A Agricultura mundial atravessa à nível mundial um período muito importante e interessante da sua existência.
Uma grande parte dos agricultores hoje em dia já estão mais do que convencidos de que os ensinamentos emanados das universidades agrícolas e centros de pesquisa não garantem alimentos mais saudáveis, quer seja sob o ponto de vista nutricional quer seja sob o aspecto de isenção de contaminantes. Evidentemente que exceções honrosas sempre existirão dentro do status-quo oficial , afinal de contas hoje já temos até cursos de mestrado em Agricultura Orgânica, como é o caso da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a qual eu desde já parabenizo pela iniciativa pioneira.
Entretanto, de uma maneira geral, a agricultura nos últimos 70 anos se transformou em uma guerra constante contra a Natureza. Com ferramentas (inseticidas, fungicidas, herbicidas, nematicidas, bactericidas, etc…) destrutivas, oriundas da indústria química bélica que foram deixadas como herança das I e II Guerras Mundiais, uma atitude belicista foi adotada com relação a produção de alimentos. O pensamento oficial emanado da universidade foi o de que “o homem sempre soube mais que a Natureza e sempre pôde mais que a Natureza”. Nos meios acadêmicos tornou-se até motivo de chacota a simples menção a Deus ou a qualquer outra inteligência superior que pudesse estar regendo os processos naturais.
A atitude arrogante de uma academia que até ontem não sabia nos dizer se determinados alimentos eram bons ou ruins (que hoje sabemos serem saudáveis) como o ovo, a manteiga e as gorduras saturadas animais, bases da alimentação humana durante milhares e milhares de anos, e que avalia dietas com base somente nas calorias proporcionadas pelos alimentos e que estabeleceu critérios de fertilidade de solo tão míopes como aqueles baseados em apenas 3 elementos químicos, quer sejam, o Nitrogênio, o Fósforo e o Potássio além do pH, puro e simplesmente, sem levar em consideração as relações entre as bases trocáveis.
Essa postura bélica tornou a produção de alimentos uma atividade ameaçadora ao meio ambiente, enfadonha e com riscos inerentes a saúde de quem as praticam, às comunidades ao seu entorno e aos consumidores finais.
Essa visão distorcida da realidade deu origem, no passado, a diversos movimentos alternativos como a Agricultura Biodinâmica, Agricultura da Natureza (no Brasil erroneamente denominada de Agricultura Natural) e Agricultura Orgânica, que no inicio, pretendiam restabelecer a QUALIDADE NUTRICIONAL dos alimentos que havia sido perdida com a quimicalização e o reducionismo das práticas agrícolas, e não apenas, e tão somente, uma suposta isenção de contaminantes.
Entretanto, grupos interessados em lucrar com esse novo segmento passaram a estabelecer regras como Certificações por parte de certificadoras , e depois por parte dos governos e mais recentemente por parte até das próprias universidades que não demoraram muito a se apossar das técnicas emanadas por esses setores da agricultura alternativa, e com isso tentar resgatar o seu papel de fiel da balança da ciência e da sabedoria. Todo esse processo já foi previamente por mim abordado em um artigo denominado “O Sequestro da Agricultura Orgânica”.
A agricultura orgânica hoje é tão somente uma modalidade agrícola certificada e normatizada, e não é uma ciência em si mesma, para justificar curso de pós graduação específico. Quando muito, um conjunto de técnicas e práticas apoiadas na verdadeiras ciências, ou seja na Biologia, na Química e espera-se na Física e nas suas outras ciências correlatas como a Bioquímica, a Biofísica e a Físico Química. Essas sim são as ciências que embasam, ou deveriam embasar, todas as demais disciplinas agrícolas.
A Academia está, portanto, diante de um impasse. Ou ela reconhece que errou por décadas ao validar teorias totalmente dissociadas da realidade e passa a professar uma nova maneira de se fazer agricultura que não agrida o meio ambiente e nem a saúde das pessoas ou ela está fadada a ser cada vez mais desmoralizada e ridicularizada. Evidentemente, que esse curso oferecido pela UFRRJ já é um poderoso e reconhecível primeiro passo. O que se espera é que outras Universidades se deem conta das décadas de endosso de técnicas e práticas duvidosas e comecem também a oferecer cursos nessa área que as redimam de décadas de enganos e de meias verdades.
E, se o fizerem, que não se esqueçam de incluir alguma disciplina que oriente os técnicos e agricultores a produzirem alimentos com maior densidade nutricional, além de simplesmente serem isentos de contaminantes, e é isso o que professa justamente a AGRICULTURA BIOLÓGICA ou AGRICULTURA NUTRICIONAL.
A realidade nos demonstra que as plantas são composta na sua grande maioria dos seguintes elementos químicos :
Composição química típica da matéria seca de plantas.
Carbono ………………………………… 47% ( 45 a 50%)
Oxigênio ……………………………….. 43% (45%)
Hidrogênio …………………………… 6%
Nitrogênio ……………………………. 2%
Potássio ………………………………… 1.1%
Cálcio ……………………………………. 0.6%
Adaptado de: Rabenberg, Glen, Profitable High-Brix Farming, 2015; Garcia, JLM, Curso de Agricultura Biológica, 2006 e Zimmer, Gary. The Biological Farmer, Acres USA, 2002
Por conseguinte o ideal seria proporcionarmos meios de prover as plantas os dois principais elementos que as compõe, i.e. Carbono e Oxigênio.
Ocorre que a Fisiologia Vegetal ensinada nas Universidades apregoa que todo o Carbono que a planta precisa seria originário do CO2 atmosférico e ignora a importante contribuição do Carbono do solo sob a forma também de CO2 oriundo da respiração microbiana e do Carbono do solo armazenado por esses mesmos organismos sob a forma de ácidos húmicos e fúlvicos, bem como sob a forma de amino-ácidos que são supridos diretamente as plantas pelas raízes, na maioria das vezes por esses próprios microrganismos em troca de Carbono líquido (açucares) oriundos do processo de fotossíntese.
Conclui-se portanto que, devido a sua predominância na composição da planta, o Carbono deveria ser o elemento para o qual a ciência agrícola deveria voltar toda a sua atenção no sentido de torna-lo mais disponível ou aumentar o seu teor nos solos para com isso favorecer a produção vegetal.
Da mesma forma, o Oxigênio deveria vir em segundo lugar no tocante a importância desse elemento para a produção vegetal. Deveríamos estar preocupados em como providenciar mais oxigênio as plantas diretamente ou indiretamente via micro vida do solo, garantindo a sobrevivência das micro algas cianofíceas que conseguem quebrar duas moléculas de agua e formar uma molécula de oxigênio e assim por diante.
É sabido que as raízes não se desenvolvem em ambientes anaeróbicos. Portanto, grande parte da nossa atenção deveria estar voltada para ampliar essa zona aeróbica do solo quer seja diminuindo a compactação do solo para permitir maior aeração do solo ou via aumento dos organismos aeróbicos do solo que irão mover essa fronteira anaeróbica para baixo no perfil do solo por meio da formação dos chamados agregados e micro agregados de solo que permitam a adequada difusão do oxigênio.
Nesse aspecto, a Engenharia Agrícola deveria estar trabalhando à todo o vapor na criação de tratores e pneus que compactem menos o solo e que aumentem a acessibilidade das raízes ao oxigênio, como fez Leontino Balbo Jr. com a sua Agricultura Revitalizadora de Ecosistemas (ERA), na Usina São Francisco em Sertãozinho, estado de São Paulo. O trabalho desse agrônomo brasileiro deveria estar sendo usado com um “case study” em todas as universidades brasileiras.
Sua cana de açúcar orgânica ERA exibe produtividade de até 25% acima da média de São Paulo. Contra fatos não há argumentos.
O manejo adequado do solo via aplicação periódica de compostos orgânicos ou outras fontes de carbono como açucares e melaço bem como de práticas como o cultivo de plantas de cobertura (adubação verde) contribuem sobremaneira para a construção da fertilidade sustentável do solo provendo dois importantes componentes da produção vegetal, quais sejam, CARBONO e OXIGÊNIO, pelo simples fato de ambos compreenderem 90% a 95% da composição dos vegetais em base seca !!!
Somente depois de satisfeita essa necessidade de 90% a 95% da planta, sem nos esquecermos evidentemente da importância da agua como fornecedora também de Oxigênio e Hidrogênio (o terceiro maior ingrediente das plantas em porcentagem e o primeiro ingrediente em massa), é que devemos voltar a nossa atenção para os demais minerais em ordem de importância nas plantas, a saber Nitrogênio, Potássio, Cálcio, Magnésio, Fósforo, Enxofre, Cloro, Boro, Ferro, Manganês, Zinco, Cobre, Niquel e Molibdênio (Marschner, H., Mineral Nutrition of Higher Plants, 2nd Ed., Academic Press, 2002)
À partir desse ponto devemos sempre nos lembrar que as plantas estão dotadas de um maravilhoso e engenhoso sistema de captação e fixação de nitrogênio, tanto as leguminosas, por intermédio das bactérias formadoras de nódulos como Rhizobium e Bradyrhizobium, que entretanto não dispensam os minerais Cobalto, Molibdênio e Cálcio, para promoverem a adequada absorção do Nitrogênio atmosférico, bem como as gramíneas por intermédio das bactérias endofíticas como Azospirillum brasiliense, Azotobacter sp., etc…. que também fixam quantidades significativas de Nitrogênio, como foi amplamente demonstrado pela saudosa e competente cientista teuto-brasileira Dra Johanna Döbereiner (https://pt.wikipedia.org/wiki/Johanna_D%C3%B6bereiner).
Com relação ao trabalho de multiplicação desses simbiontes azotróficos e outros endofíticos de reconhecida relevância para a agricultura sustentável , bem como de inseticidas biológicos, vale a pena lembrar o trabalho importante que vem sendo desenvolvido por Rafael M. Garcia, jovem agrônomo paulista, com o seu sistema MULTIBACTER, hoje usado em mais de 2 milhões de hectares no Brasil e já com reconhecimento internacional ( Acres USA – The Voice of Eco-Agriculture, Dec 2015, pag. 4 )
Não poderíamos deixar de salientar a importância de um grupamento muito importante de microrganismos de solo, que evoluiu em associação as plantas superiores durante milhões de anos, que são os fungos micorrízicos.
Essa importante classe de microrganismos funciona em simbiose com as plantas trabalhando incessantemente para obter Fósforo, Nitrogênio, Potássio, Cálcio, Magnésio, Enxofre. Ferro, Manganês, Zinco, Cobre e Boro além de agua, ampliando a área de abrangência das raízes de 10 a 100%, em troca de carbono liquido oriundos da fotossíntese e não somente Fósforo e agua como se acreditava anteriormente ( Jones, C., Mychorrizal Fungi- Powerhouse of the soil, Evergreen Farming, Sep. Newsletter, 2009)
Com relação as bases trocáveis do solo devemos levar sempre em consideração a importância do Cálcio, não somente para a nutrição das plantas mas também para a necessária floculação do solo permitindo a entrada do ar e da agua e como fonte de nutrição para a micro vida do solo.
Não devemos nos esquecer que o Magnésio tem, no solo, um papel oposto ao do Cálcio que é o de agrega-lo tornando-o impermeável a agua e ao ar e portanto não devera nunca prevalecer em relação ao Cálcio.
Outro fator importante a ser considerado em relação a essas duas bases trocáveis é que o Cálcio tem uma tendência muito grande a lixiviar no perfil do solo, enquanto o Magnésio, ao contrário, tende a se acumular no perfil e por isso é que vemos sempre solos pegajosos e com tendência a formar lama e barro que gruda em implementos e depois de seca se assemelha a um tijolo, devido a essa acumulação do Magnésio. Ou seja o Cálcio se perde com facilidade enquanto que o Magnésio tende a se acumular.
As diferentes proporções de bases trocáveis no solo vão depender de uma série de fatores tais como a CTC do solo se mais arenoso, de fertilidade média ou de CTC mais elevada (acima de 120) além, e obviamente, de qual laboratório se está usando, vez que cada qual utiliza um método de diferente de analise de solo e um resultado jamais irá se comparar a outro até mesmo em laboratórios que usem a mesma metodologia de analise.
Isso tudo sem se considerar a diminuta significância de uma amostra de solo (100 a 200 g) de dezenas ou até centenas de toneladas de solo, que as comparam a saber a composição de um único segundo em 365 dias, quando muito.
O periódico Acres USA, uma vez enviou 13 sub amostras da mesma amostra de solo para 13 laboratórios diferentes nos EUA e obteve em troca 13 resultados de analise diferentes, com recomendações de correção de acidez que variaram de 0 até 2 toneladas por hectare. Que me desculpem os profissionais que militam nessa área mas podemos chamar isso que qualquer coisa menos de “ciência” e muito menos de “ciência dos solos” como eles orgulhosamente apregoam.
Quaisquer que sejam as técnicas e medidas utilizadas na produção vegetal o resultado final deverá ser sempre um: Plantas com elevado grau Brix.
Hoje sabemos que plantas com Brix elevados não só tem mais sabor como também uma maior riqueza em todos os minerais que irão lhes conferir resistência a pragas e doenças bem como maior produtividade.
Hoje sabemos que as plantas, para terem maior Brix e maiores teores de outras substancias que lhes conferem um sabor e um aroma diferenciados, precisar ser cultivadas em solos com uma diversidade cada vez maior dos integrantes do que hoje é reconhecido com “Soil Food Web“ conceito criado e introduzido pela Dra Elaine Ingham, (http://www.soilfoodweb.com/), na década de 90.
Não importa qual fertilizante ou método de cultivo se use mas o Refratômetro será sempre o juiz final que irá dizer o verdadeiro valor nutricional de determinado alimento.
A essa nova modalidade de prática agrícola é que denominamos AGRICULTURA BIOLÓGICA cujas bases foram alicerçadas por diversos pioneiros as suas épocas.
Prof. William Albrecht, PhD, Chefe do Departamento de Solos da Universidade do Missouri e Carey Reams, carinhosamente apelidado de “Doc” por seus seguidores. Depois vieram seus discípulos como Neal Kinsey, Dr Arden Ardensen, Dr Dan Skow, Gary Zimmer, Dr Phill Wheeler, e tantos outros e mais ultimamente a Dra Elaine Ingham, PhD que incluiu o ingrediente que faltava que é uma nova visão sobre a intrincada Rede Alimentícia do Solo ( Soil Food Web) ou a usina de força que impulsiona todas as outras formas de vida superiores do planeta e que durante séculos foram totalmente ignoradas pela chamada ciência agrícola.
Quero deixar consignada a importante contribuição de dois grandes outros pensadores que são o Dr Phill Calahan, PhD com seu conceito sobre o Paramagnetismo no solo e nas plantas e Hugh Lovel, por desmistificar conceitos biodinâmicos e trazê-los a luz do nosso conhecimento para que possamos incluir também mais essa disciplina nessa forma integrada e limpa de praticar agricultura, sem termos que nos submeter a todo um processo germanófilo elitista, enfadonho, demorado e oneroso.
O futuro da Agricultura se mostra bastante promissor para aqueles jovens que estiverem dispostos a integrar todos esses conceitos e seguir adiante. A população pouco a pouco se mostra cada vez mais refratária a consumir alimentos contaminados e de baixo valor alimentício tais como os transgênicos que consistentemente tem demonstrado baixos teores Brix bem como uma baixa densidade.
A agricultura orgânica que antes era ridicularizada pelos proponentes da agricultura convencional como sendo uma coisa impossível de ser alcançada, hoje atinge valores ponderáveis. A cadeia de supermercados orgânicos Whole Foods, que tem ações na Bolsa de N.Y., atingiu um valor de mercado de 20 bilhões de dólares contra um valor de mercado de 30 bilhões de dólares de uma John Deere e 60 bilhões de dólares de uma Monsanto, por exemplo. O mercado de alimentos orgânicos cresceu 500% de 2009 ate 2015 nos Estados Unidos (Pritchard, F., Acres USA Conference, 2015)
Ou seja, esse setor deixou de ser uma quimera e passou a ser respeitado como um fato consumado embora a grande maioria dos produtores ainda tente fazer uma agricultura orgânica de substituição de insumos que irá resultar em produtos orgânicos supostamente isentos de contaminantes químicos mas de baixa qualidade nutricional (baixo teor Brix).
Os praticantes de Agricultura Biológica devem estar dispostos a jogar os velhos conhecimentos para trás e seguir adiante sendo sempre um “estudante da Natureza” como recomendava o Prof. Albrecht.
Fazendo valer a máxima de Doc Reams que nos dizia “que existe diferença entre olhar e ver”. Na verdade a observação é base de toda inteligência. Grande parte das novas descobertas científicas consistem em ver certas situações, há muito conhecidas, sob um novo ponto de vista. A CIA, por exemplo, seleciona todos os seus agentes baseados na sua capacidade de observação e não baseados em seus títulos acadêmicos. Todos os testes de Q.I. (Quociente Intelectual) são baseados na capacidade observatória de uma pessoa e não na sua quantidade de títulos acadêmicos.
Dr. Reams estava absolutamente certo quando disse que existe diferença entre Olhar e Ver, quanto repetia insistentemente : “See what you are looking at”
As bases dessa nova agricultura já foram lançadas por todos esses pioneiros. Cabe agora a nossa geração e as gerações futuras de agricultores integrarem todos esses conceitos e os utilizarem para produzir alimentos que sejam isentos de contaminantes ( quer sejam químicos ou microbiológicos), de alto valor nutricional (o que as normas orgânicas não nos garante) e cujas lavouras batam recordes constantes de produtividade, sem obviamente agredir o meio ambiente.
Eu antevejo um futuro, que não está muito distante, no qual os produtores de alimentos, notadamente aqueles biológicos (alto Brix, alta densidade nutricional), sejam valorizados ao máximo e sejam considerados as pessoas mais importantes da nossa sociedade, o que lhes garantirá um excelente retorno financeiro.
A falácia dos transgênicos está começando a ruir. Lavouras transgênicas estão sendo devoradas por lagartas, as quais elas deveriam ser imunes. Soja GM acumula formaldeído substância cancerígena do grupo 1, e com menores teores de glutationa, poderoso anti-oxidante que na planta tem o papel de aliviar o stress ambiental, além de apresentarem consistentemente baixos teores de Sólidos Solúveis Totais (SST ou Brix), o que, por sí só, já seria uma demonstração cabal de que o sistema não funcionou à contendo e como um castelo de cartas começou a ruir, posto que é baseado em pseudo-ciência ou em falsas suposições.
O Dr. Phill Callahan trouxe a luz todo o fantástico mecanismo do funcionamento da atração que as plantas de baixa qualidade nutricional exercem sobre os insetos. Ele demonstrou que plantas com baixos teores de sólidos solúveis emitem ou emanam determinadas frequências no espectro infra-vermelho que são, então, captadas pelos insetos que as identificam como alimentos. Na verdade esses insetos estão nos prestando um imenso favor ao destruir e consumir alimentos que não estão à altura dos seres humanos. Insetos são o que a Dra Primavesi, tão sabiamente, chamou de “sanitaristas” da Natureza.
A primeira e mais importante das falsas suposições da academia é a de que o homem sabe mais que o Criador e que pode mais que o Criador. A Natureza evoluiu ao longo de bilhões de anos e sabe exatamente o que deve ser feito.
O que a chamada ciência nos deu ? Alimentos de baixa qualidade que deveriam estar servindo de alimento aos insetos e não aos seres humanos. O bushel de milho que há séculos serviu de referência como medida de produtividade agrícola e que pesava 56 libras, depois do advento do milho transgênico foi rebaixado, por decreto, ao valor de 54 libras apenas. A pergunta que se faz é : Aonde foram parar aquelas duas libras ?
Reclama-se do preço supostamente elevado dos alimentos orgânicos e biológicos quando o questionamento deveria ser exatamente o inverso. A pergunta correta seria: Por que os alimentos convencionais são tão baratos ?
E a resposta é : São baratos porque não são alimentos para homens e animais de criação, mas sim para insetos. Por isso são tão baratos.
Já está mais do que na hora de começarmos a produzir alimentos do jeito que a Natureza projetou. Já está mais do que na hora de reconhecermos a nossa ignorância abissal, sermos humildes e reconhecermos a grandeza do Criador.
Conclamo a todos vocês a se unirem num esforço comum para tentar equacionar todos os problemas atuais da agricultura e chegar a um consenso sobre qual o melhor caminho que a agricultura deverá seguir daqui pra frente.
Que esse caminho não seja o caminho das meias verdades, da destruição, da poluição, da pseudo-ciência e da baixa qualidade nutricional dos alimentos, mas sim o caminho da harmonia, do equilíbrio, da união, da concórdia, da verdadeira sabedoria e da verdadeira ciência. É o que todos nós esperamos.
( Texto originalmente escrito como introdução ao Curso de Agricultura Biológica )
José Luiz M Garcia
Instituto de Agricultura Biológica
Dezembro de 2015