificar o solo verdadeiramente, nós devemos considerar a maneira equivocada pela qual a maioria dos solos é fertilizado. De acordo com o Webster’s Collegiate Dictionary, um fertilizante é qualquer substancia que, quando aplicada ao solo, o torna mais fértil. Entretanto, os Fertilizer Institutes ( N.T. – no Brasil o Potafós, a ANDA e a Abisolo ) e as industrias que os apoiam e os mantém nos EUA e em outros países, exigem que todos os fertilizantes sejam solúveis. Isso significa aplicar os sais dos ácidos sulfúrico, nítrico, clorídrico e fosfórico, que tem a tendência a danificar a biologia do solo. Embora a agenda de vendas da industria de fertilizantes seja transparente, o bom senso nos diz que não queremos que os nutrientes sejam solúveis, exceto em pequenas quantidades e ao redor das raízes da plantas e na melhor forma química possível. Nós queremos nutrientes em abundância, mas nós queremos que os nutrientes sejam insolúveis porém disponíveis – que é o que ocorre quando os nutrientes são humificados e reciclados pelos organismos do solo para que sejam adequados as necessidades das plantas. Essa grande movimentação simbiótica dos organismos do solo depende das raízes das plantas para obtenção da energia fotossintética para desenvolver a verdadeira fertilidade para a produção agrícola robusta. A exsudação radicular assegura que a correta atividade biológica somente ocorra na zona radicular.
Composto bem humificado e equilibrado é uma das chaves para construir a fertilidade do solo mesmo que ele seja chamado apenas de Condicionador de Solos porque a maioria dos seus nutrientes são insolúveis porém disponíveis. Quando um composto tem uma analise elevada em nutrientes solúveis é porque ele não foi adequadamente humificado e favorecerá o crescimento de mato. Também o uso maciço de Nitrogênio solúvel com Amônia Anidra, Nitrato de Amônia ou Nitrato de Potássio é como tomar anfetaminas e ignorar uma boa alimentação e nutrição. Ainda assim, pequenas quantidades de Uréia combinada com Ácidos Humicos provou ser benéfico para a biologia do solo.
Obviamente, construir a fertilidade do solo ao ponto de que venenos não sejam mais necessários irá ajudar a atmosfera imensamente. Porém, poderão ocorrer perdas significativas na agricultura convencional para que isso aconteça. Nesse meio tempo o que podemos fazer se quisermos proteger a nossa saúde e criar nossos netos em um ambiente melhor ?
Desde a minha infância na Louisiana do Sul eu sabia que desafios ambientais estavam acontecendo. Na medida em que as industrias bombeavam petróleo as terras costeiras do sul do estado estavam cedendo. Durante o jantar meus pais conversavam sobre a possibilidade da nossa casa ficar submersa se a Groenlândia derretesse. Eu creio que a tendência gradual para eventos climáticos extremos já era notável mesmo no inicio dos anos 50. Minha família fazia longas viagens de verão desde a Louisiana até a costa oeste do Pacífico para visitar os parentes e naquela época a maioria das estradas era de mão dupla e rurais. Nós víamos várias lavouras, enchentes relâmpago, tempestades de poeira, erosões devastadoras, pragas de gafanhotos e fazendas falidas. O Dust Bowl de Oklahoma já era história, mas o meu livro de Geografia tinha fotos de erosão séria na Georgia. Mesmo levando em conta que isso tinha acontecido décadas atrás, mesmo assim a agricultura usou e gastou os seus recursos mais básicos, particularmente solo e agua. A negação da realidade incluía se recusar a ver que o clima afetava a perda de solo e a perda de solo afetava o clima.
Eu era um garoto da cidade que, em raras ocasiões, tinha algumas experiências de verão em fazendas. Em 1970 eu estudei Microbiologia de Solo no meu curso de Bioquímica e, na ocasião, eu achei um pouco estranho que não havia nenhum estudante do curso de Agricultura na nossa turma. Mesmo assim o professor e o curso foram excelentes. Muito trabalho de laboratório e foi muito gratificante e divertido.
Quando eu iniciei a produção de alimentos, eu acreditava que os produtores sabiam o que estavam fazendo, então eu copiava os seus exemplos e arava e gradeava os meus campos de uma lado ao outro. Isso colocava oxigênio no solo enquanto eliminava blackberries e outras invasoras perenes, mas isso devastava a biologia do meu solo ao mesmo tempo em que canalizava as energias do terreno para o crescimento de apenas um único tipo de planta, nesse caso o sorgo. Para mim isso parecia óbvio. Eu estava matando o meu solo aonde quer que eu olhasse. Enquanto o sorgo emergia, eu via isso nos canais de chuva que escorriam e cruzavam o campo, na forma em que o solo formava crostas e nas poças de agua que levavam dias para secar. Eu notei tudo isso logo no primeiro ano, mas levou algum tempo para que eu percebesse as implicações, talvez porque eu não tivesse começado com muita vida nos meus solos.
Para a minha sorte eu comecei com um talhão de 10 acres ( 4.5 ha) cujo melhor terreno tinha 1.5% de matéria orgânica, pH de 5.2, pedras as toneladas, brejos e valetas horríveis. A maior parte do solo de superfície (top soil) não existia devido a erosão. Na superfície, entre várias invasoras anuais e perenes, existiam rolos de carpets podres, plástico mylar, arame farpado, barracos derrubados e lixo antigo. Eu removi umas duas carretas de lixo. Depois eu arei e gradeei, matando ainda mais o meu solo já quase morto.
Eu aprendi algumas duras lições, mas se eu tivesse começado com uma terra boa eu nunca teria aprendido como consertá-la. Felizmente, eu logo percebi que eu não poderia jamais cultivar nada ou usar qualquer método que não construi-se o solo. A Fertilidade do Solo foi a base do vigor da mina propriedade. De algum modo, no fundo da minha mente, eu sempre pensava na minha fazenda como tendo uma identidade coerente nas quais as suas várias atividades se encaixassem e contribuíssem para o sucesso de todas elas, embora a princípio não parecesse com isso.
Naquele inverno, após a safra do sorgo, eu rezei humildemente e agradecidamente para encontrar o que eu precisaria saber. Esse foi o primeiro passo porque na primavera seguinte a minha vizinha, Shabari, me apresentou Peter Escher que se tornaria meu mentor em agricultura biodinâmica *. ( N.T. – Shabari Bird, viúva de Christopher Bird autor do best seller “A Vida Secreta das Plantas” e varias outras obras)
Rede Alimentícia do Solo ( Soil Food Web )
Enquanto eu estabelecia uma pequena horta comercial, eu ouvi falar sobre algo chamado Rede Alimentícia do Solo. Eu começei a estudar essa comunidade microbiana de organismos do solo e o nome fez todo o sentido. Eu podia imaginar a rede alimentícia do solo como uma comunidade simbiótica de microrganismos aonde centenas de milhares de formas de vida diferentes trabalhavam juntas harmoniosamente, compartilhando os seus trabalhos. Eu senti a certeza que esse eco sistema sinergístico poderia vivificar (dar vida) e unificar toda a minha propriedade, a minha entidade da fazenda. Eu começei a encorajar esse processo com os Sprays de Campo de Pfeiffer ** ao redor da casa, na estrada que leva a rodovia, ao longo do córrego, cercas, caminhos e divisas- nos campos também.
As ervas desapareceram exceto por algumas poucas espalhadas por toda a propriedade. O trevo começou a crescer abundantemente; o capim ( pasto) emergiu mais cedo no início da primavera e permaneceu verde por mais tempo no outono. A inteiração se tornou mais e mais dinâmica entre o que acontecia acima do solo durante o dia e o que acontecia no solo durante a noite.
_____________________________________________________
* Agricultura Biodinâmica é um sistema agrícola regenerativo, auto suficiente baseado nos insights de Rudolf Steiner.
** Quando jovem, Ehrenfried Pfeiffer foi auxiliado em seus estudos por Rudolf Steiner. Quando ele imigrou para os Estados Unidos, e com a ajuda de Peter Escher, estabeleceu laboratórios em Spring Valley, Nova York. Pfeiffer tinha uma tarefa a cumprir. Steiner dizia que a coisa mais importante era aplicar os benefícios das preparações do Curso de Agricultura em áreas as mais extensas possíveis na terra inteira por seus efeitos curativos e para a melhoria dos produtos agrícolas em todos os aspectos. Isso levou Pfeiffer a produzir o seu Field Spray ( Spray de Campo), o qual continha todas as preparações biodinâmicas exceto a 501 ou Silica de Chifre.
_____________________________________________________
Tendo estudado Química, o que a literatura biodinâmica dizia sobre o Cálcio e a Silica e o que Peter me mostrou , fazia todo o sentido; eu não conhecia quase nada sobre Steiner, porem pelo menos ele era bem preciso sobre a nomenclatura química para nomear Óxido de Cálcio quando ele dizia “Lime” ( calcário) e Dióxido de Silício quando ele dizia Silica. Então, Steiner era um químico. Estranhamente, a biodinâmica era a única forma de agricultura que eu conhecia que considerava a silica era importante, mesmo que a silica perfaz alguma coisa perto de 52% da crosta terrestre. A agua pode vagarosamente arranha-la, porém ela é quase inerte e é a ultima coisa a ser lavada das praias. Eu também sabia que a silica é estrutural assim como o carbono. Ela forma paredes celulares fortes, tecidos conectivos e vasos de transporte. É parte integrante de exo-esqueletos de insetos. Ela cria o recipiente que contém e circula o protoplasma mineral/proteico dos organismos vivos.
Eu sabia que a silica fazia fibras, cabelos, pelos e as veias em linha reta das plantas, porém eu ainda tinha muito o que aprender. Gramíneas são silício dominantes enquanto que as leguminosas são Lime ( Cálcio ) dominante. Os carboidratos seguem a silica e a proteína segue o Cálcio ( lime ). Obviamente os fungos de solo, com seus micélios tipo linhas estão no nível mais baixo da cadeia alimentícia da silica, e eles são o que faz a Rede Alimentícia do Solo ser de fato uma rede. Eles são ideais para recolher e conservar a silica. As bactérias estão mais do lado do Cálcio uma vez que elas reciclam as proteínas, mantém o fósforo ativo e fixam nitrogênio.
Actinomicetos e Fungos Micorrízicos conservam nutrientes perdidos, armazenando-os em grandes complexos de carbono/nitrogênio conhecidos por ácidos húmicos e fúlvicos. Animais unicelulares chamados protozoários, junto com outros animais microscópicos maiores, contribuem para a consciência de senso/desejo uma vez que eles escolhem e coletam o que ingerir e digerir, enquanto excretam um fluxo constante de nutrientes recém processados (frescos) ao redor das raízes das plantas. Isso alimenta o crescimento e fotossíntese vegetal.
As plantas alimentam, com seus exsudatos ricos em carboidratos, açucares complexos para a rede alimentícia do solo em troca de minerais e amino ácidos. Os animais do solo, intensificam ainda mais esse sistema com suas consciências inteligentes e sua digestão. De forma ideal, todos os nichos ecológicos estão preenchidos, assegurando que o perfil do solo transborde com a atividade vital. Daí então nenhum trabalho resulta por ser feito. Com uma rede alimentícia do solo saudável, tudo interage e mantém a mesma frequência ( resonate ) em conjunto.
Aprimoramento
Tem se tornado minha meditação diária perguntar a mim mesmo, o que eu poderia fazer para estabelecer o crescimento e melhorar essa reserva biológica e fonte de vida para que ela permeie cada canto da minha fazenda. Quando eu escutava com um ouvido no solo eu imaginava que podia ouvir fracamente a rede alimentícia do solo zumbindo, respirando, girando, tecendo, gorgeando, gemendo, suspirando, dormindo e, especialmente no inverno, acordando e renovando a si própria. Eu estava cultivando um eco sistema, uma equipe, uma metropole diversa de microrganismos cuja complexidade faz uma cidade como Tóquio se parecer a uma cidadezinha do interior.
Reduzindo o Preparo do Solo
Com o passar dos anos eu consegui algumas vacas e pastoreava rotacionalmente minhas ladeiras, valetas, linhas de cerca, laterais de estradas e divisas, estabelecendo uma rede alimentícia do solo integral em toda a fazenda que assegurava que tudo estava trabalhando junto. Para o meu mercado de hortaliças eu cortei canteiros de um metro de largura em um terreno previamente estabelecido com gramíneas, trevos e folhas largas. Eu cortei bem rente ao solo a vegetação nos locais de trafego ao redor e entre os canteiros, e usei as gramíneas, o trevo e as ervas cortadas como alimentação fresca para o meu gado ou como cobertura morta ( mulch ) que alimenta as minhocas. Todo solo nu foi coberto, plantado e usado para alimentar alguma coisa. Minha caminhonete e trator andavam por sobre os canteiros permanentes ( com as rodas nos locais de trafego ) e eu nunca pisava ou dirigia onde eu plantava, e nem eu plantava aonde eu andava e dirigia. Isso me deu um controle de trafego sem usar GPS e manteve a minha rede alimentícia do solo sempre prosperando e florescendo. Assim que a minha fazenda se encheu de vida, o banquete de pasto dos caminhos eram super alimentos para as vacas, porcos e galinhas e eu cheguei ao ponto onde o pasto dos caminhos crescia tão rápido que eles precisavam ser cortados semanalmente. A rede alimentícia do solo intacto ( sem perturbações ) nos caminhos ( entre os canteiros ) alimentavam os canteiros e os resultados era surpreendentes.
Os benefícios da alimentação e melhoramento da rede alimentícia do solo continuavam se somando. Eu tomaria conhecimento da Teoria do Caos e eu aprendi a nutrir minhas divisas ( limites ) para que elas alimentem organização para os meus canteiros. Minhas melhores hortaliças cresciam nos limites dos canteiros. Eu descobri que eu podia espalhar o meu composto, calcário, pós de rocha, micronutrientes e preparações biodinâmicas em todos os lugares, alimentando caminhos, laterais de cercas e divisas ( limites ) assim como as minhas lavouras.
Eu substitui o meu subsolador, arados verticais e rotativas por um FLAC Spader de um metro de largura feito na Italia, cuja ação inteligente e adorável simplificou e melhorou o meu processo de preparo de solo. ( N.T.- Esse implemento é capaz de incorporar plantas de cobertura ainda verdes e preserva bem a estrutura do solo ). O leite que a minha vaca dava originário da sua ração diária de vegetais picados era maravilhosamente doce e cremoso , e fazia yogurt queijo e manteiga. Ao construir os meus níveis de Boro, o trevo tornou-se dominante nos meus caminhos e limites e eu comecei a obter todo os meus amino ácidos da fixação biológica de Nitrogênio.
Canteiros e Caminhos

Fig. 1 – Canteiros da Horta Comercial em meio a uma vizinha Rede Alimentícia do Solo
Agora eu roço os caminhos e coloco nos canteiros como mulch o capim cortado. Quando coloco cobertura morta nas abóboras, batatas, gengibre ou cúrcuma, eu suplemento com feno para uma cobertura morta que dure todo o verão. Parte da minha horta para o mercado local, qua agora pertence aos vizinhos, é mostrada acima.
Olhando para o passado, eu levei oito anos para perceber o que deveria ter sido óbvio. Aração, gradeação e deixar o terreno todo descoberto por semanas ou meses no final não apenas mata as minhocas. Isso paralisa, leva a inanição e mata toda a rede alimentícia do solo. Por outro lado, o cultivo em faixas nos canteiros em um solo com a rede alimentícia do solo não perturbada, cria kilometros de divisas ( limites ) entre os canteiros cultivados e o carpete de raízes dos caminhos que os circundam. Afinal de contas, é simples física que a organização surge nos limites. Dessa maneira as influencias delicadas das luzes das estrelas e do luar envolvem a atmosfera com o solo para a fixação de Nitrogênio e a química das proteínas. A medida em que a rede alimentícia do solo é vivificada, a vida animal da consciência-e-desejo se torna bem alimentada e prosperante. A medida em que a digestão animal produz a consciência animal, a horta e a rede alimentícia do solo se tornam concientes e inteligentes. Eu acredito que se alguém experimentar tal alimento nem que seja apenas uma vez , elas irão querer um fornecimento constante se elas conseguirem encontrá-lo.
Os agricultores biodinâmicos chamam essa consciência e desejo animal de astralidade. As plantas dependem da atividade digestiva ao seu redor para o fornecimento de nitrogênio. Os animais internalizam a sua digestão de proteínas e a sua montagem de amino ácidos ocorre no centro do seu corpo. Isso os torna totalmente conscientes das suas circunvizinhanças. Eles experimentam o mundo ao seu redor então como uma experiência interior porque eles obtém as suas forças do nitrogênio do seu trato gastrointestinal.
Atividade Vital
Ordem e Organização são as bases da vida, e a vida é o que atrai ( envolve ) os minerais do solo. A maioria dos solos hoje em dia é deficiente em vida. Comparem um composto bem humificado, escuro, estruturado com um fertilizante químico. Qual dos dois está vivo, acrescenta vida e alimenta a vida ?
Obviamente, cerca de 97% de qualquer organismo vivo provem da atmosfera – que é carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio e enxofre. Os níveis de Carbono, Nitrogênio e Enxofre estão presentes em algumas analises de solo, mas o hidrogênio e oxigênio das chuvas e orvalho são geralmente ignorados. Com solos equilibrados e prosperando na atividade vital, eles estão conectados e são permeados pela atmosfera. É como se estivéssemos andando em um tapete grosso. Não existe necessidade para se preocupar com nitrogênio ou enxofre. A rede alimentícia do solo conserva os dois. Somente cerca de 3% da nossa biomassa provém do solo de qualquer maneira; o resto vem da atmosfera.

Fig. 2 – Essa é a minha nova horta de 2 anos num terreno declivoso com uma cerca contra veados. Estou começando tudo de novo.
Isso é o que permite a colheita dessas dádivas atmosféricas, porém os minerais do solo são também essenciais para a atividade vital.
A maioria dos solos é carente de Enxofre, embora a chuva fornece sempre um pouco. E a maioria dos solos são deficientes em Boro, Silício, e N-amino ácidos também. A palavra chave aqui é “disponível “. Se você fizer uma analise dos níveis totais ela irá demonstrar que existem quantidades suficientes de todos eles, porém é preciso vida para torna-los disponíveis e vida para impedir que a chuva os lixivie. A maioria dos solos é mais deficiente em vida do que qualquer outra coisa e o enxofre é aonde a vida pela primeira vez acontece.
Uma vez que existe enxofre suficiente na chuva somente para a manutenção, e não o suficiente para reparar rapidamente as deficiências, Gesso agrícola ( Sulfato de Cálcio) ou Enxofre elementar podem ser necessários para abrir o solo e iniciar rapidamente as coisas. Se o solo necessitar de calcário, fosfato de rocha ou potássio, aplique esses também e faça uma analise de solo criteriosa e abrangente para saber quanto. Até que o solo esteja prosperando, um ou dois kilos de Borax ou qualquer outra forma solúvel, por hectare pode ser necessário de uma forma regular para melhorar a absorção de nutrientes. Todas as demais deficiências deverão ser corrigidas e é nesse ponto que nós nos chocamos diretamente com a deficiência de nitrogênio. O segredo para a fixação de nitrogênio é vivifivar toda a rede alimentícia do solo. Todo nutriente é importante incluindo cobalto e molibdênio mas principalmente a energia do carbono líquido dos exsudatos radiculares. Humatos fósseis ajudam bastante. Solo descoberto precisa de mulching e sementes porque isso alimenta e protege a vida do solo. Doses moderadas de Farinha de Sangue, Farelo de Soja, Farinha de Copra, emulsão de peixes, ou outras fontes ricas em nitrogênio para a rede alimentícia do solo, poderão ser exigidas para preparar e ajustar a “bomba” de fixação de nitrogênio. Espalhe esses inputs finamente sobre a superfície para alimentar a vida animal do solo e não exagere. Pequenos animais do solo se alimentarão disso e excretarão os restos aonde eles são mais necessitados. Repita quando necessário. Em Agricultura se um pouco é bom, um pouco menos frequentemente é geralmente melhor. Vários animais do solo são microscópicos, porém mesmo as formigas e as minhocas irão distribuir os seus presentes para a rede alimentícia do solo melhor do que qualquer maquinário. Evidentemente, uma vez que a atividade do solo obtém a necessária fixação de nitrogênio trabalhando adequadamente, as adições de nitrogênio deverão ser interrompidas. E para alimentar a Dominância Fúngica aqui está uma receita de Drench ( rega ) de solo com ácidos humicos:
10 L/ha de Humatos Liquidos para alimentar os fungos benéficos.
2 L/ha de ‘Minerais do Mar’ ( proporciona uma gama completa de minerais-traço)
5 L/ha de EM fermentado e ativado ( inibe a nitrificação )
1 L/ha de Melaço ( alimento bacteriano )
1 L/ha de Acido Fúlvico liquido ( quelatizante mineral e alimento bacteriano )
500 gramas/ha de Solubor ( para pressão de seiva )
400 gramas/ha de Kelp em pó ( elementos-traço raros e hormônios )
Ativador de Solo Biodinâmico ou Field Spray do Dr. Pfeiffer que inclui BD 505 (Casca de Carvalho, reverte a nitrificação) e BD 508 (Cavalinha, apoia a disponibilidade do silício) e 400 L/ha de água ( para a pulverização com os jatos dirigidos ao solo para que esse drench (rega) penetre no solo, nas pastagens ou em campos das grandes lavouras para alimentar toda a rede alimentícia do solo.
Produtores convencionais que estejam se convertendo da aplicação de fertilizantes nitrogenados para a fixação de nitrogênio atmosférico deverão adicionar 20 kg/ha de Ureia mensalmente para fornecer nitrogênio numa forma que rapidamente se torna biológica com pouco ou nenhum efeito tóxico para as plantas ou para os microrganismos fixadores de nitrogênio ( N.T. – Deve ser por isso que a certificação orgânica em Cuba, autoriza o uso de até 20 kg de uréia por hectare/ano ). Isso mantém as coisas crescendo aos níveis de produção anteriores enquanto se substitui taxas de uso de uréia de até 100 kg/ha/mês. A rega (drench) de pastagens ou campos de feno (alfafa, tifton, etc..) com esse drench de ácidos humicos após o pastoreio ou após o corte para a fenação, é um grande apoio para a fixação de nitrogênio ( N.T. – Aparentemente na Australia e nos EUA eles não fazem uso da técnica de Multiplicação On Farm porque senão já estariam usando também o Azospirillum brasiliense ou qualquer outro microrganismo fixador de N nesse mesmo drench). Os Minerais Marinhos asseguram a disponibilidade de todos os micronutrientes incluindo aqueles sobre os quais ainda sabemos muito pouco. Na medida em que a capacidade fixadora de nitrogênio cresce, as aplicações de uréia deverão ser gradualmente reduzidas a zero. Se estiver cultivando Alfafa, faça o drench desde o início sem a uréia.
Tenha em mente que a receita para a produtividade da fazenda é alimentar a rede alimentícia do solo para que ela construa a organização do solo. Organização é a base da vida, e a vida fará o máximo com o que já existe por lá.
Abundância incrível
A Agricultura moderna ignora as nossas reservas mais importantes, e não apenas a profusão de nitrogênio no ar. O Nitrogênio perfaz 78% da atmosfera e é essencial para química da proteína, divisão celular, crescimento e reprodução. Porém, eu também me refiro ao Silício que perfaz mais de 50% do solo. O Silício é essencial para a contenção, transporte e integridade estrutural necessária para produção livre de doenças, ótimos aromas, sabor e nutrição. Considerando a sua importância, nós precisamos parar de ignorar a nossa abundância de nitrogênio e silício e começar a explorá-los convenientemente.
Nitrogênio
A confusão da agricultura moderna sobre o nitrogênio é tão completa que você pode até pensar que ela foi criada pela própria industria de fertilizantes. Porém, conspirações não podem ser culpadas pela nossa cegueira cultural a respeito da inteiração atmosférica com o solo. Produtores continuam a comprar maquinas cada vez maiores que expulsam o cada vez mais o ar do solo. Depois eles gastam pesado em sais nitrogenados, após o que eles gastam ainda mais para consertar os efeitos colaterais. Enquanto isso, a fixação biológica de nitrogênio exige um complemento denso de cations metálicos para que possa decolar. Molibdênio é essencial para as enzimas Nitrogenase e Nitrato Redutase e o Cobalto, na forma de vitamina B12 é essencial para a atividade digestiva do solo. Felizmente, o licor xaroposo que sobra após a evaporação da agua quando da obtenção do sal de cozinha da água do mar, contém todo e qualquer mineral-traço, outra abundante reserva.
O Nitrogênio, o primeiro anion da Tabela Periódica, é tão sensível a luz que ele esconde a sua beleza e aptidão em auto aceitar e conduzir a luz passivamente. Ele apenas se abre e compartilha a sua inventividade e sabedoria com os outros elementos aonde prevaleçam a escuridão e a pressão. Então, o Nitrogênio se torna o veículo da consciência, sensação e desejo – o que os agricultores biodinâmicos chamam de astralidade. Ele é especificamente sintonizado aos cations do solo. Esses são metais que, como átomos, ressoam como musicas maravilhosas. Hidrogênio, Cálcio, Magnésio, Potássio, Sódio e elementos-traço tocam como uma sinfonia vibrante para os anseios mais íntimos do Nitrogênio.
Não é preciso muita luz para paralisar o Nitrogênio, cuja sensitividade intensa anseia pela pressão, escuridão e imersão na química sinfônica da complexidade catiônica do solo. As leguminosas engajam o Nitrogênio pela liberação dos cations do solo e pela nutrição dos microrganismos fixadores de nitrogênio.
Lembre-se do Silicio
Num sentido mais amplo a missão de construir uma rede alimentícia do solo viva requer duas coisas : Maximizar a produção de biomassa e maximizar a atividade digestiva. Cada uma depende da outra. Isso constrói a vida no solo e assegura a disponibilidade de ambos, nitrogênio e silício.

Fig. 3 – Fazendo composto humificado na YLAD Living Soils, Young, New South Wales.
A produção de biomassa combina o Dióxido de Carbono e a agua em uma cascata de carboidratos que proporcionam energia para os processos vitais. Por outro lado, a maximização da atividade digestiva assegura que os animais reciclem e transformem a biomassa enquanto reciclam o velho crescimento para que o novo crescimento possa ocorrer. Animais do solo enterram e aumentam a disponibilidade de oxigênio e nitrogênio, o que acorda o solo e o torna inteligente.
O Sol conecta com com o silício na copa das arvores para sacar nutrientes do solo. A silica amorfa liquida é quase sempre deficiente devido ao cultivo e a perda da rede alimentícia do solo. Mas quase todos os solos contém bastante areia, que é inerte exceto nas suas superfícies. Argila é silicato de alumínio, com partículas menores e maior superfície, porém isso também é insuficiente para termos um produção robusta.
Frequentemente, o silício recém liberado das superficies da areia e das argilas não é suficiente para produzir safras livres de problemas. Como um fluido amorfo, o silício, na maioria das vezes, provém da digestão de resíduos de cultura pela rede alimentícia do solo e de suas reservas de humus. Construir uma rede alimentícia do solo robusta é crucial porque níveis elevados de silício disponível melhoram a fotossíntese, o transporte e a resiliência da planta.
Poderíamos imaginar que o uso do esterco verde iria acelerar a liberação de silício dos restos de cultura. Porém, ele faz isso tão bem na medida em que os amino ácidos do esterco cru rapidamente se oxidam a nitratos e, essa abundância de nitratos, lava o silício enquanto enfraquece as paredes celulares, o transporte e a fotossíntese. As plantas se tornam viçosas porém fracas. Por outro lado, compostando com 10% de terra ( argilosa ) , estabiliza os amino ácidos que a rede alimentícia do solo armazena com complexos argila/humus a serem liberados conforme as necessidades das plantas. Isso conserva ambos o nitrogênio. Composto humificado vale facilmente dez vezes mais que o valor do esterco cru. Esterco fresco cria mato alto e lenhoso, que é o expediente de que a Natureza dispõe para conservar os nutrientes.
A disponibilidade do silício exige equilíbrio. Sem digestão, o crescimento velho fica impedindo o caminho no crescimento novo, enquanto que nutrientes-chave permanecem bloqueados no crescimento velho não reciclado. O crescimento velho deve alimentar o crescimento novo ou a Natureza não funciona. Encontrar o o equilíbrio correto nos ensina como tirar o melhor proveito do lado animal da Natureza. Porém, isso não tem a ver somente com gado e a criação. Isso inclui os animais do solo tais como protozoários unicelulares junto com vários artrópodes, nematóides, colembolos e animas mais superiores como formigas e minhocas. Isso não significa perder de vista os benefícios do gado, porcos e galinhas, mas vamos lembrar que plantas e animais precisam um do outro. Imaginar que de alguma maneira você pode ser produtor sem animais é totalmente absurdo.

Fig 4. – O FALC Spader de 1 metro de largura. Esse implemento significa um grande avanço em termos de preparo de solo sobre os demais.
De todos os animais de fazenda as vacas são especiais. O seu sistema digestivo é extremamente completo. Elas sobrevivem comendo capim e trevo os quais ela fermenta e re-mastiga ( remoem ) antes de passa-los por novos banhos enzimáticos, câmaras de digestão protozoária e ação peristáltica. O seu esterco é depositado em montes consideráveis pelos seus pastos onde bactérias, fungos, besouros rola-bosta e outros insetos, pássaros e animais de quatro patas podem pilhar e espalhar. Potencialmente, esterco de vaca é um substrato rico para mais vida, e ele faz o melhor e o mais suave composto e deve ser usado para isso. Se o esterco de vaca não for usado por outras formas de vida, seus amino ácidos se oxidam a nitratos. Conforme os nitratos lixiviam, as plantas ao redor parecerão viçosas muito embora elas sejam fracas e tóxicas ao ponto das próprias vacas evitarem come-las.
Radiônica e Eficiência
De uma maneira prática, a maioria dos produtores não precisam de trabalhos extras para fazer. A preparação de um Drench de Solo On-Farm implica em dissolver-mos o ácido humico seco, kelp e ácidos fúlvicos em pó, fermentar e ativar o EM e os chá de composto ( N.T. – E também o extrato de composto, que é mais eficiente ), misturar as preparações biodinâmicas e misturar tudo junto para as aplicações. E isso deve incluir a mistura ( dinamização ) adequada dos preparados biodinâmicos. Tudo isso precisar ser feito antes da pulverização e da lavagem. Será que vocês podem fazer isso com a frequência que eles gostariam ?
Devido a isso, eu faço um dispositivo etérico similar a rádio de cristal ajustado para irradiar padrões de preparados biodinâmicos 24-7-365 para toda a fazenda. Junto com isso eu uso também um equipamento radiônico para conferir padrões as minhas fermentações e pulverizações antes de aplicá-las.

Fig. 5 – Milho e Soja com 21 dias. O mato saiu também, porém permaneceu no estágio de cotiledones devido a falta de nutrientes solúveis. As sementes maiores do milho e da soja liberam nutrientes para atrair os organismos benéficos para interagir com os seedlings. A rede alimentícia do solo dos arredores re-coloniza as linhas de plantio mais rapidamente se elas não forem cultivadas após o plantio.
Antes do café da manhã e antes do jantar, quando o sol está próximo do horizonte, eu ajusto programas radiônicos para aplicar padrões adequados de preparações biodinâmicas via um mapa aéreo da fazenda com os seus limites demarcados.
Isso ajuda a integrar e a equilibrar as atividades na fazenda como um todo coerente. Se eu pudesse encontrar um serviço de pulverização que fosse confiável que pudesse misturar e pulverizar as minhas fermentações, drenchs de solo e remédios biodinâmicos eu pagaria pelos serviços deles e economizaria recursos e tempo preciosos. A maioria das pessoas não faz a menor idéia de quantas horas os produtores agrícolas trabalham por semana.
Para aqueles que gostam de fazer tudo por sí próprios, aqui estão algumas coisas para ter em mente. Sulfatos ácidos, se presentes na agua da mistura, podem combinar com humatos potássicos alcalinos e precipitar como uma lama insolúvel. E, existem sulfatos suficientes nos Minerais Marinhos ( N.T. – Sea Minerals é um produto existente nos EUA e Australia que consiste de agua do mar onde eles retiram até 95% do Sódio e deixam os demais minerais para uso agrícola e pecuário ) que torna aconselhável misturar primeiro os Minerais Marinhos com o EM ativado antes de acrescentar os humatos concentrados já que as culturas de EM reduzem a tendência dos sulfatos a combinar e precipitar com os ácidos humicos. Por outro lado, é igualmente aconselhável misturar o Boro solúvel ( Solubor, Boro Mais, etc…) com os ácidos humicos antes de misturar com o EM, melaço e Minerais Marinhos. Você vai ter que descobrir o que funciona melhor para você,
Cobertura do Solo
Por ultimo, mas não menos importante, o solo descoberto irradia calor para a atmosfera, porém a vegetação captura carbono e alimenta o solo enquanto o refresca. O aquecimento global não pode ser uma surpresa considerando o fato de quantos agricultores deixam os seus solos descobertos ao redor do mundo – agora mais do que nunca.
Ajuda muito ter em mente que as atividades vegetais como fotossíntese pertencem ao dia e a atmosfera, enquanto que as atividades animais como digestão pertencem a noite e ao solo. As plantas crescem para a atmosfera enquanto que os animais se enterram no solo. Plantas levantam as coisas e os animais mastigam elas para baixo. Manter essas atividades em equilíbrio torna a agricultura robusta e eficiente.
Assista ao vídeos de Gabe Brown no You Tube também veja o website de John King : https://pureadvantage.org
Sumarizando
Eu imagino uma propriedade rural como um organismo vivo que respira e cresce incrivelmente vivo e coerente dentro dos seus limites ( divisas, bordas ) . É também uma célula do corpo do planeta Terra vivo. Os seus processos são refletidos nos processos do corpo humano aonde o diafragma humano é como a superfície do solo. O que acontece na sua cabeça é similar ao que acontece no solo, o que acontece nos seus intestinos acontece na copas das arvores e plantas. A fazenda e o seu alimento refletem o sistema solar e o cosmos que nos circundam, assim como o contexto informa o conteúdo.

Fig. 6 – Milho plantado com soja e com preparações biodinâmicas aplicadas radiônicamente e nenhum outro input de fertilizantes em canteiros de um metro de largura preparados pelo spader diretamente na rede alimentícia do solo.
Muito interessante a publicação.
Professor, poderia explicar um pouco mais a respeito da relação entre os adubos solúveis e o mato? Existe publicações falando mais a respeito disso?
CurtirCurtir
A Natureza é um livro aberto. Basta você e olhar e ver. Mas é preciso ver. Não é suficiente apenas olhar.
Sinceramente, eu fico boquiaberto hoje em dia quando as pessoas preferem acreditar mais “em publicações a respeito disso ”
do que nos seus próprios olhos. Ouve uma total inversão de valores.
O que está escrito vale mais do que os seus olhos estão a lhe mostrar.
Por acaso você nunca reparou em uma bosta de vaca no pasto ? O que aquilo está a lhe dizer ou a lhe demonstrar ?
Qual o motivo do capim naquela pequena area ser mais viçoso ? E por que as vacas evitam comê-lo ?
Pense a respeito disso e se ainda tiver algum tipo de dúvida me fale porque terei imenso prazer em lhe explicar.
CurtirCurtir
Por outro lado quando você me pede “existem publicações falando mais a respeito disso “, como eu deveria interpretar
essa sua pergunta ?
Que simplesmente vc não acredita suficientemente no que o autor do artigo disse e quer que eu lhe forneça algum tipo
adicional de informação porque o artigo não foi suficiente para convencê-lo disso.
Eu concordo com o que o autor disse. Você não ?
Se não, então cabe a você procurar evidências em contrário ao que foi dito e não a mim fornece-las..
Attn
José Luiz
CurtirCurtir
Eu pedi alguma publicação como referencia, para que o senhor não tenha o trabalho de explicar tudo aqui. Com alguma direção eu mesmo posso pesquisar e lhe poupo o trabalho de faze-lo. Acredito que o senhor deva ser uma pessoa bastante ocupada. Foi nesse sentido a minha pergunta.
Por mais que nossos olhos percebam os sinais a nossa volta, existem explicações para esses eventos. Acompanho o blog pela capacidade que o senhor tem de explicar conteúdos complexo em textos leves e bastante didáticos. Admiro muito isso.
Minha pergunta foi sob mais detalhes da relação entre adubos solúveis e o mato.
CurtirCurtir
Boa Noite
Veja bem Flávio, o meu blog veicula conhecimento que não são emanados pelas academias.
Uma das razões desse blog existir é exatamente porque achamos que a academia não tem feito um bom trabalho com relação a agricultura.
E se eles não tem feito um bom trabalho, uma das principais razões, é porque ainda acreditam em fertilizantes solúveis.
Veja bem, a academia ainda não leva em consideração o silício até hoje.
A academia não está nem ai se você deixa o solo descoberto. Se você usa herbicidas para controlar o mato. Se você usa fungicidas para controlar fungos, as custas da eliminação dos fungos de solo que é a fração mais importante para a fertilidade.
Quando você se refere a fertilizantes solúveis no caso você está se referindo basicamente a nitrogênio solúvel na forma de
nitratos e ao potássio solúvel.
A academia não se interessa por esse tipo de coisa. Pra eles tanto faz. Portanto, nenhum acadêmico irá escrever sobre isso e muito menos pesquisar sobre isso porque nenhuma agência financiadora de projetos de pesquisa vai se interessar por esse assunto e muito menos financiar qualquer pesquisa sobre o assunto.
Então, diante disso como é que eu posso lhe recomendar alguma publicação acadêmica ?
O conhecimento que existe sobre esse assunto está espalhado por toda a literatura sobre a Agricultura Biológica que está listada em um artigo que escrevi listando toda as publicações que existem nessa area.
Existe dentro da Agricultura Biológica um consenso ( Kinsey, Andersen, Wheler, Jon Frank, John Kempf, Rabenberg, Lovel, Graeme Sait e outros) de que saturações de base acima dos 7% com Potássio teria tanta influência sobre o crescimento de mato ( gramíneas ) que até os herbicidas teriam dificuldade em controla-los. Por outro lado é sabido que excesso de nitratos também favorecem o crescimento de gramíneas, bem como reduzem a disponibilidade do silício solúvel, consequentemente enfraquecendo as plantas.
É sabido, e o Hugh Lovel descreve bem sobre isso nesse capitulo. que os nitratos contribuem para eliminar o silício solúvel do perfil do solo, dando origem a plantas viçosas, porém moles e fracas. Isso acontece tanto com o mato quanto com as plantas cultivadas.
Na próxima vez que você for visitar uma lavoura pegue uma folha e esfregue-a entre os seus dedos polegar, indicador e dedo médio, para sentir a textura. Se a textura for de “papel fino” tipo higiênico então ela com certeza está deficiente em silício e na maioria das vezes, e muito provavelmente, por excesso de nitratos.
Quem nunca viu um pé de Amaranto ( Carurú aqui em Minas e São Paulo) que cresce ao lado de uma pilha de esterco ? É grande, bonito e viçoso mas as suas folhas são moles e não atraem a atenção dos animais herbívoros.
Na minha opinião devemos fazer tudo para que o nível de nitratos seja o mínimo possível para evitar a atração de insetos para as plantas. O potássio deve ser mantido de 3 a 5% para as plantas anuais e 5 a 7% para perenes e florestais.
O ideal para as plantas, por todo o processo evolutivo que passaram, ao longo de milhões de anos, é que o nitrogênio seja fornecido primordialmente na forma de N-amino ácidos, presentes na matéria orgânica mas principalmente no protoplasma bacteriano e fúngico, bem como em proteínas deixadas para trás pelos fungos micorrízicos após terem cumprido a sua missão, mas principalmente pelo estoque de humus criado pela própria rede alimentícia do solo. Outras formas de vida também produzem amônia como os protozoários. Os nitratos devem ser, de preferência, a minoria das forma de N disponíveis as plantas. Graeme Sait, por exemplo, defende a proporção de 3 : 1 entre N-Amoniacal e N-Nitrato.
Espero ter esclarecido a maioria das suas dúvidas.
Um grande abraço
José Luiz
CurtirCurtido por 1 pessoa
Muito interessante a publicação.
Professor, poderia explicar um pouco mais a respeito da relação entre os adubos solúveis e o mato? Existe publicações falando mais a respeito disso?
CurtirCurtir
Obrigado pela atenção Professor. Foi esclarecedor sim. O senhor tem feito um grande trabalhos através do blog. Vou pesquisar mais sobre os autores mencionados ( Kinsey, Andersen, Wheler, Jon Frank, John Kempf, Rabenberg, Lovel, Graeme Sait e outros). Me interessa muito o tema.
Grande abraço.
CurtirCurtir
Um texto rico em sensibilidade e técnica. Grato pela sua contribuição em meu conhecimento.
CurtirCurtir
Oi Roberto,
Agradeço em nome do Hugh Lovel.
Eu agora resolvi reproduzir ( traduzir e publicar ) todos os textos que consigam expressar aquilo que eu
realmente acredito que aconteça na nossa realidade agrícola.
Esse texto também faz parte do meu esforço pessoal para trazer esse autor para o Brasil para que possamos
conhecê-lo melhor e de perto.
Na minha opinião um dos maiores conhecedores, e por isso mesmo, desmistificadores da Agricultura Biodinâmica.
Ele tem o dom de fazer a gente gostar da Biodinâmica exatamente por apresentá-la de forma direta e objetiva.
Um grande abraço
José Luiz
CurtirCurtir
Parabéns Doutor, ótima matéria, aprendi muito, nos ensinando e dispertando para a agricultura do futuro.
Abraço
CurtirCurtir
Agradeço em nome do Hugh Lovel e irei retransmitir as suas palavras a ele.
Fico satisfeito em ter sido a ponte.
Isso me dá ainda mais forças para poder veicular, cada vez mais, esse tipo de conhecimento.
Abs
Jose Luiz
CurtirCurtir
Boa noite, Dr. Vinagre
É sempre um grande prazer ler os seus textos, que nos faz ver o mundo de uma forma bem diferente do que nos mostram cotidianamente.
“O conhecimento é libertador” e a “A ignorância nos aprisiona”, a costumes, a conceitos pré determinados que nos são incutidos desde sempre em nossa “edução cientifica”.
Falo por mim, mas talvez seja o sentimento do Roberto, que se manisfestou acima, de um certo “analfabetismo” que nos dá a sensação de que tudo tem de ser reaprendido, que devemos nos resignar e estudar, daí a importância de fontes confiáveis e mentores como o senhor.
Como já conversamos em outra oportunidade, a literatura em língua portuguesa e espanhola é pífia, o que restringe o acesso a quem não domina a língua inglesa.
Quanto as plantas exuberantes que se desenvolvem em manchas de fertilidade ocasionadas pelo esterco e urina dos animais, sempre vi isto como um objetivo a ser alcançado e que a rejeição temporária seria devido a eventuais odores das dejeções.
Quando se refere a “plantas moles e fracas”, poderíamos avaliar esta condição, também, através do seu brix?
Grande abraço e siga nos iluminando.
CurtirCurtir
Caro Athos,
Agradeço imensamente pelas suas palavras de reconhecimento e de incentivo.
Se eu consigo levar até vocês algum conhecimento que lhes seja útil na sua vida pessoal ou
até profissional, então eu creio que o objetivo principal desse blog do Instituto esteja sendo
cumprido.
Voltando a questão dos nitratos se acumularem em tecido vegetal, isso é um fato. Muitas vezes
não nos damos conta disso mas, de fato, acontece.
Podemos facilmente avaliar isso via aferição da concentração de açucares na planta pelo refratômetro.
O Brix vai mostrar realmente o que está acontecendo.
Você comentou que sempre enxergou essa situação como sendo normal e um objetivo a ser alcançado
mais isso é decorrente da forma como fomos educados e “deformados”, e não formados.
Veja, por exemplo, se o programa oficial do govêrno denominado “Balde Cheio” não objetiva a mesma coisa.
É uréia, em cima de uréia, em cima de uréia. Por ai você tem uma idéia da falta de imaginação desse pessoal.
Seria muito mais inteligente, barato e produtivo sem aplicassem essa mesma uréia junto com acido humico
para diminuir a perda, pela complexação que ocorre, e incluir doses homeopáticas de Molibdênio para melhorar
a conversão dos nitratos em proteínas. As vacas iriam adorar, melhorar a nutrição e o meio ambiente iria agradecer.
Eu só tenho pena mesmo é do meio ambiente porque quanto ao nosso trabalho eu sei que está garantido porque
enquanto a academia estiver pensando desse jeito eu tenho certeza que nós estamos certos e eles errados e,
portanto, o nosso emprego está garantido.
Abraços
José Luiz
CurtirCurtir
bom dia!
Gostaria de saber como adquirir FALC Spader de 1 metro de largura.
obrigada
CurtirCurtir
Boa Tarde
Não faço a mínima idéia. Eu também teria interesse em um implemento desses.
Attn
Jose Luiz
CurtirCurtir
Enviei um e mail para a FALC na Italia. Vamos aguardar.
CurtirCurtir
Qual implemento seria mais indicado para preparo de solo para cana de açúcar orgânica ?
Muito obrigada por tantos esclarecimentos.
CurtirCurtir
Não existe uma resposta pronta e padrão para essa sua pergunta.
Só para vc ter uma idéia, mesmo esse implemento tem diferença em função da textura do solo.
Solos arenosos menos HP no trator e um tipo de implemento. Solo argiloso exige outro
tipo de implemento e mais HP do trator.
Portanto, não tem como responder. Além do mais esse implemento seria mais usado para
o cultivo e não para o preparo de solo.
Na minha forma de ver, sendo a cana uma planta que vai permanecer no solo por vários anos,
o preparo de solo pode ser da forma que quiser porque vc não irá mexer mais no terreno por alguns anos.
A FALC me mandou um catalogo com todos os tipos de implementos tipo Spade.
Eles não tem representante no Brasil. Teria que cotar direto com eles e fazer sua própria importação.
CurtirCurtir
Olá. Sou doutoranda do Instituto Biológico. Estou fazendo testes com o melaço para bactérias biofertilizadoras microaerofilicas. E pelo que li da Dra Elaine Inghan o melaço não deveria ser usado com Compost tea porque ele só ajudaria no crescimento de bactérias anaeróbicas patogênicas. Você pode me passar algumas informações e referências que dão importância do melaço para bactérias biofertilizadoras microaerofilicas?
CurtirCurtir
Prezada,
Conheci a Dra Elaine Ingham em 2002 quando ela ainda estava tentando se estabelecer como profissional
após ter sido expelida da Universidade americana, onde lecionava, por ter orientado uma tese de Doutoramento, na qual chegaram a conclusões a equivocadas e alarmistas, e que a obrigou (e pouca gente sabe disso, pelo visto até você )
a fazer uma retratação pública . A Universidade exigiu essa retratação pública e esse foi o documento que usaram
para embasar o seu pedido de expulsão, Ela foi “expelled”. Period. Para um acadêmico isso é o pior que poderia acontecer.
Depois disso tentou ser professora adjunta ( ou convidada ) em diversas “Universidades” menores e aparentemente conseguiu , à época na Nova Zelândia.
Portanto, a Dra Ingham, foi um das poucas pessoas a terem declarado publicamente o seguinte : “O que eu falo não se escreve”. Ponto.
Diante disso, procurarei esclarecer a sua dúvida.
A Dra Elaine Ingham teve um papel fundamental e importante no estabelecimento no desenvolvimento da técnica conhecida por “Compost Tea “, e portanto serei a ela eternamente grato. Influenciou muito a minha forma de pensar.
Me ensinou muitas outras coisas que foram importantes no desenvolvimento da minha forma atual de pensar
O seu conhecimento é inquestionável e a sua dedicação a causa da produção de alimentos não- tóxicos de ser sempre lembrada.
Entretanto, desde 2002, quando eu a conheci, até os dias de hoje, ela tem mudado a sua opinião por diversas vezes.
Um outro aspecto, e que me chamou a atenção em toda a trajetória profissional da Dra. Ingham, foi o seu posicionamento
maniqueista, quando se trata de anaeróbico X aeróbico.
Veja , e a Dra. Elaine talvez nem saiba disso, a Natureza não é tão simples assim para você sair por ai rotulando as coisas
em aeróbico x anaeróbico. Mesmo porque existem graus de anaerobiose. Existem anaeróbicos facultativos assim como existem aeróbicos facultativos. Toda essa questão não é assim tão simples. No solo, por exemplo, você tem todos os graus de anaerobiose, mas a Dra Elaine não sabe disso porque ela não agrônoma . Ela é, e continuará sendo sempre uma Microbiologista de Laboratório. Ponto.
Ela , quando começou recomendava claramente , e isso está escrito tanto no seu curso
Pre Conference Intensive Study
ECO AG UNIVERSITY ’02
Elaine Ingham, PhD
Improving Soil & Foliar Foodwebs
December , 2002
Como em seu
THE FIELD GUIDE
for Activelly Aerated Compost Tea ( AACT )
by Dr. Elaine Ingham
Agora quando ela efetivamente mudou de idéia eu realmente não sei. Eu mesmo me surpreendi quando voltai a ACRES USA depois de alguns anos é a vi de forma maniqueista dizendo que melaço era ruim. Tente convercer os microrganismos disso porque o melaço é uma ótima fonte de carbono.
Para encurtar a nossa conversa, se vc ainda acredita em Compost Tea, então você tem um problema mental igual ao
da Dra Elaine, e infelizmente eu não tenho conhecimentos para te ajudar nessa área ( Psicologia ) somente no que se refere a Agronomia.
A melhor tecnologia, já demonstrada na prática e em milhares de hectares, seriam tanto as bactérias anaeróbicas facultativas como as presentes no E.M. como o chamado Extrato de Composto.
Quando você elege , por algum motivo, um determinado meio de cultura, quer seja por que você acredita serem os melhores ingredientes ou por qualquer outro motivo, e submete um determinado composto a uma determinada agitação e aeração previamente escolhidas, você irá , depois de um determinado tempo, privilegiar somente algumas poucas espécies em detrimento de outras e esse é o principal engano quando se trata de Compost Tea, e para o qual a Elaine nunca se atentou.
Qual é a sua dúvida ?
Você está preocupada com a opinião da Elaine ou com os organismos que está cultivando ? Pergunte a eles diretamente e não a mim ou a Elaine !
Use o melaço em concentrações crescentes e veja a crescimento !
O que os seus dados estão a demonstrar ? Que diferença isso irá fazer para uma bactéria que nem me conheçe ou nem conhece a Elaine ? Resposta : NENHUMA DIFERENÇA !
Se quiser ser uma pesquisadora de fato esqueça os livros e observe a Natureza. Se os dois não concordarem , jogue os livros fora !!! Dr William A. Albrecht, PhD.
Esse sim fez a diferença.
Se quiser saber mais sobre a Elaine me contacte em 011 97364.1716 WhatsApp pois não tenho coragem de publicar por aqui. A ética não me permite.
CurtirCurtir
Veja em todos os “Compost Tea Brewing Manual “desde a primeira edição e compare por sí própria.
CurtirCurtir