Um novo enfoque sobre a produção vegetal
Atualmente não chega a ser novidade para ninguém que o caminho certo para a Agricultura, e em ultima analise para a perpetuação da humanidade sobre a face da Terra, passa pelo resgate do Gás Carbônico da atmosfera, na volta para o seu lugar de origem e de direito, que é o solo ( 1 ).
Nos ultimos 180 anos, após a adoção dos conceitos pseudo científicos de Justus von Liebig, o maior repositório de Carbono da Terra, ou seja, essa camada de 30 cm. da superficie terrestre, foi sistematicamente agredida de todas as formas possíveis e imagináveis, porque a Agronomia também se ressentia, durante esse período, de critérios mais científicos, como por exemplo o do potencial Redox do solo ( 2, 3 ).
Toda sorte de práticas agrícolas oxidantes, como aração, gradagem, calcareação, adubação química com fertilizantes extremamente salinos, solúveis e sobretudo oxidantes como o KCl, a utilização de produtos químicos oxidantes e venenosos, foram implementadas e (pasmem) amplamente promovidas e recomendadas por toda a estrutura que norteou as práticas agrícolas durante esse período, ou seja, o chamado tripé oficial de ensino, pesquisa e extensão agrícolas.
Por isso mesmo é que hoje vivemos uma verdadeira revolução que visa justamente restabelecer a fertilidade original do solo (saúde do solo) por meio de práticas biológicas regenerativas, hoje reconhecidas oficialmente pelos órgãos de governos progressistas, como o NRCS dos EUA ( 4 ).
Nesse aspecto, o Brasil, a nível de estrutura oficial de pesquisas e extensão agrícolas, infelizmente ainda continua ”deitado eternamente em berço explendido” salvo algumas raras e bem vindas exceções, enquanto que, grupos de jovens agricultores idealistas e bem intencionados, que não concordam com a atual situação agrícola caótica, tentam desesperadamente encontrar uma saída, mas ao que tudo indica continuam totalmente perdidos agarrando-se em falsas promessas e em falsas soluções .
Ao contrário do que muitos possam imaginar, as pulverizações foliares são uma das ferramentas mais eficientes de que dispomos para construir a matéria orgânica e regenerar a saúde do solo ( 5, 6 ). Por mais incrível que isso possa parecer, essa afirmação está totalmente correta. É preciso ter um pouco imaginação e lêr esse artigo até o seu final, antes de sair criticando o que não se conhece adequadamente.
Pulverizações foliares adequadamente formuladas, de preferência que contenham amino ácidos de elevado valor biológico, conseguem “capturar” e acelerar o mecanismo fotossintético das plantas e com isso acelerar o sequestro de carbono e assim construir a matéria orgânica do solo mais rapidamente do que qualquer outra ferramenta disponível.
Plantas saudáveis são os agentes criadores de solos saudáveis. Enquanto todos nós sabemos que solos saudáveis podem produzir plantas saudáveis, nós não podemos nos esquecer que aqueles solos saudáveis foram criados pelas plantas em primeiro lugar; plantas que estavam fotosintetizando, sequestrando carbono e acumulando matéria orgânica no solo por meio dos exsudatos radiculares e do acúmulo da biomassa no perfil do solo. A prova disso está bem diante dos nossos olhos, aqui no Brasil, na Floresta Amazônica.
A Floresta Amazônica é a prova viva de que são as plantas que fazem o solo e não o contrário. Remova a cobertura vegetal na floresta Amazônica e terão simplesmente um solo desertificável e pobre.
Sem a contribuição das plantas e de todo o seu séquito de bactérias, fungos e demais constituintes da chamada Soil Food Web, o solo não passaria apenas de rochas decompostas ou em decomposição.
Nós padecemos de visão equivocada não só nessa questão do solo mas também em diversas outras questões. É preciso começar a ver as coisas como elas realmente são.
Entretanto, nem todas as plantas tem a mesma a mesma capacidade e contribuem da mesma forma para sequestrar carbono, aumentar a matéria orgânica do solo e regenerar a saúde do solo, porque nem todas as plantas estão fotosintetizando com a mesma taxa de eficiência.
É muito comum, hoje em dia, para várias culturas, estarem fotosintetizando a apenas 15 a 25 % da sua capacidade fotosintética inerente. Muito embora isso possa ser constatado em laboratórios de fisiologia vegetal, também pode ser observado facilmente no campo quando testemunhamos lavouras produzindo apenas de 15 a 25 % do que o seu potencial genético lhes permite produzir.
Podemos medir o conteúdo de açucar da seiva vegetal por analise de seiva ( Sap Analysis ) ou pelo uso da leitura do Brix da seiva ( com o auxilio de um Refratômetro de Campo ) ( 7 ), como uma forma análoga ou indireta da eficiência fotossintética, e é muito comum observarmos que plantas com seivas entre 3 a 4 graus na escala Brix, aumentarem essa leitura para 12 ou até mais, após a aplicação de uma adubação foliar bem calibrada e com nutrição adequada via fertilização foliar. Aliás, essa era a maior habilidade da pessoa que originou todo o movimento de Agricultura Biológica nos Estados Unidos nos anos 60, o Dr. Carey Reams. Ele formulava pulverizações baseadas nos princípios que chamou de Ionização Biológica.
O volume da fotossintese em cada folha irá variar de acordo com a concentração de clorofila, espessura da folha e superfície foliar, todos fatores amplamente influenciados pela nutrição. Nunca me esqueço das folhas de parreiras de Uva Niágara, do Sítio Catavento. Tinham quase o triplo do tamanho “normal” com espessura de mais do dobro do tamanho convencional graças a nutrição que, em grande parte, era proporcionada pelo Chá de Composto ( Compost Tea ) que fizemos de forma pioneira aqui no Brasil no ano de 2000. Mais pareciam folhas de abóbora e não de videira.

Figura 1. Plantação de Uva Niagara, no Sítio Catavento, no municipio de Itupeva, SP, de propriedade do Sr. Fernando Ataliba, em Novembro de 2003. Observem o tamanho da folha de Uva no canto superior direito.

Figura 2. Excelente produção de Uvas Niágara devido a maximização da Fotossíntese e excelente nutrição recebida.
Na medida em que a fotossíntese aumenta e volumes maiores de açúcar são produzidos a cada fotoperíodo de 24 horas, eles são particionados e encaminhados aos diferentes locais de sua utilização, também conhecidos como “sorvedouros” ( do inglês “sink”).
As plantas possuem quatro principais locais de maior absorção de açucares ( vale dizer de utilização de energia ) que são : 1- Raízes em Crescimento, 2 – Brotos em Crescimento, 3 – Frutos e Sementes e 4 – Exsudatos Radiculares. Os açucares são encaminhados para esses diferentes locais de utilização em volumes diferentes e em estagios de desenvolvimento fisiológico diferentes.
O objetivo principal de uma planta (que de resto é o mesmo que de todos os demais seres vivos) é reproduzir-se de maneira eficiente. Devido a esse aspecto elas farão tudo para mover os açucares para as sementes e os frutos, mesmo que, fazendo isso, elas tenham que “sabotar”, por assim dizer (e nas palavras de John Kempf ), as outras partes da planta. E esse é o principal motivo para que as lavouras de milho, hoje em dia, morram precocemente, tanto de baixo para cima como de cima para baixo.
O milho que plantamos na nossa fazenda no Sul de Minas no sistema orgânico, exibe espigas já bem formadas e as vezes até com grau de umidade suficiente e necessário para possibilitar a colheita, com a planta ainda apresentando diversas folhas verdes. Da mesma forma foi observado por um produtor de soja no Maranhão, que a aplicação foliar de Amino Ácidos de Peixe faziam com que a planta de soja demorasse mais 10 dias para finalmente secar por completo para poder ser colhida e com isso não só aumentou o enchimento dos grãos como também flexibilizou em 10 dias a sua colheita diminuindo a perda de grãos na colheita, resultando em aumento da produtividade. Tudo isso deveu-se a nutrição foliar adequada e superior.
Os açucares estão constantemente sendo “puxados “ para ambas as extremidades da planta mas também para o centro ( frutos e sementes ).
Quando nós consideramos a quantidade de açucares produzidas por uma safra anual, como por exemplo o milho, durante todo o seu ciclo, a soma total desses açucares será equivalente a 100%. Como exemplo, digamos que uma safra de milho em média produz um total de 20.200 kg de carbohidratos por hectare em uma única safra e produz cerca de 188 sacas de milho/ha. Essas 188 sacas de milho conterão aproximadamente 7.000 kg de carboidratos, ou 35% do total. Outros 35% ou 7.000 kg, serão usados para construir a parte aérea ou biomassa foliar ou aquilo que você enxerga acima do solo. Cerca de 15% , ou 3.000 kg, é usado para construir a biomassa radicular e os restantes 3.000 kg ou 15%, foram enviados através da raízes como exsudatos radiculares para alimentar a microbiota e a biologia do solo ( 5 ).
Isso é o que acontece hoje em dia em uma lavoura de milho “normal”. E nós hoje sabemos que, graças ao trabalho do fisiologista vegetal Dr. Charles Y. Tsai, colega e colaborador de um dos meus mentores, o Dr Don Huber, ambos da Purdue University, a genética moderna do milho tem a capacidade para produzir 1.150 sacas de 60 kg por hectare ou 69 tons, sob o ponto de vista bioquímico, fisiológico, fotossintético e epigenético. Então, se estamos produzindo apenas 188 sacas de milho por hectare, essas plantas de milho estão fotossintetizando a apenas 15 a 18% de todo o seu potencial genético inerente.
Na medida em que começamos a usar as fertilizações foliares, nós podemos aumentar essa taxa fotossintética de 15 a 18% para 30%, por exemplo. Essa simples medida terá o efeito de dobrar a quantidade de açucares formados em um fotoperíodo de 24 horas.
Mas será que essa medida irá também duplicar a produtividade ? Provavelmente não. E o motivo é o seguinte : Na medida em que a produção de açucares aumenta, a planta não vai mais ficar no seu “modo” único de sobrevivência para se multiplicar somente e começará a dividir e enviar os açucares, aos diferentes locais de utilização ( sorvedouros) em proporções diferentes que anteriormente.
Quando a planta de milho está no “modo inanição” com taxa fotossintética de 15%, ela irá encaminhar cerca de até 35% da sua produção total de carboidratos para a produção de grãos para garantir que se reproduza de forma eficiente. Quando a taxa fotossintética aumentar para 30%, o milho não mais estará no modo inanição e com isso uma percentagem menor de açucares poderão ser destinados para a formação de grãos, porque a planta agora reconhece que existe uma sobra de energia.
Para uma planta de milho com eficiência fotossintética de 30%, a produção de açúcar será duplicada de 20.200 kg/ha para 40.400 kg/ha ! A distribuição de carboidratos pela planta, nesse caso, será totalmente diferente. A biomassa foliar ( folhas + caules) vai receber 25% ou cerca de 10.100 kg/ha de carboidratos. Grãos representarão outros 25% ou 10.100 kg/ha. A biomassa radicular e exsudatos radiculares, cada um representarão um adicional de 25% totalizando 20.200 kg de carboidratos localizados somente abaixo da superfície do solo ( 5 ).
Comparem essas duas situações :
Em uma, a lavoura de milho estaria produzindo 188 sacas de milho/ha e contribuindo com 6.000 kg de carboidratos/ha para a formação de raízes e exsudatos radiculares. A segunda lavoura de milho estaria produzindo 250 sacas/ha e estaria contribuindo com 20.200 kg de carboidratos/ha para a formação de estruturas subterrâneas ( raízes ) e exsudatos radiculares. A segunda lavoura estaria contribuindo com mais de 3 vezes a quantidades de carboidratos para a formação da matéria orgânica do solo.
Porém a história não acaba aqui. Nem todo resíduo de lavoura é convertido a substancias humicas estáveis no solo com a mesma eficiência. Dados americanos ( que podem ser válidos apenas para as condições subtropicais deles ) indicam que cerca de 25 a 30% da biomassa da cultura acima do solo ( folhas e caules ) que é incorporada ao solo, é convertida em matéria orgânica estável. Aproximadamente 50% da biomassa radicular e 70% dos exsudatos radiculares são convertidos em Matéria Orgânica estável.
No segundo exemplo, usando a lavoura do milho, fica claro que a grande contribuição (50%) compreendido pelas raizes e exsudatos radiculares é muito maior do que a contribuição dos restos de cultura representados pela parte aérea. Isso explica o porque uma lavoura saudável de milho poder construir de 0,25 a 0,35% ou mais de matéria orgânica no solo por ano. Nos anos 60 a sabedoria popular dizia que : “ A forma mais rápida de construir matéria orgânica no solo era plantando milho”. Hoje em dia, a idéia corrente é a de que a forma mais rápida de se perder a matéria orgânica do solo é plantando milho.
O que mudou ? Foram simplesmente as técnicas de gerenciamento da fertilidade do solo e principalmente as reservas de nutrição que podem aumentar a fotossíntese, principalmente o gás carbônico do solo. Esse princípio para o aumento da fotossíntese é verdadeiro para qualquer planta ou cultura e não apenas para o milho.
O milho foi apenas um exemplo conveniente porque ele é uma das plantas mais estudadas que conhecemos.
De que forma poderemos aumentar a taxa fotossintética de uma lavoura, partindo de uma linha base baixa, para um nível bem mais alto de performance ?
Uma fotossintese em nível ótimo requer quatro fatôres básicos , que são: Gás Carbônico em abundância, Umidade adequada, Luz Solar e um conjunto de Minerais que estão diretamente ou indiretamente envolvidos no processo fotossintético.
CO2 e Água são frequentemente os fatôres limitantes e para termos o nosso objetivo alcançado seria preciso observar bem esses dois aspectos.
A chave para rapidamente produzir plantas com níveis mais elevados de fotossíntese é justamente não depender exclusivamente dos fertilizantes de plantio, corretivos e da remineralização. Essas ferramentas são valiosas e importantes, mas elas não são suficientes e demoram muito a elicitar uma resposta na planta. A idéia seria, como John Kempf bem o definiu, “hackear o sistema”. E para isso é necessário capturar o maquinário fotossintético da planta e acelerar o momentum rapidamente, e a ferramenta que pode fazer isso são as aplicações foliares.
Na Agricultura nós geralmente não estamos dando o devido crédito e o devido reconhecimento as respostas que os foliares podem elicitar na planta porque nós não usamos foliares bem projetados. Aplicações de foliares bem projetados são o melhor atalho para se atingir o sucesso que nos permita acelerar quase que instantaneamente a fotossíntese e o potencial produtivo.
Precisamos começar a pensar em aplicações foliares como parte fundamental de sistemas regenerativos agrícolas. O objetivo de uma aplicação foliar é aumentar o volume da fotossíntese. Uma aplicação foliar que não desperta esse tipo de resposta é porque não foi tão efetiva como deveria ter sido. Após um aplicação foliar bem projetada nós devemos ser capazes de testemunhar e medir um aumento do conteúdo de açucar na seiva , via analise de seiva ( Sap Analysis ) ou via Refractometro de Campo.
Quando começamos com uma lavoura que tem uma medida baixa de açucar e uma leitura de Brix baixa como por exemplo 3, e se a aplicação for bem sucedida em função do seus ingredientes, essa leitura irá aumentar imediatamente para algo em torno de 10. Depois de um certo periodo o Brix volta a cair novamente porém não mais para o patamar anterior e sim para algo em torno de 4. Podemos aplicar uma segunda aplicação foliar e dessa vez o Brix irá subir para talvez 12. Com o passar do tempo ele voltará para algo em torno de 5 ou 6.
Após multiplas aplicações o objetivo das aplicações foliares será aumentar a linha base da atividade fotossintética dessa planta para um platô onde a lavoura deverá ser completamente resistente a doenças e ao ataque de insetos e ai não mais será dependente de qualquer aplicação foliar.
O período de tempo para que a fotossintese caia de volta após uma aplicação bem sucedida pode variar desde 2 a 3 dias para até 5 a 6 semanas. Quanto mais saudável a lavoura, menor será a necessidade de se reaplicar os foliares e mais tempo essa resposta irá perdurar.
Quando as aplicações foliares são feitas com fertilizantes foliares mal projetados e mal formulados, eles não só não irão aumentar a fotossíntese como também poderão ter o efeito de esgotar certos nutrientes do solo, porque eles permitem que as plantas cresçam a uma taxa maior do que o solo normalmente possibilitaria.
Foliares bem projetados aumentam a fotossíntese, que resultará em um aumento das populações das comunidades microbianas e matéria orgânica, o que resultará em um suprimento maior de minerais disponíveis no solo.
Na medida em que as lavouras com um alto grau de fotossíntese começam a regenerar a saúde do solo e reconstruir a matéria orgânica do solo, todo o ecosistema solo/planta poderá alcançar um grau de saúde tal que as aplicações foliares não mais serão necessárias.
Nesse momento, e somente nesse exato momento, é que poderemos iniciar uma discussão legítima sobre o que vem a ser “sustentabilidade”. Qualquer discussão sobre sustentabilidade, sem que esses pré requisitos tenham sido preenchidos serão, como estão sendo até o momento, estéreis, vazias, equivocadas e até mesmo, delirantes.
Em primeiro lugar, portanto, nós precisamos de sistemas agrícolas regenerativos e todos os modelos agrícolas regenerativos verdadeiros precisam necessariamente capturar o maquinário fotossintetico, porque essa é a unica maneira de introduzirmos mais energia em um ecosistema.
Plantas saudáveis regeneram o solo e criam solos saudáveis. Vamos, então, usar aplicações foliares para desenvolver plantas saudáveis, mesmo enquanto os nossos solos permanecerem temporariamente não tão saudáveis assim.
José Luiz M Garcia
Julho de 2019
Referências
- Johnson, David (2018) Regenerate our Soils : Hope for Farming & Climate, 2018 Ecofarm Keynote, https://www.youtube.com/watch?v=dmj611RfBgs
- Garcia, J.L.M. (2017) Mais Ciência e menos Pseudo-Ciência na Agricultura, Instituto de Agricultura Biológica, https://institutodeagriculturabiologica.org/2017/08/04/mais-ciencia-e-menos-pseudo-ciencia-na-agricultura/
- Husson, Olivier (2013) Redox Potential ( Eh ) and pH as drivers of soil/plant/microorganisms systems: a transdisciplinar overview pointing to integrative opportunities for agronomy, Plant and Soil, vol.362 (1-2): 389-417.
- Ellis, Chad (2013) Five Basic Principles of Soil Health, Nobel Research Institute, https://www.noble.org/news/publications/ag-news-and-views/2013/october/five-basic-principles-increase-soil-health/
- Kempf, John (2019) Hacking the System, Using Foliar Applications to Accelerate Regenerative Agriculture Systems, Acres USA, July 2019, pag.10-11.
- Kempf, J. (2019) Organic Foliar Applications Accelerate Growth, Eco Farming Daily, https://www.ecofarmingdaily.com/build-soil/soil-inputs/fertilizers/using-organic-foliar-applications/
- Garcia, J.L.M. (2015) O Uso do Refratômetro na Agricultura Biológica, Instituto de Agricultura Biológica, https://institutodeagriculturabiologica.org/2015/07/24/o-uso-do-refratometro-na-agricultura-biologica/
Considerando minha total falta de conhecimento sobre o assunto, existe a possibilidade de reprodução dessas técnicas em “baixa escala”? Alguma cartilha simples com algum passo a passo, para melhorar o solo e o cultivo domiciliar? Obrigado desde já!
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Infelizmente para formular um fertilizante foliar que tenha a capacidade de aumentar a taxa fotossintética das
plantas você irá precisar de instalações industriais. Nós já estamos trabalhando junto a uma empresa do setor
para justamente lançar esse produto ainda para ser usado na safra 2019/2020.
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Bom dia, Dr. Vinagre.
Parabéns por mais um brilhante artigo que vem para ajudar a retirar a “venda sobre nossos olhos” colocadas por um sistema manipulado, que como nos “cavalos de tração” (arados e carroças) nos colocaram viseiras laterais obrigando a mirar somente para o alvo pré determinado, sem condições de vermos o que acontece ao redor.
Muito importante a sua abordagem sobre a nutrição foliar, como sendo muito efetiva quando bem conduzida. Na minha região, Bagé/RS, com agricultura comercial insipiente onde muitos arrendatários sem quererem (ou poderem) investir em praticas de melhoramento de solo de respostas de médio e longo prazos e com busca de retorno imediato, colocam um “cheirinho” de NPK na base de plantio e depois tentavam “corrigir” a nutrição via foliar com produtos “milagrosos”, muitos sem origem conhecida e sem registro oficial, acreditando num tipico “papo de vendedor”, sem resultados comprovados.
Agora, com sua opinião abalizada em uma ciência séria, já me pôs a pensar de uma outra forma e mais um compromisso de estudar de como fazer a coisa certa.
Outra visão importante, é melhorar o solo via planta e não ao contrário, muitas vezes tentamos identificar os problemas do solo através das plantas como indicadoras das condições deste solo.
Plantas fracas, indicam solo fraco?
Muitas vezes o solo não é fraco e sim, desequilibrado, biologicamente, fisicamente e quimicamente falando.
Abraço.
Athos Minotto Brendler
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Obrigado.
Você tem razão quando diz que é preciso melhorar o solo pelas plantas e não o contrário.
Na minha região, e creio que na sua também, as pessoas escolhiam terras pela incidência de tal ou tal
espécie como sendo “padrão de terra boa”, mas se esqueciam que não foi o solo quem criou aquelas arvores.
Foi exatamente o contrário.
Se você retirar a cobertura vegetal e maltratar o solo vai ter o que o pessoal de Maringa-PR tem hoje em dia, ou
seja, um solo muitas das vezes pobre e desequilibrado, em uma das que já foram as melhores terras do Brasil.
As plantas que vegetam naturalmente nos dão uma indicação do que aquele solo precisa. Ela geralmente disponibiliza
algum mineral que está em falta ( ou esteja bloqueado ).
Sim, plantas fracas são sinal de solos fracos.
Temos vários exemplos.
Por exemplo: a carência de alguns minerais pode indicar a disfunção microbiológica de um solo.
A carência de Manganês poderá ser devido a um histórico de aplicações de glifosato, a solos calcáreos e oxidados ou
a uma disfunção da microbiologia do solo, que muita vezes poderá ser corrigida via plantas de cobertura.
Ferro a mesma coisa. Para sorte nossa ambas são corrigidas facilmente via fertilização foliar.
Deficiência de Cálcio também está ligada a disfunção microbiológica, principalmente de fungos de solo.
Já nesse caso pulverizar Cálcio tem efeito limitado, mas já usar o Boro via foliar fará com mais Cálcio seja absorvido,
e assim por diante.
Abs
José Luiz
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Boa tarde sr. Vinagre.
Primeiramente parabéns pelo blog. Descobri recentimente este blog e já li todos os posts e confesso que reli vários.
Sou agrônomo, mas nunca trabalhei como consultor, apenas como produtor rural por mais de 30 anos e sempre trabalhei com a agricultura tradicional. Com certeza trabalhei todos estes anos com uma tapa lateral e deixei-me ser sequestrado pela academia. Porém depois de tantos anos e vários fracassos confesso que estou cansado dessa agricultura cheia de CIDAS. Comecei então a me interessar pela agricultura orgânica e finalmente conheci a agricultura biológica, que ao meu ver é a agricultura do futuro.
Mas como tudo que é novo, necessitamos de aprendizados novos.
Bem! Vou direto ao ponto.
O sr repetiu várias vezes a necessidade de aplicações foliares bem projetadas.
Como excelente professor que é, o sr pode nos ensinar quais são as análises laboratoriais necessárias para se chegar às aplicações foliares bem projetadas?
A análise química das folhas deve ser uma das primeiras, podemos usar o método DRIS como parâmetro para a interpretação dos resultados?
Obrigado pela atenção,
Marcus Vinícius
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Boa Noite
Estou em viagem e as vezes o acesso a internet é precário.
A Analise que mais se aplicaria a esse novo sistema de agricultura, na minha opinião, ou seja, a Agricultura Biológica e Regenerativa seria a chamada Analise da Seiva ou Sap Analysis. Infelizmente no Brasil ainda não temos o laboratório NovaCrop da Holanda que é quem executa esse tipo de analise que possibilita um trabalho mais profissional e preciso. Existem outros laboratórios que também fazem Sap Analysis como o TPSL do Novo México.
Mas mesmo antes do NovaCrop existir, a Agricultura Biológica já usava o Refratômetro de Campo para medir o grau Brix da seiva que nos dá de forma indireta uma idéia da nutrição do vegetal.
Infelizmente, a analise foliar, mesmo aquela que se vale do sistema DRIS, é na verdade um tipo de necrópsia foliar porque trabalha com material vegetal morto. Para extrair os elementos desse “cadáver” vegetal ela precisa usar ácidos fortes e portanto acaba obtendo resultados artificialmente altos. Por exemplo, hoje em dia sabemos que o glifosato pode até não matar um vegetal RR mas vai estar presente nesse vegetal e estará bloqueando diversos micronutrientes simplesmente porque ele é um excelente quelatizante ( tem até patente de quelatizante).
Alguns minerais, como por exemplo, o Manganês poderão apresentar resultados dentro dos padrões satisfatórios mas estarão indisponíveis por estarem quelatizados dentro do vegetal.
Usamos os medidores Horiba L’Acqua para pH, CE, Nitrato, Cálcio, Potássio e Magnésio e fazemos as analises com folhas récem colhidas e com a seiva récem extraída, no campo mesmo.
Aliás. laboratório é outra instituição que também já está com os seus dias contados. É só uma questão de tempo.
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Dr Vinagre, muito instigante seu artigo.
Vou partir de afirmações suas;
” Quando as aplicações foliares são feitas com fertilizantes foliares mal projetados e mal formulados, eles não só não irão aumentar a fotossíntese como também poderão ter o efeito de esgotar certos nutrientes do solo, porque eles permitem que as plantas cresçam a uma taxa maior do que o solo normalmente possibilitaria.
Foliares bem projetados aumentam a fotossíntese, que resultará em um aumento das populações das comunidades microbianas e matéria orgânica, o que resultará em um suprimento maior de minerais disponíveis no solo.”
O que é um fertilizante foliar mal projetado ? Como é um fertilizante foliar bem projetado ? Por favor de exemplos de Sistemas Agrícola Regenetatívos.
Atenciosamente,
Cláudio de Oliveira Silva
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Caro Cláudio,
Os sistemas regenerativos agrícolas hoje em dia são bastante conhecidos pelo mundo afora.
Para não cometer nenhuma injustiça nessa minha resposta eu fiz uma pequena pesquisa no Google e teclei “Regenerative Agriculture “.
Em resposta, obtive 10.500.000 respostas. Ou seja não é um assunto desconhecido pra iniciar a nossa conversa, que exija uma
explicação da forma tão peremptória da forma como foi solicitada.
Por outro lado eu teclei no Google a seguinte pesquisa : “Lula Ladrão ” e obtive somente 2.670.000 respostas. Ou seja, mais pessoas no mundo conhecem a Agricultura Regenerativa do que sabem que o Lula é de fato um ladrão. E veja que o Lula é um ladrão publico e notório,
tanto é que está condenado e preso.
Isso é o que nós chamamos de informação de domínio público.
Valeria a pena você fazer o dever de casa e pesquisar mais sobre esse assunto. Se assim o fizer vai conhecer pessoas extraordinárias como
Dra Christine Jones da Australia ( amazingcarbon.com) , Dr Kris Nichols, Dr Davis Montgomery, assim como Gabe Brown, John Kempf, etc…
Com relação a fertilizantes foliares mal projetados, são aqueles que não levam em conta os princípios fisiológicos das plantas, como por exemplo fotossíntese, reprodução, potencial Redox, mecanismos de absorção, etc…. É só olhar o mercado. Ele está cheio de produtos assim.
Quanto aos foliares bem projetados são exatamente os que levam em consideração tudo o que foi acima mencionado e ainda várias outras coisas e que, se Deus o permitir, pretendo lançar no mercado dentro de alguns meses.
Tá OK ?
José Luiz
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Temos que imbutir na mente dos Empresário Agrícola.
A fazem esse trabalho.
O quanto antes.
Aí teremos 4 a 5 anos.
O resultados esperado.
Correto.
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Prezado,
A fotossíntese funciona desde que as plantas começaram a existir.
Aliás, as plantas produzem porque fotossintetizam.
Mas as faculdades de agronomia conseguiram dar um nó na cabeça das
pessoas e convence-las de as plantas precisam mesmo é de NPK somente.
Não precisa 4 a 5 anos não. É na mesma hora
OK ?
JOsé Luiz
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Difícil é incutir no agricultor, o pensamento que cada indivíduo vegetal tem seu potencial máximo de produtividade, limitado pelo fator genético e ambiental.
Não se pode alterar a genética do indivíduo em si, nem mesmo controlar a natureza. Porém nada nos impede de fornecer à planta, condições nutricionais e microclimáticas para que exprimam seu máximo potencial.
Se a planta tem potencial genético para desenvolver uma maior área foliar, devemos dispor de todos os recursos possíveis, para “turbinar” a transformação de carbono da atmosfera em riqueza para a humanidade.
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Parabéns pelo artigo Dr José Luiz!
Pude já comprovar o resultado do uso desta tecnologia! Realmente a planta vai fazer a modificação do solo! Como fez com a Amazonia! Vai demorar muito para que as pessoas entendam e aceite testar a tecnologia do Sustentável…..
Mudanças de tecnologia são difíceis de serem aceitas! Ainda mais quando a fase de transição não é bem conduzida…..
Fica fácil dizer o chavão, ….. isto não funciona!!!
Nós temos que provar com resultados expressivos…….. e está proximo !!! Tivemos aqui estes erros iniciais da transição, e pagamos por ele!!!
Grande abraço
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Boa Noite Oswaldo
A Amazonia está ai para quem quiser ver. Mata Atlântica também.
Agora ficou mais fácil. Ou a pessoa entende rápido ou vai a falência.
A responsabilidade pela agricultura estar do jeito que está é da academia
que sempre “comeu no mesmo prato ” que a industria e nos ensinou quase tudo
da forma errada.
Agora está todo mundo com a cabeça cheia de idéias que não condizem
com a realidade e achando que sabem tudo quando na verdade não sabem nada.
Fica difícil colocar idéias novas em cabeças cheias.
Desaprender é mais difícil do que aprender.
Abraços
José Luiz
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