O Verdadeiro Significado de Sustentável

                            “Se você for bom para o solo, o solo sempre será bom para você”

     Na ultima década, especialmente no Brasil, temos visto o surgimento de grupos de agricultores que se auto denominam auto sustentáveis. Embora essa inciativa seja altamente desejável por reforçar a autonomia, auto-estima e intercâmbio de conhecimento e experiências desses agricultores, facilitados pelo surgimento dos aplicativos eletrônicos,  nota-se um flagrante desconhecimento do que venha a ser realmente o verdadeiro significado da palavra sustentável.

     A maioria dos participantes realmente demonstra um indisfarçavel desejo de fazer uma agricultura menos onerosa e, portanto, mais lucrativa. Nada contra ganhar-se mais dinheiro porém é preciso que alguns aspectos sejam ressaltados quando se trata de definir o que vem a ser sustentável. Ser mais econômico não é definitivamente ser sustentável, embora ser mais econômico é sempre uma forma bem vinda de se fazer agricultura.

    Antes de nos aprofundarmos em explicações detalhadas sobre o que vem a ser “sustetável” e preciso que se diga que a agricultura atual como um todo vive um tremendo dilema, ou seja, fazer agricultura usando a fotossíntese fóssil ( vale dizer usando o petróleo) ou faze-la usando a fotossíntese atual, já que a primeira é finita.

    É preciso que uma decisão seja tomada no tocante ao nosso destino como civilização. E, essa decisão no caso do Brasil, diz respeito até a nossa própria soberania. Um país sem reservas minerais que garanta a sua própria subsistência não é um pais soberano. Felizmente esse não é o nosso caso. À rigor não precisamos do Potássio originário da Rússia. Temos suficientes jazidas em Minas Gerais e talvez em outros estados.

    Aliás o uso indevido exagerado do Potássio, que bloqueia a absorção do Cálcio, é uma das raízes do nosso problema de atração das plantas por insetos.

    Sustentável é o que consegue se manter indefinidamente. O que é feito de modo consciente em relação ao meio ambiente ou evitar que as ações humanas o prejudique. Não podemos simplesmente reduzir o significado da vida humana a apenas lucro e prejuízo.

     Sustentável é o que se consegue defender. Defensável. Conjunto de atividades humanas que são realizadas, projetadas e desenvolvidas em favor do meio ambiente, de modo que os seus efeitos não prejudiquem e nem esgotem os recursos naturais ( água, solo  (principalmente a saúde do solo), florestas, etc…) para as gerações futuras.

    A civilização Judaico-Cristã, que norteou toda a nossa colonização, carece de um melhor entendimento das escrituras sagradas, principalmente no tocante a Genesis.

Em Genesis 1:11 foi dito: “cubra-se a Terra de vegetação: plantas que deem sementes e àrvores cujos frutos produzam sementes de acôrdo com a sua espécie “ ( 1 )

      E disse Deus : Produza a terra seres vivos de acôrdo com as sua espécies: rebanhos domésticos, animais selvagens e os demais sêres vivos da terra de acôrdo com a sua espécie. E Deus viu que ficou bom “.( Genesis 1: 24 )

      Então disse Deus : “Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os animais que se movem rente ao chão”( Genesis 1:26)

     Alguns autores são da opinião que o têrmo “ dominar” na verdade seria “cuidar”  ( de steward em inglês )  e que houve uma má tradução e má interpretação. Há 3.000 anos atrás o significado seria outro. E baseado nesse engano, o homem se sente autorizado e tem procurado trabalhar sempre contra a Natureza ao invés de à favor dela. E é exatamente essa a tarefa dos agricultores. Cuidar da saúde do solo, cuidar dos animais e, de maneira nenhuma, tentar subjugá-los a sua própria vontade. Jamais subjugar a Natureza a nossa própria vontade ( 1 ).

    Outro engano oriundo dessa falsa autorização é a conhecida “maldição” da terra (solo). Enquanto continuarmos a considerar insetos e plantas invasoras como “pragas” não iremos ascender a condição de Homo Sapiens. Se existiu alguma maldição , essa foi removida em Genesis 8:21 – O Senhor sentiu o aroma agradável e disse a si mesmo: “Nunca mais amaldiçoarei a terra por causa do homem, pois o seu coração é inteiramente inclinado para o mal desde a infância. E nunca mais destruirei todos os seres vivos como fiz dessa vez “. Se referia o Criador ao Dilúvio, evidentemente.

    Jesus veio ao mundo cercado de animais domésticos. Nunca foi vontade de Deus que o homem, esse ser imperfeito e mal desde a infância, tivesse o poder de subjugar todos seres vivos.

     A pergunta que devemos fazer é a seguinte: O que eu fiz de errado com a minha lavoura para que ela esteja sendo atacada por afídeos ? Existem outras maneiras de nutrir um planta para que ela não atraia afídeos ?

     Felizmente, existe. Entretanto primeiro devemos ascender a condição de Homo sapiens, e depois estudarmos com afinco os princípios da Agricultura Biológica Regenerativa.

Se continuarmos tomarmos decisões agrícolas baseado em reações lineares e imediatismas não estaremos fazendo nenhum juz a nossa condição humana. A Agricultura Convencional não é muito fã do termo Regenerativa porque isso implica em dizer que se uma agricultura é Regenerativa a outra, deve ser então exatamente, o oposto, ou ser Degenerativa, que sabemos ser sim o caso dessa agricultura suicída e imediatista que oxida os solos destruindo a micro vida, polui aquíferos, lagos, Golfo do México, lavouras e alimentos e exaure as nossas reservas de petróleo ou, então não mantém o solo coberto todo o tempo.

    Somos a primeira geração que come alimentos desprovidos de vida ( isto é, que não estragam ) e contaminados e depois quando perdemos a nossa saúde rezamos ao Criador para que restitua a mesma. Quantos sermões vocês já ouviram, falando sobre as origens do cancêr ?

    Não seria melhor, como agricultores, louvarmos o Criador usando métodos Regenerativos que incluam a criação de animais ?

     Existirá maneira melhor de louvar o Criador ?

José Luiz MoreiraGarcia

Fevereiro de 2022.

Referências

1. 1. Salatin, Joel (2016) The Marvelous Pigness of Pigs, Faith Woods New York, Hachette Book Group Inc., 272 pgs.