FOTOSSÍNTESE SEM A LUZ SOLAR
Somente o título desse artigo já faria alguns dos leitores se desinteressarem pelo assunto por que a maioria das pessoas tem a tendência a desconsiderar tudo aquilo que não se encaixa com o que elas consideram correto, previsível ou normal.
A primeira vez que ouvi falar de fotossínte na ausência de luz solar foi em 1999, lendo um excelente livro do Dr Andersen e um dos que mais me motivou a seguir o caminho alternativo da Agricultura Biológica, e que é voltada principalmente ao aumento da atividade biológica do solo, a prover energia para as lavouras e construir resistência interna nas plantas ao ataque de pragas e doenças. Trata-se do livro The Anatomy of Life & Energy in Agriculture ( 1 ).
Nesse livro Dr Andersen relata as experiencias do Dr. T. Galen Hieronymus que demonstrou, a sua época, que as plantas não precisavam necessariamente da luz solar para crescer normalmente. Dr Hieronymus cunhou o têrmo energia elóptica para descrever esse fenômeno. Segundo Andersen, essa energia seria a mesma que Reich chamou de energia orgônica.
Dr Wilhelm Reich, também relatou que plantas podem crescer sem receber luz solar direta, quando cultivou plantas normais e saudáveis dentro do seu Acumulador Orgônico, demonstrando, portanto, que precisaríamos entender essa questão energética na fotossíntese um pouco melhor.
Para quem, como eu, não sofre de limitação cerebral para absorver novos conhecimentos, como muitas pessoas, tratei logo de fazer um registro mental sem me preocupar, contudo, em replicar os resultados relatados por Hieronymus e por Wilhem Reich.
Ocorre no Brasil com menos frequência, e em outros países com maior intensidade, que quando alguem lhe diz algo que você desconhece e aquela informação seria importante pra o tipo de atividade que você exerce, é costume os receptores da informação agradecerem aqueles que a transmitem.
Aqui, é muito comum as pessoas confrontadas com algum tipo de informação que desconhecem, se manifestarem contrariamente a nova informação, geralmente manifestando um certo ar de superioridade, incredulidade e desprezo pelo portador das novas informações.
Nesse processo de negação da realidade (chamado de denial ) costumam utilizar, sem se darem conta, de um artifício falacioso de retórica denominado Argumentum ad Ignorantiam. Ou seja, para aqueles indivíduos, se a informação é desconhecida deles é porque ela, simplesmente, não existe. Tenho visto esse tipo de manifestação acontecer aqui no Brasil ad nauseam.
E essa reação é tão mais evidente quanto maior for a escolaridade do indivíduo, ou seja, existe uma correlação positiva entre escolaridade e repúdio a novas informações ou a informações que colocarão em cheque os seus conhecimentos atuais e os obrigarão a pensar e a raciocinar.
Levou algum tempo até eu descobrir que esse mecanismo de defesa é primitivo e desencadeado pela norepinefrina e provavelmente outros neurotransmissores. Todas as vezes que somos confrontados por diferenças de opinião as substancias químicas liberadas no cérebro são aquelas mesmas que tentam assegurar a nossa sobrevivência diante de situações adversas. Durante esse estado defensivo, a parte mais primitiva do nosso cérebro interfere com o pensamento racional e o sistema límbico pode nocautear grande parte da nossa memória fisicamente, causando o chamado “bitolamento mental”(mental narowmindness).
Independentemente da importância da informação ou da idéia, o cérebro tem problemas em processá-la quando se encontra nesse estado. Em um nível neural, ele reage como se estivessemos sendo ameaçado, mesmo que essa ‘ameaça’ venha de opiniões e fatos inofensivos, os quais podem ser até úteis e os quais nos poderíamos até racionalmente concordar.
Pessoas letradas deveriam ser aquelas mais dispostas a esposar novas idéias e novos conceitos, mas na prática não é isso o que ocorre.
Quem já fez algum dos meus cursos sabe muito bem que eu declaro, há mais de 20 anos, que toda a area de Biologia, na qual a Agronomia está inserida, assim como a propria Biologia, a Medicina, a Nutricão e demais disciplinas correlatas, carecem do estudo da Física para que possam entender melhor como a vida se manifesta.
Somente a Química e a Biologia não seriam suficientes para explicar a vida, e foi outro livro do Dr Andersen quem primeiro evidenciou para mim esse aspecto “capenga” da Agronomia, o Science in Agriculture, no qual ele pede exatamente que se use mais a Física e menos a Química para explicar o milagre da vida vegetal ( 2 ).
Passados quase 20 anos, eis que me deparo com artigos científicos dando conta que realmente é possivel a fotossintese sem o concurso da luz solar ( 3, 4 ), não sendo mais, portanto, algo que se possa ignorar e nem rebater usando a ‘argumentação da ignorância’ tão a gosto dos negadores da realidade ou denialists.
Crédito: Cortesia da National Academy of Sciences
Fig. 1 . Bactérias que realizam a fotossintese sem a luz solar.
E qual a importância dessa informação ? Além da quebra de mais um paradigma, de prático temos pouca utilidade nessa descoberta, porém é o bastante para nos fazer refletir sobre como realmente as coisas acontecem na Natureza e em parte na indústria que depende dela e que é a mais antiga da civilização – a Agricultura.
Além da mais antiga, é também uma das mais complexas e dificeis de se alcançar a maestria e obter o respectivo sucesso.
A sua prática reside na constante e fiel observação das milhares de variavéis que fugiriam a atenção da maioria das pessoas que praticam outros tipos de atividade.
‘A Agricultura é, de longe, a mais dificil e a que requer mais inteligência entre todas as demais atividades industriais. O trabalho do agricultor é com a vida e com sêres vivos, sejam animais ou plantas, os quais não podem ser dirigidos ou gerenciados por coerção. Eles precisam ser entendidos e suas necessidades satisfeitas’ ( 5 ).
Também, evidencia a importância de reconhecer-mos outras formas de energia que atuam nos organismos vivos além das formas até agora reconhecidas. É preciso que reconheçamos a importância da Física e da sua mais nova disciplina correlata, a Biologia Quântica ou a Física da Natureza, para que possamos entender melhor os mistérios e fenômenos da vida ( 6 ).
Imagem: Power And Syred/Science Photo Library
Fig. 2. Estômatos – Alguns cientistas acreditam que o entrelaçamento quântico desempenha um papel relevante na Biologia.
É necessário que saiamos da ‘idade da pedra agronômica’ onde a academia e centros de pesquisa ensinam os agricultores a salinizar o solo assim como faziam os antigos romanos há 146 anos A.C. É inconcebível que indivíduos, alguns dos quais intitulados cientistas agrícolas, continuem a promover deliberadamente a salinização do solo sob o pretexto de ‘evitar a fome no mundo’, mas que na realidade garantem apenas e tão somente a prosperidade da industria petroquímica.
É preciso que a Remineralização do Solo venha em primeiro lugar. Isso inclui fomentar a pesquisa e o uso de Pós de Rocha. Produtores inovadores e menos atrelados as amarras e diretrizes técnicas estão mostrando o caminho.
Também corrigir os minerais segundo o Equilíbrio de Bases e não apenas com base em um único parametro como o pH. Culturas de Cobertura trazem aos solos desgastados um novo suprimento de carbono liquido que permite o florescimento da microvida do solo após a adequada remineralização, e por fim fornecem a cobertura morta necessária a execução do plantio direto.
Os microrganismos viriam logo após desde que sejam satisfeitas as suas necessidades primordiais, isto é, ausência de contaminantes (como herbicidas, fungicidas, inseticidas e excesso de sais químicos), a adequada mineralogia do solo e a cobertura que gera proteção da luz solar e temperaturas adequadas.
E sobretudo é preciso abraçar definitivamente o conceito de energia dentro da agricultura. Carey Reams dizia que as plantas não se nutrem dos elementos químicos em sí mas sim da energia liberada pelos mesmos quando da sua inteiração e sincronização no solo.
A Agroindustria dos produtores de sementes transgênicas e dos fabricantes de fertilizantes quimicos derivados do petróleo insiste em instilar terrorismo na mente das pessoas ao falsamente apregoar que “todos morreriam de fome” sem essas tecnologias, mas a grande verdade é que nós todos já estamos, de fato, morrendo de fome ao nos alimentarmos com esse alimento tão desmineralizado, mesmo tendo nossos estômagos cheios. Todos os indicadores estatisticos do aumento da incidência de inúmeras doenças apontam para esse fato.
Por decreto, o Bushel de Milho, que sempre pesou 56 libras, foi rebaixado para 54 libras porque o milho transgênico já não mais consegue ter a densidade anterior.
A verdadeira ciência aponta para o fato de que essa qualidade das lavouras, de baixa a medíocre, em termos nutricionais, infestação de nematóides, infestação de ervas daninhas, pressão de insetos, pressão de doenças, como sendo um resultado de inadequações e desiquilíbrios nutricionais e não como sendo da falta de agrotóxicos e de sementes transgênicas.
Portanto, fico satisfeito quando vejo um grupo de agricultores, como os que irão participar do 1o Forum Brasileiro de Agricultura Sustentável, a ser realizado nos dias 18 e 19 de Agôsto em Goiânia, GO, na sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, se organizarem em torno de um objetivo comum, que hoje está mais focado na sua própria redução de custos sem muitos outros objetivos, mas que amanhã, quem sabe, poderão estar também focados em outros parâmetros como aumento da densidade nutricional dos alimentos, menor impacto ambiental, melhoria da qualidade intrínseca dos alimentos como sabor e aroma que são garantidos pela prática consciente da moderna Agricultura Biológica.
Esse artigo é a minha singela e modesta homenagem aqueles que tiveram a ousadia de quebrar os grilhões que os amarravam a uma velha e ultrapassada pseudo ciência e a coragem de seguir em frente sem medo de errar.
“Aqueles que nunca erraram na vida é porque nunca tentaram nada de novo”. Albert Einstein
José Luiz M. Garcia
Agosto de 2017
Referências
- Andersen, Arden (1989) The Anatomy of LIFE & ENERGY in Agriculture, Acres USA, Kansas City, Missouri, 115 pgs.
- Andersen, Arden (2000) SCIENCE in AGRICULTURE – Advanced Methods for Sustainable Farming, Acres USA, Austin, Texas, 376 pgs.
- Beatty, J.T. et all (2005) An obligately photosynthetic bacterial anaerobe from a deep-sea hydrothermal vent, PNAS Proc.Nat. Academy of Sciences, 102 no. 26, 9306–9310.
- Graham, Sarah (2005) Bacteria Pull Off Photosynthesis sans Sunlight, Scientific American, https://www.scientificamerican.com/article/bacteria-pull-off-photosy/
- Mercier, Charles (1919) A Manual of the Electro-Chemical Treatment of Seeds, University of London Press, pp 45-47.
- Cobb, Mathew (2014 ) Are we ready for Quantum Biology, New Scientist, https://www.newscientist.com/article/mg22429950-700-are-we-ready-for-quantum-biology/
o autor desse texto atribui à agronomia, absurdos que não sei de onde ele tirou. Essa escola da “idade da pedra” que ele cita, realmente deve ser descartada, mas nunca a vi por aí. Ele podia primeiro olhar outras escolas. Para quem se diz tão aberto à novidades e ao futuro, fico na dúvida já que nem mesmo consegue fazer leitura da atualidade conhecida por quem se interessa. Por quem se interessa! Além disso, às tais novidades que apregoa, atribui termos como “a grande verdade”, nada compatíveis com a verdadeira ciência, que se é verdadeira é humilde e tem consciência de que é falível. É… o título do texto me interessou e li porque quiz… mas no final é só mais um ser pronto para enfiar o dedo nos olhos alheios sem colocar nada de científico no lugar, só crenças… Mas concordo a última frase que citou, que atribui ao Einstein.
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Prezada Maria,
Esse seu comentário veio de forma apócrifa, mas pesquisando na internet vi tratar-se de uma pesquisadora da Epamig lotada
no norte de Minas e que pesquisa bananas.
Pude, também, ver que obteve os títulos de mestrado e doutorado todos em universidades
brasileiras de importância secundária e periférica com a estadual de São Paulo, as quais não exigem que seus doutorandos
tenham conhecimento de outros idiomas, como é o seu caso.
Primeiramente, é costume na nossa lingua usar letras maiúsculas no início das frases, como também parágrafos e não escrever da forma
monolítica como fez, porque dificulta o entendimento e a transmissão das suas idéias. Bem como virgulas, acentos e pontos de
interrogação e de exclamação.
Mesmo assim, vou tentar entender o que escreveu e responde-la.
Sinto muito mas eu tenho que enfatizar o fato da Sra. não ser fluente no inglês porque isso só já responde uma das suas perguntas,
ou seja, os tais “absurdos não sei de onde tirou”. Se a Sra. fosse um pouco mais atenta saberia que eu “tirei” justamente de uma relação
ao final do artigo, onde se lê : Referências.
OK, Doutora ou devo dizer “Dotora” ? Como eu sei que a Sra. não sabe inglês ? Bem, isso é o que está escrito no seu Curriculum Lattes.
Eu estou usando a sua própria informação apenas.
Segundo, eu não ofendi a “Agronomia” , pois essa está muito acima de todos nos por ser uma coisa abstrata. Eu critiquei os que fazem uso de
técnicas e conceitos errados em nome da Agronomia. Os que ainda usam o pH para julgar a necessidade de Calcário e não de Cálcio e Magnésio
nas quantidades e proporções adequadas. Eu critiquei os que usam o santo nome da Agronomia em vão, talvez como a Sra o faz.
Confesso que não entendi o que quis dizer por “leitura da realidade”e “por quem se interessa”.
A Sra. provavelmente não estudou Fisico-Quimica nos seus cursos e quer pretender conhecer a realidade melhor do que eu, e ainda
por cima vem falar em “verdadeira Ciência”.
Sinto, “Dotora” mas essa verdadeira Ciência a qual se refere não existe dentro dessas instituições aonde, talvez as custas de grandes sacrifícios,
obteve seus títulos.
Eu prefiro, como a Sra mesmo disse “enfiar o dedo nos olhos alheios” para não ter que enfia-lo em outro lugar.
Mas que dá vontade isso dá.
Da próxima vez assine sua mensagem para que as pessoas conheçam participante tão ilustre e letrada.
Atenciosamente
Jose Luiz M Garcia
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Muito bom! Concordo plenamente e me sinto gritando sozinho em um estadio de 100.000 pessoas, como fazer o produtor pensar que existe outras formas de adubação? que precisamos fazer o equilíbrio de bases? Estamos tendo um marketing pesado da industria de defensivos, dos adubos convencionais e isso e difícil de mudar.
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