No Brasil, a agricultura convencional, que agia, e ainda age, de forma reativa, ou seja, após instaurado o fracasso ( ataque de insetos, ocorrência de doenças, ataque de nematóides, etc…) recorria a aplicação de resgate químico tóxico, também conhecido por “moléculas”, teve que se render ao controle biológico graças a Helicoverpa armigera, uma praga exótica que chegou ao nosso país trazendo resistência a maioria dessas moléculas, que é o nome carinhoso, e com conotação científica, que tanto a academia como a industria de agrotóxicos denominam o velho e conhecido veneno.
A industria do veneno, como também as demais industrias, por meio da publicidade e da propaganda, sempre usaram a semântica para alcançar os seus objetivos, nem sempre meritórios. Esse fato é amplamente conhecido de todos. Dai todos aqueles nomes inofensivos e abonadores como defensivos agrícolas, agroquímicos, pesticidas, etc… que apenas servem para tentar ocultar aos olhos do público, o verdadeiro caráter tóxico e venenoso dessa classe de produtos.
Hoje são um pouco mais sofisticados. Além dos recursos linguísticos, contratam “cientista” politico da USP conhecido da mídia, por suas participações em empresas tais como Bayer e Novozymes (leia-se Monsanto), entidades de classe e cargos de Public Relations, para gerenciar associação “guarda chuvas” que tem a finalidade de ocultar empresas, algumas delas com a reputação de fazer inveja a Cracolândia, como por exemplo a Monsanto, e manipular membros da academia, bem intencionados ou não, para justificar e alcançar os seus intentos nada franciscanos . Esse “guarda-chuvas” responde pelo candido nome de Crop Life Brasil.
Ou seja, o modêlo convencional antigo, do : Fracassou ? “Chamem a cavalaria !”, sob a forma de resgate químico tóxico, aos poucos mudou para “Chamem os micróbios do Bem” que além de não serem tóxicos e de não terem apenas uma única tarefa (que seria matar o inimigo-alvo) como é o caso das tais “moléculas”, também produzem Substâncias Promotoras de Crescimento ( PGPS), solubilizam Fósforo no solo, atacam formas jovens e ovos de nematóides, etc… na rizosfera ou até mesmo de forma endofítica.
Então naquele MODÊLO CONVENCIONAL significando o PASSADO temos um modelo REATIVO, baseado no fracasso, com uma atitude REATIVA com resgate químico tóxico. Esse modelo imperou durante décadas e ainda persiste até os dias de hoje entre a maioria dos agricultores, mas já se sabe ser um modelo ultrapassado, pois até as industrias de veneno, hoje já passaram a adotar uma atitude proativa quando recomendam o uso de fungicidas ( pasmem ) de forma preventiva para as doenças foliares.
Esse modêlo convencional, antigo e ultrapassado, evoluiu para o atual modêlo PRESENTE, que ainda está a procura de um rótulo mas que, na falta desse, tem se intitulado como “SUSTENTÁVEL “. Esse modelo assume claramente uma atitude PROATIVA, onde o alerta ocorre sempre antes do fracasso e trabalha preventivamente com agentes biológicos não tóxicos.
Esse é o modelo atual que alguns dos seus maiores defensores, como Rogério Vian do GAAS ( Grupo Associado de Agricultura Sustentável ) afirma estar presente em mais de 20 milhões de hectares quando se sabe que o Brasil dispõe de um total de cerca de 152 milhões de hectares agricultáveis, mas que na verdade somente cultiva cerca de 66 milhões de hectares, pelos dados da Embrapa Territorial, essa excelente unidade da Embrapa, motivo de orgulho para todos nós e habilmente e sabiamente dirigida pelo Dr. Evaristo Miranda ( e para aqueles que me acusam de nunca elogiar a Embrapa ai está a minha resposta – elogio quem merece ser elogiado e o Dr. Miranda é mais que merecedor).
Bem, se estamos falando de 20 milhões de hectares “sustentáveis” estamos falando de cerca de 30% do total de agricultores usando esse novo enfoque e, portanto, já ultrapassamos já há algum tempo a barreira dos 13,5% que os especialistas em adoção de novas tecnologias consideram ser o nível critico para que uma nova tecnologia seja adotada. Logo a metade dos agricultores deverão estar usando esse novo enfoque e dai para adiante seria somente uma questão de tempo para que todos adotem esse sistema ou modêlo.
Evidente que algumas pessoas ( também cerca de 13,5% – o outro lado da curva ) independentemente do que façamos, vão querer sempre usar veneno, mesmo que eles não existam mais, como é o caso de telefones com dial para discagem. Tem gente que ainda procura alguns daqueles telefones para comprar e não encontra. O mesmo aconteceu com carros mecânicos e automáticos e vai acontecer fatalmente com carros com motores de combustão interna ( MCI ) e carros elétricos a partir de 2025.
Porém, a industria de venenos, e também as de fertilizantes químicos solúveis ( leia-se: os russos ) não estão nada satisfeitos com esse tipo de situação. Aliás, toda a redução de custos na agricultura, que Vian estima em 40%, implica necessariamente na diminuição do faturamento para essas mesmas empresas. Esses grupos empresariais não estão nem um pouco satisfeitos, com esses números. Eles tem poder e dinheiro e fatalmente irão contra atacar. É só uma questão de tempo.
A Crop Life Brasil é um exemplo vivo disso. Assim que estiver consolidada e reconhecida como palavra oficial desse setor, já que está ativamente engajada na bajulação ( leia-se puxação de saco ) de membros da Academia e da Embrapa, irá fatalmente propor a criminalização da Multiplicação de Microrganismos On Farm, alegando, o que já estamos cansados de saber, ou seja, uma suposta e remota possibilidade de contaminação por algum tipo de bactéria patogênica humana.
Diga-se de passagem que essa possibilidade já foi descartada pela Dra Elaine Ingham ( Soil Food Web Labs ) quando ela intencionalmente adicionou E.coli em tanque de Compost Tea e depois de 24 horas foi incapaz de recuperar a mesma cepa ( 1 ). Ou seja, para que essa possibilidade remotíssima ocorra seria preciso muito desleixo, descaso, falta de conhecimento e até de contaminação intencional por parte do agricultor, razão pela qual eu defendo a regulamentação dessa atividade por parte do MAPA, o mais rápido possível.
Prestem bem a atenção, essa suposta contaminação será forjada e poderá contar até com a própria participação de algum produtor desesperado em troca de algum benefício econômico. Portanto fiquem alertas. Se isso acontecer façam uma investigação completa na vida desse agricultor e comprovem a minha tese.
Entretanto, caso essa proibição, por alguma razão de ordem monetária ( propina ), vaidade e inveja científica ( os pesquisadores já não são mais os protagonistas nessa história chamada de Agricultura Moderna – eles já ficaram para trás ), etc… vier a se concretizar os agricultores terão que aprender “na marra “ e de uma vez por todas como é que as plantas realmente se nutrem e de que forma adquirem resistência as doenças e as pragas.
Nesse caso, a potencial e hipotética futura proibição, teria o mesmo efeito que a Helicoverpa armigera teve ao motivar e desencadear a mudança do sistema antigo Reativo para o sistema atual Proativo.
Teríamos, então, as necessárias razões e as bases para implantar o modelo do FUTURO que agiria de forma PREDITIVA , quando os alertas viriam de tendências já conhecidas. Nesse caso, de forma previsível iríamos prevenir as causas dos problemas e não somente tratarmos os sintomas causados pelos problemas, como é feito atualmente pelas chamadas “Ciências” Agrícolas, motivo de artigo meu anteriormente publicado ( 2 ). Nesse caso recorreríamos ao uso de bioestimulantes e de fertiprotetores ao invés de cidas químicos ou biológicos.
Então, senhoras e senhores, essa aparente revolução que ocorreu na agricultura brasileira nessa ultima década não foi feita realmente sobre bases desejáveis por que simplesmente não contemplou as verdadeiras causas dos problemas mas sim tratou única e exclusivamente os sintomas, ou seja a incidência de pragas e de doenças.
Em outras palavras trocaram seis por meia dúzia.
Não houve realmente nenhuma mudança de paradigmas. Trocar seis por meia dúzia não é mudar paradigma nenhum. Mudou-se apenas os agentes. Antes eram químicos. Agora são biológicos. A única diferença louvável foi que agora os agentes biológicos que controlam as doenças e as pragas são feitos na própria fazenda.
Ainda continuamos a raciocinar de forma cartesiana e acreditando que as pragas e as doenças são eventos aleatórios quando na verdade são apenas a consequência do mau gerenciamento do solo com práticas oxidativas, como aração e gradeação, do uso de substâncias químicas solúveis, como o nitrato, uso excessivo de substâncias tóxicas, como fungicidas que aniquilam a micro vida do solo, notadamente as micorrizas responsáveis por grande parte dos nutrientes fornecidos as plantas e de herbicidas, como o glifosato, que destroem tanto a micro vida do solo como complexam importantes nutrientes não só para a fotossíntese como também para a imunidade vegetal, como o manganês.
E finalmente é sabido que todo e qualquer veneno aplicado nas lavouras irá sobrecarregar todo o metabolismo vegetal favorecendo ainda mais o aparecimento de doenças e pragas não importando quantas Crop Lifes eles criem, e nem quantos “cientistas” politicos do Partido NOVO eles coloquem para gerencia-las, essa é que é a pura verdade. Aliás Francis Chaboussou já tinha visualizado esse fato já em 1985 ( 3 ).
Portanto, meus amigos, temos um encontro marcado em Foz do Iguaçu nos dias 8 e 9 de Maio de 2020 quando durante dois dias iremos expor e debater as bases dessa nova Agricultura que está sendo chamada de Regenerativa que não tem nada a ver com a Embrapa, com nenhuma Universidade e muito menos com nenhuma entidade tipo “guarda chuvas” de multinacional do veneno.
Referências
- Garcia, J.L.M ( 2003) Curso Teórico e Prático sobre AGRICULTURA BIOLÓGICA, Sítio Catavento, Itupeva , São Paulo.
- Garcia, J.L.M. (2019) Ciências Agrícolas – Acertam os Problemas mas Erram as Causas, Blog do Instituto de Agricultura Biológica, https://institutodeagriculturabiologica.org/2020/01/31/ciencias-agricolas/
- Chaboussou, Francis ( 2013 ) Healthy Crops – A New Agricultural Revolution, Jon Carpenter Publishing, The Gaia Foundation, 234 pgs.
Parabéns Dr!
Temos que realmente pensar de forma diferente. Não só trocar os químicos pelos biológicos.
Com ações reativas, mas mudar para buscar o equilíbrio e usar formas preventivas, que estimule o sistema imunológico das plantas para que ela seja imune às doenças e pragas.
CurtirCurtir
Caro Osvaldo,
Nem a Embrapa, com todos os seus milhares de Doutores, e nem as Universidades, sabem como
proceder a essa mudança.
Ou seja, como pensar de forma não Cartesiana por que o pensamento Cartesiano é simplesmente
a essência do chamado Método “Científico “. Entende ?
Algumas Universidades como a UFRRJ criaram até “Pós Graduação” em Agricultura Orgânica o que
por si só já seria um absurdo porque não existe ciência nenhuma na Agricultura Orgânica.
Ag. Orgânica é todo um amontoado de normas e padrões que precisam ser seguidos. Ponto.
A Agricultura Orgânica continua a ser cartesiana da mesma forma que a convencional.
Tanto é que todos os anos um inspetor da certificadora vai até a minha fazenda e uma das perguntas que eles
fazem é exatamente : Quais os adubos que o Sr. utiliza ? A minha resposta é sempre a mesma : Nenhum.
Mas eu noto que eles ficam um pouco decepcionados com essa resposta, porque no ano seguinte ele
faz a mesma pergunta.
Porisso, é que já há bastante tempo eu venho criticando toda essa gente, academia e Embrapa.
Eles confundem títulos com sabedoria. Eles possuem títulos mas não aprenderam a pensar.
Eles possuem todos os títulos do mundo mas não sabem pensar de maneira correta.
Aliás essa questão de títulos no Brasil chegou a um ponto que beira o absurdo.
Hoje a pessoa faz um trabalhinho com aplicação de melaço em cafezal, nem analisar o melaço ele analisa,
faz analise de solo em duas profundidades, confunde as profundidades, e depois ainda ganha título de
“Doutor”” em Lavras. Sabem porque ? O nome dele é Einstein. Não é bonitinho esse nosso pais ?
Verdadeiro samba do crioulo doido na sua versão academia agrícola brasileira.
Acreditem se quiser. Aqui nesse país conseguem avacalhar qualquer coisa.
Nenhum acadêmico da Embrapa ou de qualquer outra universidade brasileira consegue pensar de forma
não cartesiana. Nenhum.
Hoje já sabemos como fazer as coisas caso a pessoa esteja propensa a abandonar o pensamento cartesiano.
Porém tem que ter a humildade e dizer : Eu não sei nada, mas gostaria de aprender !
Mas já vou logo te adiantando que existem, na minha opinião, duas palavras que atrasaram muito esse processo.
Uma delas seria “equilíbrio”e a outra seria “trofobiose”. Eu sugiro que vc se mantenha afastado dessas
duas palavras porque elas não contribuem com nada e somente dão a pessoa que as utiliza uma falsa
sensação de que sabe sobre o que está falando, quando na verdade não sabe.
Atenciosamente
Jose Luiz
CurtirCurtido por 1 pessoa
Sobre o encontro em Foz do Iguaçu, quem está organizando? E onde será? Ja tem algo na net?
CurtirCurtir
Está na mão de uma Consultoria do Paraná que me prometeram um cartaz ainda essa semana.
Quando o folder/cartaz ficar pronto eu irei postá-lo aqui nesse blog.
CurtirCurtir
Ola td certo, sobre o encontro que comentou no artigo, sobre agro regenerativa que sera em maio/20. Tens mais detalhes? Quem organiza, onde será?
Agradeço Tacius Villa de Lima
>
CurtirCurtir
Em principio sim. Um folder deverá ser feito ainda essa semana e eu irei posta-lo aqui no Blog.
Portanto, se mantenham em contato.
Abs
Jose Luiz
CurtirCurtir