A Visão da Agricultura Biológica
As plantas são seres realmente admiráveis no sentido em que conseguem viver e sobreviver com tão pouco, nos dando alimentos, fibras, madeiras, bebidas e prazer, sem nada pedir em troca ou em retribuição. Esse “tão pouco” pode ser definido como sendo 5% de toda a sua composição, já que os outros 95% são obtidos do ar, da água, do CO2 atmosférico e do CO2 oriundo da respiração microbiana do solo que, juntos, são usados no processo de fotossíntese para a produção de açucares mais do que qualquer outra coisa.
Aqueles 5% são, na sua grande maioria, disponibilizados e mediados pela interface microbiana da rizosfera e provém da fertilidade do solo, ou seja, do equilibrio adequado entre os diferentes minerais existentes no solo.
Esses microrganismos são atraídos para as raízes pela intensa exudação daqueles açucares provenientes da fotossíntese, além de vitaminas e proteínas, que as plantas produzem para cria-los e formar rebanhos ao redor das raízes, de forma análoga ao homem quando cria seus rebanhos de gado, por exemplo, para depois digeri-los e extrair os nutrientes contidos em seus protoplasmas, em um mecanismo recentemente desvendado pela Rutgers University e denominado de “rizofagia” ( 4 ).
Os dados dessas pesquisas indicam que a rizofagia funciona da seguinte maneira : as bactérias, previamente atraídas pelos exudatos e cultivadas ao redor dos pêlos absorventes, penetram nas raizes pelo meristema apical, que é o local onde as celulas estão se multiplicando e ainda não tem paredes celulares endurecidas, e ao ganharem acesso ao espaço entre as celulas radiculares ficam aprisionadas, perdem as suas paredes celulares e são atacadas por ROS ( Espécies de Oxigênio Reativas – Superóxidos ) que as destroem e eficientemente digerem seus conteúdos celulares, algumas bactérias não são destruidas e escapam, também pelo meristema apical de volta ao solo, onde readquirem a sua parece celular, voltam a absorver nutrientes e o processo se repete indefinidamente ( 4 ).
Esse processo é talvez o principal deles que poderíamos chamar de sustentável, para o adequado desenvolvimento vegetal, e dessa forma deve ser maximizado e explorado ao limite para permitir que as plantas possam exprimir todo o seu potencial genético, consumindo menos fertilizantes artificiais e com isso produzir mais e melhor a um custo mais reduzido.
Outro aspecto importante desse processo é que as bactérias, ao serem digeridas no interior das raizes, fornecem não só nutrientes, mas também substâncias conhecidas por PGR ( Plant Growth Regulators ) que nada mais são que hormônios ou reguladores de crescimento vegetais, e com isso, também conferem as plantas um vigor que jamais será encontrado nos fertilizantes artificiais.
Esse processo, ao que tudo indica, ocorre em todas as plantas e já foi identificado em mais de 50 espécies pela equipe do Prof. White liderado pela Rutgers University e com a participação da Banaras Hindu University na India e do U.S. Geological Survey. O mecanismo de como as plantas adquiriam os nutrientes do solo por meio das bactérias não havia sido elucidado até então. Agora sabemos ser assim.
Esse é o mecanismo pelo qual as plantas evoluiram por bilhões de anos e estão geneticamente programadas para executarem e com isso crescerem, produzirem e se multiplicarem indefinidamente exibindo todo o seu potencial genético. Esse mecanismo é bem mais sofisticado e eficiente do que tentar cultivar plantas com ions químicos solúveis da forma preconizado por Justus von Liebig desde 1840.
Figura 1. Nuvens de bactérias ao redor de um pelo absorvente de raiz de Phragmites australis, que é o local por onde as bactérias adentram as raízes (Fonte: Prof. James F. White Jr., Rutgers University )
A mesma equipe de cientistas também pôde observar que os microrganismos que estimulavam o crescimento de determinadas espécies de plantas, inibia o crescimento de outras, e com isso acenaram com um possível mecanismo para o controle de mato no futuro baseado exclusivamente na biologia do solo.
Agora, tente submeter um animal ou até mesmo o homem a essa mesma dieta de inanição e subnutrição ou, em algumas vezes, de excessos, as quais o ser humano submete as plantas, via de regra, por meio de um método arcaico, insustentável e caro usando ions químicos solúveis e veja o que acontecerá.
Plantas cultivadas são submetidas a toda sorte de restrições e condições adversas, quer sejam a falta de água, de ar (por compactação dos solos), temperaturas inadequadas (por falta de cobertura vegetal), excesso de vento ( que desidratam as plantas e secam os solos ) como também de nutrientes vitais ao seu metabolismo, na maioria das vezes por um entendimento errôneo sobre as suas reais necessidades fisiológicas.
A bem da verdade, carências e excessos, são as duas faces da mesma moeda posto que a todo o excesso corresponde uma determinada carência, e como já dizia o Prof. William A. Albrecht, a melhor forma de corrigirmos as carências seria eliminando os excessos ( 2 ). Se existe excesso de acidez no solo é porque existe carência das bases trocáveis, ou seja, Cálcio, Magnésio, Potássio e Sódio. Portanto, jamais deveremos nos preocupar com o pH do solo, mas sim com o que esse valor significa, isto é, falta ou excesso de algumas dessas bases trocáveis do solo que devem ser previamente analisadas e avaliadas. Da mesma forma nos preocuparmos com excesso de Aluminio no solo. Se ele existe é porque a acidez é elevada e o outro lado da moeda nos diz que isso é o reflexo da falta de Cálcio, Magnésio, Potássio e Sódio nas suas adequadas proporções no perfil do solo.
Pra começar, se após terem sido submetidos a subnutrição, ou ao excesso, de algum mineral vital, os animais e o homem não morressem de algum tipo de carência ou toxicidade mineral ao longo da sua vida, acarretado pelo aparecimento de doenças, e conseguirem chegar a idade reprodutiva, com certeza não seriam capazes de se reproduzir.
Isso já foi tentado inúmeras vezes e eu praticamente posso afirmar o que digo, já que sou criador de gado há décadas e sei muito bem sobre o que eu estou falando. Tente criar algum ruminante sem o chamado “sal mineral” e veja o que acontecerá aos mesmos. Retardamento no seu desenvolvimento, infertilidade, doenças na musculatura lisa, febres pós parto e, até mesmo, óbitos.
Com as plantas isso já não acontece. Elas são diferentes. Elas são bastante adaptáveis, o que, em grande parte, lhes é conferido pelo seu genoma que dispõe de mais genes do que o nosso DNA e o dos animais, fruto de bilhões de anos de evolução.
Espécie | Número de genes |
Drosophila melanogaster (mosca) | 13.700 |
Oryza sativa (arroz) | 45-55.000 |
Mus musculus (camundongo) | 29.000 |
Homo sapiens (ser humano) | 19.000 |
Figura 2. Número de genes de vários organismos (Wikipedia)
Deficiências eventualmente serão notadas, mas isso não impedirá que as plantas vivam e se reproduzam, embora de uma maneira bem menos eficiente e desejável.
Que outra criatura, a não ser uma planta, iria resistir a miopia científica de séculos que lhes impôs uma dieta isenta de silício; pobre em cálcio; com níveis excessivos de nitrogênio, a ponto de acumular N não proteico (nitrato) na seiva, prejudicando o trabalho da hemoglobina no sangue de ruminantes e pessoas, e com isso causar hipóxia ; níveis de potássio excessivos, a ponto de provocar um estreitamento das paredes celulares e causar a chamada “obesidade vegetal”, por excesso de agua e com isso possibilitar o ataque de fungos e de insetos além de bloquear a absorção do magnésio e com isso condenar a planta a níveis fotossintéticos aquém da sua capacidade genética; níveis baixos de enxofre, que lhes permitiria sintetizar adequadamente amino ácidos, proteínas e enzimas necessárias a síntese de importantes componentes do aroma e do sabor dos alimentos, além de inúmeras outras moléculas, que hoje sabemos terem valor nutracêutico; com níveis de carbono ( húmus ) ridiculamente baixos e níveis de Fósforo elevados como preconizado pela “moderna” tecnologia agrícola ?
Isso sem mencionar o “regime de fome” ao qual a academia tem submetido as plantas no tocante aos micro elementos, sem mencionarmos outros menos estudados como Molibdênio, Cobalto, Níquel, Selênio, Cromo, Vanádio, etc. durante décadas, por se recusarem a ver a importância da fertilização foliar com uma ferramenta adequada, prática e de baixo custo para ajudar a alavancar as produtividades.
No seu esquema de obtenção de nutrientes, evoluído ao longo de bilhões de anos, as plantas também são assistidos por outros organismos como as micorrizas, endo e ecto, os actinomicetos, que ativamente intemperizam as rochas, algas, protozoários e diversos outros seres formadores da, hoje já tão conhecida, Rede Alimentícia do Solo ou Soil Food Web.
Como sabemos, as plantas, por não serem capazes de se movimentar, de se esconder e até mesmo de lutar, se valem do seu genoma para se protegerem dos predadores, entre os quais o homem estaria incluido ( 1 ).
A Natureza tentou compensar essa deficiência, da falta de locomoção, de outra maneira, dando as plantas maior capacidade para sintetizar substâncias, pelo fato de não poder ir busca-las aonde elas deveriam ou poderiam estar. Pelo menos é dessa forma que eu vejo as coisas e nesse ponto estou de acordo com outros autores como Gundry ( 1 ), que formulou a tese do “Paradoxo Vegetal”.
Mas o fato é que, o nosso esquema de sobrevivência é diametralmente oposto ao esquema de sobrevivência das plantas. O ser humano tem um costume totalmente antropocêntrico ( centrado no homem ) de tentar explicar a realidade. Para ele, todos os demais sêres viventes estariam aqui na Terra à sua inteira disposição, e de preferência, para servir-lhes de alimento.
Mas, como sabemos, o objetivo de todo ser vivente é o de exatamente fazer com o que o seu DNA siga adiante. É o mesmo que dizer “Cresceis e multiplicai-vos “. Todos querem ver o seu DNA seguindo adiante. É para isso que existimos. Homens, animais, plantas, insetos, bactérias, fungos, etc…
Dessa forma, um feijoeiro quer que a sua prole, ou seja, algumas dezenas de sementes de feijões, consigam nascer, crescer, sobreviver e multiplicar, levando adiante o seu DNA. Mas o homem quer justamente impedir que isso aconteça, na visão da planta de feijão, e é porisso que a Natureza dotou o feijoeiro com maneiras de “retaliar” essa situação.
Os fatores anti-nutricionais, fitatos, e demais alcalóides e outras moléculas com efeitos deletérios aos homens e animais seriam, na opinião de Gundry, uma forma das plantas tentarem proteger a sua prole ( 1 )
Plantas vivem da energia capturada pela sua parte aérea, por intermédio da fotossíntese e da energia capturada pelas raízes dos minerais existentes no solo via microbiologia do solo. Em 1946, Albert Einstein teorizou que toda a matéria é energia. A sua teoria nos deu a fórmula E = mc2. Essa teoria nos propiciou a base científica para que possamos usa-la na solução dos nossos problemas diários. Se toda matéria é energia, então conceitualmente não existe diferença entre o sistema humano/animal ou o sistema solo/planta.
Dessa forma, todos os conceitos que usamos para a nossa saúde fisica poderão ser usados para a saúde das plantas.
A Agricultura Biológica nos ensina que todo esse processo de aquisição de energia tanto foliar, via fotossintese, quanto radicular, via absorção de nutrientes do solo diretamente ou intermediado pela microbiologia, tem como objetivo final a transformação dessa energia toda em açucares e demais substâncias, mas principalmente em moléculas acumuladoras de energia como os açucares.
Trata-se de um processo de fixação de carbono sob as suas mais diversas formas, mas sob o ponto de vista fisiológico e energético da planta, a quantidade de açucares é o que mais interessa.
O conteúdo em açucares da seiva da planta, medida como Sólidos Solúveis Totais (SST) ou Brix , é muito importante no gerenciamento da lavoura porque nos dá uma indicação e ajuda a revelar a saúde da planta. Quando o Brix da seiva da planta está acima de 12 graus, nós observamos que a planta adquire um nível adequado de imunidade ao ataque de fungos e insetos, aumento da síntese de compostos fenólicos, fitoalexinas, melhor sabor e aroma, aumento do shelf-life ( tempo de prateleira ) e maior densidade mineral e portanto nutricional.
Plantas com adequados níveis de açucar na seiva , isto é, acima de 12 graus Brix, possuem energia para as suas diversas funções metabólicas e fisiológicas, tais como sintetizar substancias que as defederão de ataques doenças e pragas, além das suas tarefas normais de produzir raízes e folhas novas.
Plantas com Brix abaixo de 7 graus, terão que desviar grande parte dos seus estoques de energia para lutar contra ataques externos com a consequente falta de energia para as funções fisiológicas normais. Nesse ponto a sua reprodução poderá ficar seriamente comprometida e a produção irá sofrer as devidas consequências.
O sucesso na produção de alimentos e fibras dependerá do nivel de açucares e outros compostos energéticos para que a planta possa fazer frente as suas necessidas diarias nos gastos energéticos versus a sua capacidade total de produção desses mesmos compostos. Uma planta infectada por um patógeno poderá alocar mais açucares para lutar contra a infecção do que para o seu crescimento e a sua reprodução, com reflexos negativos na produção.
Ou seja, o que importa no final é o saldo entre a produção de açucares e o consumo desses mesmos açucares pela planta.
Para tanto precisamos monitorar o nível de açucar na seiva bem como monitorar a Condutividade Eletrica do solo ( C.E.). A Condutividade Eletrica é uma medida direta do fluxo de energia em um sistema edáfico. Ela nos dá uma indicação de como está a disponibilidade energética do solo para que as plantas tenham um suprimento constante de energia por essa via.
A Condutividade Elétrica ( energia ) medida em Ergs ( energia liberada por grama por segundo ) diretamente no solo, ou até mesmo no laboratório, é uma função da concentração de ions no solo, tipo de argila, teor de umidade, porosidade e temperatura. Tradicionalmente a E.C. era usada pelos Agrônomos para medir a salinidade de um solo.
Contudo, a C.E. pode nos dizer bem mais sobre a estrutura física e a saúde do solo. Baseado nessas medições diretas no solo a condutividade eletrica pode nos dar até uma medida indireta da produtividade da lavoura.
As plantas expressam bem o aspecto misericordioso do perdão por todos os nossos erros cometidos contra elas. John James Ingalls, senador americano de 1873 a 1891, citado por Walters ( 5 ) , naquela época, já dizia que “ O capim é o perdão da Natureza e a sua constante bendição” e também que “ temperatura, umidade, solo, luz do sol, eletricidade, força vital, expressam a si próprias primeiramente pela existência do vegetal que fornece a base da vida animal e que produz o sustento para toda a espécie humana”.
José Luiz M. Garcia
Instituto de Agricultura Biológica
Setembro de 2018
LITERATURA CITADA
- Gundry, Steven R.(2017) The Plant Paradox, The Hidden Dangers in “Healthy” Foods that causes Diseases and Weight Gain, Haeper Collins Publishers, N.York, 399 pgs.
- Garcia, J.L.M. (2015) Frases Preferidas do Prof William Albrecht, PhD. https://institutodeagriculturabiologica.org/2015/09/08/frases-do-professor-william-a-albrecht-ph-d/
- Kinsey, Neal & Charles Walters (2009) Hand-On Agronomy, Acres USA, Austin, Texas, 391 pgs.
- White, J, et all (2018). Rhizophagy Cycle: An Oxidative Process in Plants for Nutrient Extraction from Symbiotic Microbes. Microorganisms, 2018; 6 (3): 95 DOI: 10.3390/microorganisms6030095
- Walters, Charles (2006) GRASS, The Forgiveness of Nature, Acres USA, Austin, Texas, 303 pgs.
Lindo artigo meu amigo… parabéns
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Informação é como chuva para a lavoura.
Tem que ser fina e constante, caso contrário provoca erosão.
Obrigado.
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Esse artigo serviu em parte para colocar as coisas no seu devido lugar.
Muitas das vezes as pessoas idealizam muito as coisas em concordância com o seu
próprio pensamento e aspirações e chegam a conclusões totalmente esquizofrênicas.
E a realidade não é sempre assim.
Quantas vezes eu ouvi falar em uma “simbiose” utópica entre as bactérias da rizosfera
e as raízes.
A Dra Elaine Ingham era mestre em apresentar esse discurso. Segundo ela as raízes “davam
para as bactérias ingredientes para que eles fizessem bolos e biscoitos” e as bactérias davam
as plantas os “preciosos nutrientes” em troca.
Só faltava as duas, plantas e bactérias, no final, se cumprimentar e dizer obrigado uma pra outra.
Hoje sabemos que a realidade está mais para uma grande pescaria ou até mesmo para uma
criação de gado. No final as bactérias serão fatalmente abatidas.
O ditado do “There is no free lunch” ainda se mantém.
Outro ditado que também se mantém é de que “It is a jungle out there”.
Uma coisa que ficou claro nesse estudo da Rutgers University é a de que as bactérias realmente
não possuem memória alguma, o que nos permite criar um novo ditado:
“Fulano tem memória de bactéria”.
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Obrigado pelo texto. Gostei muito
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Obrigada por trazer esse conhecimento, é muito desafiador.
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Impresionante artículo… Felicidades desde Bolivia
Tengo una consulta: Debo medir los grados Brix en la savia elaborada (floema) o savia bruta (xilema)???
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Muchas Gracias.
Los grados Brix deben de ser medidos em ambas las savias.
Trituramos las hojas e las colocamos en um “espremedor de ajos””
e quitamos ambas las savias
de un solo golpe.
Se pone de una a dos gotas en el refractometro y medimos.
És importante tener su próprio critério, isto é, siempre sacar ( amostrar) hojas de la misma edad
en la planta, en la misma hora del dia ( por la tarde numeros mayores) y llevar en cuenta dias nublados
puesto que la falta de sol disminuie los numeros de Brix.
Tambiém, llevar en cuenta que una division clara entre las dos colores en el visor del refractometro
( generalmente blanco y azur ) significa açucares y una division no tan evidente significa la presencia de
Cálcio.
Açucar és lo más importante en la planta. Se tiene açucares, buen Fosforo y Calcio bueno és casi
garantizado que tendras Brix bueno y açucares. Esto es lo que move la economia de la planta.
Perdoname my español que no és tan bueno.
Que parte de Bolivia son Uds ? Yo estuve en Santa Cruz de La Sierra hace algun tiempo comprando
frejoles de uma cooperativa .
Saludos desde San Pablo
José Luiz
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