As rochas são mais conhecidas pela sua solidez. Todo cristão conhece bem as palavras de Cristo quando disse: “Sobre essa rocha construirei a minha Igreja”. Também são conhecidas pela sua longevidade. Foram testemunhas de cataclismas, tempos bons mas também de guerras.
A História demonstra que várias guerras foram o resultado da luta pela fertilidade dos solos, que em última analise vieram das rochas. Gafsa, localizada no Norte da Africa, significava o rejuvecimento para os cansados solos alemães carentes de fósforo. Nauru, uma minúscula ilha no Pacifico foi igualmente uma salvação alimentícia para os japoneses, também por ser composta de rocha fosfática.
Atualmente uma luta , eu diria até que uma verdadeira guerra, está sendo travada entre setores da agricultura e mais uma vez o motivo dessa guerra ao que parece seria o Pó de Rochas, que sabidamente é um dos três sustentáculos do tripé da sustentabilidade agrícola junto com as Culturas de Cobertura e a utilização de agentes biológicos multiplicados “On Farm “, já que essas três tecnologias agrícolas tem garantido a manutenção da fertilidade renovável do solo de diversos agricultores que tiveram a necessária coragem para quebrar um paradigma velho e desgastado.
De fato, certos setores da Agricultura, academia incluída, devem estar realmente assustados com o crescente numero de agricultores que fazem uso do Pó de Rochas para fertilizarem as suas lavouras. Esses agricultores, na sua grande maioria, estão muito satisfeitos com os resultados obtidos até o momento, alguns dos quais já na décima safra ao longo de 5 anos ( 1 ), tempo esse, normalmente considerado pela pesquisa agrícola como suficiente para validar qualquer nova tecnologia.
Tanto é que a própria academia, via MAPA, para sacramentar o uso dos Pós de Rochas, se vale de uma tecnicalidade e de um artifício para justificar e oficializar a sua utilização, qual seja a Soma de Bases que deve ser igual ou maior que 9% (Instrução Normativa No. 5, de 10/3/2016 ), numa tentativa “científica “ de atribuir a eficácia dos pós de rochas ao seu conteúdo de bases trocáveis ( 2 ) que sabidamente é baixo. Nada menos científico do que essa instrução normativa. Mas, levando-se em conta quem a assinou, não se poderia esperar nada melhor do que isso mesmo. Além do mais, como muita gente já estava usando os Pós de Rocha, eles tinham que se manifestar de uma forma ou de outra porque, mais uma vez, estavam a reboque da realidade e também para que pudessem dar o ar da sua graça de agência reguladora. Não fizeram nada mais do que tentar resgatar a sua já tão desgastada reputação.
Entretanto, se as rochas pudessem quebrar o seu eterno silêncio e falar, teriam dito que a grande eficiência dos pós de rochas está intimamente ligada ao seu teor de SilÍcio, e não a sua ridícula e baixa Soma de Bases. O silício é, e sempre será, o principal componente de qualquer pó de rocha e não os outros atributos que pretensamente quiseram lhe atribuir por decreto. Aliás, recomendo aos membros da academia que ainda não o fizeram, que leiam, atentamente, o melhor trabalho de revisão que existe sobre o silicio, feito pelo talvez maior fisiologista vegetal ainda vivo, Prof. Emanuel Epstein, Professor Emérito da Universidade da California, em Davis, onde, de uma vez por todas, são apresentadas evidências (129 citações bibliográficas) e em uma prestigiosa publicação raríssimamente usada pela grande maioria dos pesquisadores agrícolas “mortais”, que confirmam e corroboram ser o Silício um macro nutriente no mesmo nivel de Fósforo, Cálcio, Enxofre, Magnésio, Nitrogênio e Potássio ( 3 ). Ou seja, o Prof. Epstein demonstrou, além de qualquer sombra de dúvidas, na sua revisão bibliográfica, que Silício é um macro nutriente. Ponto.
É bem verdade que outros, como o Dr. Rudolf Steiner declaravam esse fato, e com todas as letras, já em 1924, mas isso já seria uma outra história e agradaria mais aos iniciados em Antroposofia ( 4 ). Porém, 30 anos antes dessa constatação feita por Steiner, o autor Julius Hensel publicou o célebre livro “Pães Vindo das Pedras” (constantemente e erroneamente traduzido como “Pães de Pedra”), no qual ele, não só reconhecia a importância do silício como nutriente, como também recomendava a adição de pós de pedra aos solos alemães que já nessa época começavam a demonstram os primeiros sinais de decadência provocada pelo uso de fertilizantes ionicos salinos preconizados por Justus von Liebig.
É interessante comparar as carreiras de Julius Hensel e Justus Von Liebig. Eles foram contemporâneos. Hensel foi estudante de Química Agrícola, Bioquímico e Nutricionista enquanto Von Liebig era um cientista famoso, foi aluno de Gay-Lussac e educado pela escola francesa, um fato raro para um alemão daquela época ( 7 ). O livro de Hensel foi publicado pela primeira vez em 1894 e pode ser considerado tanto uma réplica a tese de Von Liebig da agricultura quimicalizada, publicada em 1840, quanto uma introdução a um novo estilo de agricultura que evoluiu para o que hoje conhecemos como agricultura alternativa, orgânica, sustentável, etc..
Von Liebig fez as descobertas que propiciaram as bases para o estabelecimento da industria de fertilizantes químicos principalmente N, P e K. Ele observou que quando grãos de trigo eram carbonizados e transformados em cinzas eles continham principalmente Fósforo e Potásio. A partir dessa constatação, ele concluiu que ambos P e K deveriam ser restituidos ao solo, o que no mínimo pode ser considerado uma conclusão muito parcial e limitada. Ele somente se esqueceu de levar em consideração as constituições quimicas dos talos e folhas onde os teores dessa duas substancias é bem pequena, já que durante o processo de maturação dos grãos ocorre uma migração dessas substancias para as sementes. Se ele tivesse analisado as raízes, os talos e as folhas, além dos grãos, ele teria constatado, o que hoje sabemos, que na planta toda, existe tanto Cálcio e Magnésio quanto Potássio e Sódio, e que o Fósforo fornece apenas 1/10 da soma dessas outras substâncias ( 6 ). Além disso, a quimica daquela época não permitia a avaliação dos micro nutrientes que foram totalmente negligenciados por Von Liebig.
Diante de todo o acima exposto, pergunta-se : Por que os agrônomos, fisiologistas vegetais, especialistas em solo e fertilidade de solo ainda se recusam a aceitar essa verdade ululante de que o Silício é um dos principais constituintes de qualquer planta variando de 1 até 10% ou até mesmo mais (3) ? Seria miopia acadêmica atávica, capricho ou simplesmente desinformação ?
O experimento agrícola químico iniciado por Justus von Liebig em 1840 e do qual ele por várias vezes tentou se arrepender, já que existem registros históricos e biográficos desses fatos, mas que foi impedido pela industria química que já então se beneficiava sobejamente das suas conclusões equivocadas, precisa acabar definitivamente e de uma vez por todas. A Humanidade já pagou um preço bem elevado por mais esse erro histórico.
Se as Rochas pudessem falar, elas diriam que a realidade não se explica nem por decretos e nem por instruções normativas. Diriam que, se esses senhores fossem, de fato, eruditos a ponto de justificar os seus multiplos títulos acadêmicos, saberiam que as civilizações humanas se desenvolveram ao redor dos pontos de pulverização de rochas e, no caso dos rios, às suas margens e em seus estuários ( 5 ).
O Vale do Rio Nilo no Egito, por exemplo, nos conta a história desse oásis de fertilidade com as suas sucessivas enchentes a cada 2 anos. As suas aguas provém de dois tributários, por um lado o Rio Nilo Branco que tem esse nome em função do seu alto teor de argila (pó de rocha paramagnetico, o verdadeiro “leite de pedra”) ricas em minerais e por outro pelo Rio Nilo Azul que provém do Lago Victoria na Etiópia, que sempre fornece um fluxo constante de matéria orgânica (diamagnetica). Infelizmente esse padrão foi interrompido depois da construção da Barragem de Assuam, o que somente comprova que se alguma coisa pode ser piorada o ser humano terá sempre essa capacidade.
Se as Rochas realmente pudessem falar, teriam sugerido incluir na tal Instrução Normativa o fato de que, no caso de pós de rocha, calcário e fosfatos naturais incluídos, mais do que os teores presentes e parâmetros inúteis como pH, etc…, o tamanho da partícula é o que seria mais importante, pois é esse aspecto que irá determinar a superfície de área do material a ser exposto tanto a intemperização quanto a ação dos microrganismos de solo que, em última analise, é a porção do solo que irá disponibilizar os minerais contidos nas rochas, mais do que os exudatos radiculares e outros fatôres.
Teriam dito que os Pós de Rocha funcionam sempre melhor se essa microbiologia de solo for incentivada pela adição de fontes de matéria orgânica, compostos ou pela inclusão de preparados microbiológicos como Compost Tea, E.M., Bacsol, PSB, etc… pois são eles quem irão solubiliza-las mais do que qualquer outro fatôr climático e ambiental.
Como também alertariam para o fato de que toda e qualquer ação que se contrapor a ação dos microrganismos de solo como o uso continuado de Cloreto de Potássio (também conhecido como Muriato de Potássio ) ( 8 ) bem como o uso de certos herbicidas como o Glifosato ( 9 ) são absolutamente incompatíveis com a eficiência de pós de rocha e com a microvida do solo. Eu creio até ser esse aspecto o que explica o fato do Pó de Rocha não ter funcionado algumas vezes, aliado é claro a granulometria grossa do produto.
Pessoalmente, acredito que a aplicação de Pós de Rocha finamente divididos em conjunto com Culturas de Cobertura devam também ser incentivadas pois temos experiência própria com essa técnica e posso dizer que se um solo tiver Fósforo Total elevado e Fósforo disponível baixo, as Culturas de Cobertura poderão operar um verdadeiro milagre com relação a solubilização do Fósforo imobilizado. Em um talhão de 1,5 ha da Fazenda São Lourenço em Elói Mendes, Minas Gerais, obtive um incremento em Fósforo resina de 20 ppm para 182 ppm, sendo o P Total de 604 ppm, em pouco mais de 90 dias e com regime de chuvas de moderado a fraco.
É preciso que seja dito que a riqueza e a segurança de um país reside no seu solo. É o solo que irá determinar a saúde do seu povo, via nutrição e minerais contidos em seus alimentos, e se as rochas, das quais o nosso solo deriva, pudessem realmente falar em sintonia com a voz dos nossos governantes a segurança da nossa nação estaria em outro nível. O Brasil hoje não é um pais soberano porque depende da importação de grandes quantidades de fertilizantes na sua grande maioria derivados do petróleo que é um produto da fotossintese pré-histórica.
Para finalizar, gostaria de parafrasear o Prof. William A Albrecht, quando disse : “Uma vez que as rochas determinam o nosso solo, e que os solos determinam a qualidade dos nossos alimentos, e que os alimentos de qualidade produzem corpos saudáveis, não seria um grande exercício de imaginação supor corpos saudáveis requeridos para sustentar mentes saudáveis e todo o resto dessa estrutura que repousam nos solos férteis” ( 5 ).
Somente uma nação soberana e com solos férteis poderá ser dona do seu destino e ter uma democracia forte que garanta aos seus cidadãos uma alimentação de qualidade simplesmente porque “um estômago vazio não reconhece nenhum tipo de lei” como já foi dito anteriormente.
A força e o poder do nosso país deveriam estar firmemente alicerçados nos nossos solos.
José Luiz M. Garcia
Instituto de Agricultura Biológica
29 de Junho de 2018
REFERÊNCIAS
- Viani, Rogério (2018) Informação Pessoal.
- Instrução Normativa No. 5 de 10 de Março de 2016.
Clique para acessar o in-5-de-10-3-16-remineralizadores-e-substratos-para-plantas.pdf
- Epstein, Emanuel (201 ) The Anomaly of Silicon in Plant Biology, Proc.Natl. Acad. Sci USA, vol. 91, pp.11-17, Jan. 1994
- Steiner, Rudolf (1924) Spiritual Foundations for the Renewal of Agriculture, Biodynamic Farming and Gardening association, Inc., KImberton, Pennsylvania, USA, 310 pgs.
- Albrecht, William A. ( 1954) Let Rock Their Silence Break, trabalho apresentado no 11o. Annual Meeting of the American Institute of Dental Medicine, Palm Springs, California, em The Albrecht Papers, Volume I, Foundation Concepts, Acres USA, 1975, 515 pgs.
- Harvey Lisle ( 1994 ) The Enlivened Rock Powders, Acres USA, Metairie, Louisiania, USA, 194 pgs.
- Munday, Pat ( 1955 ) Sturm und Dung: Justus von Liebig and the Chemistry of Agriculture.
Clique para acessar o 1995-11-02.pdf
- `Khan, S.A.; R.L. Mulvaney & T.R. Ellsworth ( 2013) The Potassium Paradox: Implications for Soil Fertility, Crop Production and Human Health, Renewable Agriculture and Food Systems, 29 (1) : 3-27.
- Garcia, J.L.M. ( 2017) Glifosato, Tudo o que você sempre quiz saber mas tinha receio de perguntar, Instituto de Agricultura Biológica,
https://institutodeagriculturabiologica.org/2017/01/19/glifosato/
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Obrigado!!! Coisas que não estão em nosso cotidiano, mas de grande valia a todos
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Obrigado.
Quem parece não ter gostado muito foi o pessoal da Embrapa.
Não deveriam, pois recebem o seu salário pagos com o nosso imposto e
portanto não estão acima do bem e do mal.
Devem satisfação aos contribuintes.
Jose Luiz
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Mais uma vez quero agradecer ao Srº Drº José Luiz, por este tema tão importante e essencial para que se de ao solo tudo aquilo que ele merece.
Venho sempre compartilhando as Vossas explanações técnicas ligadas a agricultura. Tem se mostrado muito preciosas, e mais ainda quando se aplicam na prática. Tenho conhecidos doutorados em Fitopatologia de plantas, e eles me acompanham aqui no sítio, bem de perto no manejo nutricional e biológico, eles dizem que tem que voltar pra faculdade de novo! Rsrsrs
Tenho desenvolvido pequenos trabalhos no cultivo de alimentos, e estes e outros conhecimentos que o Srº vem compartilhando, tem sido realmente muito precioso.
Gostaria de saber um pouco ou bastante mais sobre este tema : “” Pós de Rocha funcionam sempre melhor se essa microbiologia de solo for incentivada pela adição de fontes de matéria orgânica, compostos ou pela inclusão de preparados microbiológicos como Compost Tea, E.M., Bacsol, PSB, etc… pois são eles quem irão solubiliza-las mais do que qualquer outro fator climático e ambiental. “”
Se possível, me dê algumas dicas sobre este precioso assunto.
Muito agradecido por Vossa preciosa atenção Drº José Luiz.
Marcos Soares
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Caro Marcos,
Na verdade esse artigo foi uma singela homenagem ao Grupo de Agricultores de Mineiros, Goiás
liderados pelo colega Rogério Vian e que tem sido bastante ajudado na escolha dos seus pós de rocha pelo
Dr Éder de Souza Martins da Embrapa Cerrados, verdade seja dita. O Dr Éder Martins é um Geólogo de formação,
mas que junto a vários outros seus colegas estão entre os primeiros brasileiros a criticar, assim como eu, a falta de
soberania do nosso pais por importar cerca de 70% dos fertilizantes utilizados na agricultura brasileira
e tentar buscar fontes alternativas de insumos para nos livrar dessa dependência.
Só esse reconhecimento por parte do Status Quo científico, para mim. já é motivo de júbilo e alegria.
E quero aqui, de público, reconhecer o importante trabalho desse grupo. Existem arestas é claro, mas o mais
importante é que estamos trabalhando na mesma direção.
Dito isso, posso agora, então, responder a sua pergunta.
Esse grupo de Mineiros, GO, foi um dos primeiros a perceber na prática, o seguinte :
1. Os pós de rocha devem ser usados em quantidades ponderáveis. Alguns tem usado até 7 tons/ha.
2. O pó de rocha, assim como o Fosfato Natural e até mesmo o calcário, deve ter uma granulometria
fina para acelerar o processo de solubilização dessas rochas, também chamado de intemperismo.
3. Essa intemperização, dissolução, era mais rápida e eficiente quando se usava algum tipo de produtos
que continha microrganismos vivos. O que ficou bastante conhecido e foi bastante usado por eles
é o chamado BACSOL de uma empresa de São Paulo que usa uma tecnologia tipo caixa preta japonesa.
Afirma que contém 250 microrganismos mas não cita nomes, porém já foi suficientemente testado na prática
para que eu possa recomendá-lo. Outro é um outro concorrente deles ENZIMAC que produz o PSB
( de Phosphorus Solubilizing Bacteria) . E.M. vem de Efficient MIcroorganisms da Mokiti Okada e Korin.
E assim por diante, o solo tem que conter microrganismos para solubilizar os pós de rocha.
Compost Tea foi um conceito que eu introduzi em 1998 e consiste em fazer-se um extrato de composto
de qualidade ou de humus de minhoca agregado de alguns nutrientes como acidos humicos, kelp, melaço,
etc…
4. De nada adianta estimular a microbiologia do solo e depois “dar um tiro no pé” usando Glifosato que comprovadamente
mata diversos microrganismos benéficos como Trichoderma, Pseudomonas fluorescens, etc…
ou usar KCl que agrega níveis de cloro superiores aos usados em piscinas.
Portanto, esse mérito é todo deles e não meu. No próximo dias 20 a 22 de AGÔSTO de 2018 em Goiânia vão sediar o
II Fórum de Agricultura Sustentável – Um Novo Caminho que está sendo organizado pela Aprosoja de Goiás. Se puder
comparecer eu vou estar falando sobre a Saúde do Solo – Um Novo conceito de Fertilidade agrícola Sustentável.
Abraços
José Luiz
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Muito bom eu já estudo rochas em Mato Grosso a 10 anos, sou agricultor é pesquisador e conheço os benefícios do pó de rocha, estamos juntos.
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Obrigado.
Eu creio que esse artigo deixou claro que o principal motivo pelo qual os Pós de Rocha funcionam é
principalmente por causa do Silício e não pela riqueza de outros minerais, os quais também podem
contribuir mas nunca em função e na quantidade do silício presente.
Abs
Jose Luiz
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Boa noite, José Luiz, cheguei aqui justamente por ter recebido e achado muito interessante o programa do Fórum de Agricultura Sustentável, a qual me identifico com as linhas de pensamento.
Gostei muito do seu artigo e confesso saber muito pouco sobre o uso dos pós de rocha.
Estou lendo o livro “Um testamento agrícola” de Sir Albert Horward que trata de como a agricultura da Índia e do Oriente mantiveram a sua fertilidade do solo através dos séculos utilizando a matéria orgânica (húmus) contrastando com o uso incipiente dos adubos solúveis, publicado em 1943, onde descreve técnicas de compostagem que revolucionaram os cultivos de chá, café, algodão, milho, arroz e cana de açúcar na época. Ele também faz contraponto as “leis” de Liebig.
Pergunto, como podemos avaliar os teores de silício em nossos solos, pois nunca vi qualquer citação em analises de solos?
Estou em Bagé/RS, sou agrônomo formado pela “revolução verde” e estou vendo a rápida degradação dos nossos solos em função dos tais “pacotes tecnológicos” impostos por meia duzia de mega empresas que tem os agricultores como seus empregados bossalizados.
Obrigado e um abraço.
Athos Minotto Brendler
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Bom Dia Athos,
É sempre um prazer angariar leitores e amigos como você.
Essa nossa nova revolução vai ser assim mesmo. Um agricultor de cada vez.
É uma revolução baseada em idéias e conceitos novos que levam algum tempo para serem
reconhecidos e absorvidos.
A leitura desse livro do “Sir” Albert Howard é obrigatória para quem quer se inteirar melhor sobre
essa questão da importância do Composto, etc… se bem que hoje em dia damos preferência
a forma mais democrática de se espalhar essa microbiologia em grandes áreas que é por meio
do Compost Tea.
No Brasil, o teor de silício disponível na solução do solo pode ser avaliado pelo Prof Gaspar
Korndorfer, da Universidade Federal de Uberlândia.
Gaspar Henrique Korndorfer ghk@triang.com.br
Essa Universidade dispõe de um laboratório que supostamente executa esse tipo de analise.
Eu tentei entrar em contato com eles mas não tive muito sucesso. O padrão é tipo funcionalismo público.
No Brasil, todo esse trabalho sobre o uso de Pós de Rocha na Agricultura tem sido levado adiante e
estimulado, diga-se de passagem, não por agrônomos mas sim por geólogos.
Nada contra os geólogos, é bom que isso fique bem claro. Ponto.
O uso do Pó de Rochas como um Remineralizador de Solos é um trabalho louvável e eu credito a eles,
geólogos, todo esses trabalho de prospecção e popularização do uso agrícola.
O problema é que ao tentarem ajudar eles se travestem de agrônomos e é ai que coisa se complica.
Pois foram justamente os agrônomos (de)formados pelos seus respectivos “professores” de solo que
nos colocaram em toda essa bananosa da agricultura convencional suicida, cega e surda.
Como se não bastassem agrônomos mal treinados e (de)formados, que ainda
correm atrás de pH de solo para propor uma devida correção e outras sandices como tentar nutrir
a planta com NPK somente, agora temos também travestis de agrônomos que, por trabalharem para
órgãos oficiais, falam em nome desses e, ao assim fazer, emprestam uma maior credibilidade ao seus discursos
muitas das vezes equivocados, como por exemplo insistir nessa besteira de substituição pura e
simples de um determinado elemento de origem química pelo mesmo de origem geológica sem entrar no
mérito da questão de, se determinado elemento, está sendo usado de forma correta ou de forma excessiva.
Fora isso, serviram também como “padres” ao oficializarem um casamento de mais de duas décadas entre
os produtores mais progressistas e os pós de rocha. Antes tarde do que nunca.
No mais, esses mesmos geólogos tem feito um trabalho que será, algum dia, reconhecido pela sociedade
brasileira pelo tanto que ele representa em termos importância e contribuição para a nutrição do nosso povo.
Sds
José Luiz M Garcia
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Considerando que nas nossas aguas de pocos artesianos contem cloreto, qual seria o resultado nao toxico para os microorganismo. Aqui tenho pocos com 3-6 meq/l. ou as vezes mais.
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lamina 7mm/dia
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Dia 2/08/2018 estarao aqui em janauba para tocarmos experiencia e conhecer o processo, com Dr. Eder, e o Rogerio, aqui temos o maior projeto de irrigação da america latina , e temos uns 20000ha de bananas, das quias uns 5000 sao irrigadas com agua de poco, eu ja mudei, minhas adubacoes, ja usei 5t de po de rocha, em 2017, e por sinal, aparentemente ja melhorou, e sou adepto Steiner, agricultura biodinamica.
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Parabéns.
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Parabéns
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Boa tarde, muito obrigado pelas informações compartilhadas!
Uso pó de rocha no sítio aonde trabalho, e tenho gostado bastante do resultado, o que tenho usado é um diabasio, finamente moido, ele contem uma quantidade razoável de Sódio, e
em alguns casos as plantas podem usar o Sódio no lugar do Potássio, certo? Até que ponto isso é verdade e saudável pro solo e para a planta?
Muito obrigado
Um abraço
Fábio Ribeiro
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Boa Noite.
É verdade.
Se tivermos essa “subversão” no solo, isto é mais Sódio do que Potássio , teremos problemas.
O Sódio precisa estar abaixo de 1,5% da saturação de bases e sempre com valores inferiores, na
saturação de bases , aos do Potássio que deve sempre se situar entre 3 e 5% ou até mais para culturas
perenes.
Por isso, eu analiso sempre o Sódio. A grande vantagem é que ele é a base que se liga mais fracamente
as argilas do solo e se quisermos abaixa-lo é só entrar com Cálcio que ele “vaza” das argilas do solo na mesma hora.
Esse seria o remédio para os solos nordestinos mas eles raciocinam em termos de pH e por isso estão
no século passado em termos de fertilidade do solo.
Um pouco de Sódio, até 1,5% da saturação de bases, é benéfico. Ele “agrada” as bactérias que tem uma memória
ancestral da sua vida no mar.
Attn
José Luiz
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Bom dia!
Muito obrigado pelas respostas..
Entendi que o Si é o principal nutriente das rochas, mas uma dúvida que fiquei com relação ao pó de rocha é em relação ao alumínio, tenho aqui um pó de rocha com cerca de 7% de Al, pelo que andei lendo, o Si ocupa os sitios de adsorção do alumínio pelas raízes e dessa forma impede a toxidez causada pelo Al nas plantas, isso procede?
E algo que tem tirado meu sono também é a questão do Cálcio: a rocha que tenho aqui tem cerca de 4,50% de CaO, isso deve ser considerado no cálculo da calagem? Pois pela dose que estou usando aqui e pelo solo que tenho, esse Calcio da rocha já seria mais que suficiente pra neutralizar o Al já presente no solo.
Essa rocha também tem 0,04% de S, o que acaba dando uma quantidade boa de Enxofre no fim das contas, pois uso algumas toneladas de rocha por hectare, devo considerar esse S da rocha na adubação?
Só pra deixar claro: é um pó bem fino, 100mesh, e uso culturas de cobertura e adição de microorganismos.
Muitíssimo obrigado
Fábio Ribeiro.
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