AGRICULTURA BIOLÓGICA

“NÃO TEM OUTRO JEITO “
Rafael Garcia circa 2002


Quando o meu filho Rafael Garcia, hoje fundador e CEO da Agrobiológica
Sustentabilidade, empresa líder e pioneira na adoção de inúmeras práticas e produtos
inovadores biológicos na Agricultura Brasileira, começou a estudar Biologia com
maiores detalhes no seu curso de Agronomia na ESALQ, circa 2002 , pode se deparar
com a realidade de que a produção de alimentos deveria ser mais uma transação
divina do que uma mera transação contábil ou pior ainda, de engenharia, e perguntou
a sua mãe :
“Mãe, porque as pessoas não acreditam em Deus ? “ .
Sua mãe , na ocasião, lhe respondeu que não sabia mas que gostaria de saber a
origem da sua dúvida, ao que Rafael lhe respondeu :
“ É porque não existe outro jeito “.
De fato , ele tinha razão.
Para ele ficava claro, naquele momento, que não haveria outra maneira de se
praticar a Agricultura de forma sustentável, limpa e amigável ao meio ambiente que
não fosse pelo uso de práticas e manejos biológicos por que essa é a forma certa de se
fazer as coisas.
Existe uma lógica matemática subjacente quando uma molécula se une a outra, porém essa
também é uma transação divina, porque “No princípio era o verbo”, entendendo-se
“logos” como palavra também no seu sentido mais amplo. Então, no princípio era o
Logos.
Sem esse entendimento básico de que há uma lógica pré-existente, que vai reger
tudo o que estamos observando na Natureza, não é possível proceder a qualquer
discussão séria sobre qualquer assunto de forma científica e filosófica.
“ No princípio era o verbo (logos), e o verbo (logos) estava com Deus e o verbo (Logos)
era Deus “. Assim fica mais fácil de ser entendida essa questão.
“O verbo era a ordem total pré existente a existência”, com bem disse o nosso
saudoso Prof. Olavo de Carvalho.
Portanto, fica claro que devemos levar sempre em conta esse aspecto da criação, se
quisermos progredir nessa tarefa hercúlea de regenerar o que foi degradado por
séculos de ensinamento acadêmico errôneo com a famigerada tríade do NPK e
variedades transgênicas para tornar as lavouras resistentes ao glifosato e outros
herbicidas, quando se poderia simplesmente aumentar ( de 15 a 25% para 50 a 75% )
a fotossíntese pela melhoria no manejo e na nutrição mais biológica dessas lavouras e
manejar as invasoras também com técnicas mais inteligentes e menos agressivas ao
meio ambiente.

A verdadeira Agricultura Biológica foi iniciada pelo Prof. William Albrecht, PhD,
quando chamou a nossa atenção para o Equílibrio das Bases, ao invés de simplesmente
olhar-mos míopemente para o pH tão somente. Depois foi aperfeiçoada pelo Doc
Carey Reams, motivo de um livro meu e recente ( 1 ).
A esses conceitos outros se juntaram , sempre alternativamente e os homens ,
sempre a procura de um rótulo e de um mantra, que lhes desse um motivo a mais para
viver, criaram dezenas de outros rótulos e o que atualmente está mais em evidência é
o de “Regenerativa “ por imposição da CEE , leia-se Nova Ordem Mundial.
Entretanto, se pudessemos reduzir a Agricultura ao seu Mínimo Multiplo Comum (
MMC) veríamos que a rigor só existem basicamente duas formas de se fazer as coisas :
Certo ou Errado, não mais importando o rótulo que se queira dar como, Orgânica,
Biodinâmica, Sintrópica, Agroecológica, Sustentável, Regenerativa, etc…
Sob esse novo enfoque de como praticar a Agricultura talvez o certo seja perguntar
as minhocas o que elas aprovam e o que não aprovam ao invés de perguntar-mos ao
funcionário público organocrata sentado confortavelmente em seu escritório em
Brasilia sobre o que fazer e como proceder.
Talvez fosse hora de começarmos a perceber como a nutrição se processa e
pensarmos em dar o devido valor aos elementos criadores da vida como o Enxofre que
“lubrifica “ e ativa todas as superfícies, o Silício nas suas forma amorfas e mais
absorvíveis, contruindo os canais condutores da seiva bem como toda a arquitetura
vegetal, optimizando, dessa forma, a captura dos raios solares e com isso aumentando
a fotossíntese, o Boro na sua capacidade de controlar a pressão de seiva e atuar na
absorção do Cálcio, esse sim o grande construtor das plantas e usado em maior
quantidade em peso e em volume na construção do vegetal, o Nitrogênio sempre no
seu devido lugar, com parcimônia, para não atrair insetos em razão de reduzir o Brix
da seiva, o Magnésio núcleo da molécula de clorofila porém nas suas formas mais
absorvíveis, e não sob a forma de calcário dolomitico, o Fósforo também nos niveis
adequados que muitas vezes pode ser obtido no próprio solo com o auxilio de
microrganismos solubilizadores, em virtude de adições sucessivas recomendadas pela
academia anualmente, o Carbono construtor de todo o material vivo sobre a face da
Terra e por último o Potássio na sua forma iônica colocando ordem em toda a casa.
A partir de agora é preciso dar o devido valôr àqueles micronutrientes usados em
menores quantidades do que os já conhecidos Fe, Mn, Zn e Cu, como o Cobalto,
Molibdênio, Níquel, Selênio, Titânio que protegem as plantas do stresses abióticos,
hoje tão frequentes.
Os oceanos e mares são fontes inesgotáveis de minerais traços, os quais ainda nem
sequer conhecemos a sua verdadeira importância, quando formos capazes de eliminar
o Sódio e o Cloro. Pois já temos essa tecnologia. O que estamos esperando ?
Já está mais do que na hora de reconhecermos o perigo real do glifosato e eliminá-lo
definitivamente do nosso meio. Pesquisas e dados demonstrando os efeitos deletérios
desse herbicida se acumulam dia após dia.

Talvez seja o momento de darmos mais valôr a concentração de sólidos solúveis ou
teor Brix da seiva pelo fato de plantas com brix elevado ( acima de 13 graus ) serem
praticamente imunes ao ataque de pragas , resultando em produtos com maior
qualidade, sabôr e aromas.
Talvez seja o momento de começar a remunerar os produtores pelos teores de
Proteína e de gordura a exemplo do leite. Por que vender soja e milho por saco,
quando serão usamos na alimentação animal e humana e portanto valorados pelos
seus teores de Proteína e de óleo ? Já estamos em pleno século 21. É chegada a hora
de mudarmos determinados parâmetros remunerativos.
E quando isso for feito, veremos que a produção agrícola alicerçada na tríade ignóbil
( NPK ) nos conduz sempre ao aparecimento de pragas que irão requerer os chamados
“ofensivos” agrícolas aumentando sobremaneira o custo de produção, além de
produzir alimentos vazios e de baixa densidade nutricional. Uma coisa puxa a outra.
Quando iremos usar a cabeça ? Quando iremos conduzir os nossos destinos
baseados na lei divina ? Ao invés de nos prostrarmos aos ditames e interêsses
econômicos das multinacionais do setor sempre tão bajuladas pelos nossos
acadêmicos de plantão, ao lhes conferir legitimidade e validar todas as suas
tecnologias, sempre mediante remunerações, a muitas delas comprovadamente
cancerígenas como é o caso do glifosato .
É chegada a hora de dar-mos um rotundo basta a todo esse imbroglio agronegocista
e voltarmos a boa e velha agricultura que originou e permitiu que toda a humanidade
evoluice conforme a conhecemos hoje em dia.


José Luiz M. Garcia
Dezembro de 2023

Referências
1. Garcia, J.L.M. (2022) Agricultura Biológica – Agricultura Não Tóxica para o Século
XXI, Técnicas Avançadas para o Agricultor Sustentável, Ed. Garcia, J. de Fora, 109 pgs.

3 comentários em “AGRICULTURA BIOLÓGICA”

  1. Parabéns Dr. José Luiz, mais uma vez muito preciso e destemido em suas colocações e posições tanto em defender uma Agricultura mais natural e com lógica divina quanto ter a ousadia de se posicionar nesses tempos de queda do Estado Profundo, quanto dizer a verdade sobre nossa ” ciência” e “cientistas”. Minhas mais sinceras admiração por seu trabalho e sua história. Sou um fã declaro de seu trabalho, sou agrônomo, consultor em Cafeicultura, produtor rural e sigo seu trabalho e ensinamentos.
    É a quarta vez completada esse ano que um produtor que atendo fatura um prêmio nacional em qualidade de café, esse ano foi o produtor Pieter Keijers ganhador Cafebras. Utilizando de multiplicação on farm, pós de rocha, composto orgânico de qualidade, compostagem líquida, correção de solo a nível William Albrecht, etc… Então saiba que seus conhecimentos vêm contribuindo aqui na ponta e dando resultado tanto em produtividade como em qualidade dos alimentos produzidos, muito obrigado!!!

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